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quinta-feira, 29 de dezembro de 2005

[desse novo jardim por nós bento]

É que, antes, meu coração era um antigo deserto. Hoje, com você tão perto, fez-se jardim o imenso lote áspero que vivia em mim. Adubaste a areia morta, jogaste água no chão que ardia meus calcanhares cansados e lentos, colocaste sementes no chão, e hoje já sentes, perfurando teus pés, esses brotos novos em folha, que te dão cócegas de sossego, te fazem lembrar do tempo de criança que adormece feliz, e prometem elevar-te a alturas improváveis, tu, passageiro da minha árvore que brota nessa terra agora negra e cheia de vida, tu, passageiro meu nessa viagem pelo jardim do nosso futuro - futuro bento por nós dois e nós dois por ele, bento.

terça-feira, 27 de dezembro de 2005

[virar a esquina]

Ontem fui a um velório. Velório de gente feliz é outra coisa. O pai morre e a filha, ainda de olhos vermelhos, porque apesar da alegria, a dor existe, solta bons humores, sorrisos verdadeiros. O pai, já defunto, sorri no caixão, parece não se importar com aquelas flores que devem coçar a pele da alma. A viúva, na hora dos pêsames, diz que está tudo bem, meu filho, e sua família, como está, vai fazer uma visita um dia desses, e continua o papo com as outras senhoras. Ouve-se um zum-zum-zum na sala, bate aquele vento frio e do lado de fora os homens resenham o dia. Eu, prostrado na porta da frente, vendo a cena, quase não acredito, mas a minha alma sim, porque ela sabe que a morte sequer existe, e insiste em dizer, Leo, o que vale é sorrir, você sabe que ele está bem, e tudo em breve estará no ritmo dos velhos passos, um dia será você, eu mesma é que não irei nunca. E me cochichou, com um sorriso-d’alma, bem baixinho, quase no mesmo tom do vento que soprava, que é preciso entregar-se a essa eternidade que não se vê com esses olhos que um dia viram pó, mas se sente no sorriso leve e quase encantado da viúva com o vestido cor azul-piscina, pronta para dar o breve adeus ao homem que povoou de sonhos a sua existência inteira.

domingo, 25 de dezembro de 2005

[vingança pelo fio]

Pessoal, vou ali e não demoro. Enquanto isso, fiquem com esse texto que recebi por e-mail, que é ótimo.

:::

Toca o celular.
- Alô- Alô, Senhor Guilherme?
- Sim
- Sr. Guilherme, aqui é da VIVO, estamos ligando para oferecer a promoção VIVO 1.382 minutos, onde o Sr. tem direito...
- Desculpe, mas quem está falando?
- Aqui é Rosicleide Judite, da VIVO, e estamos ligando...
- Rosicleide, me desculpe, mas para nossa segurança, gostaria deconferir alguns dados antes de continuar a conversa, pode ser?
- ... bem, pode.
- Vc trabalha em que área, na VIVO?
- Telemarketing Pró Ativo.
- Você tem número de matrícula na VIVO?
- Senhor, desculpe, mas não creio que essa informação seja necessária.
- Então terei que desligar, pois não posso ter segurança que falo com umafuncionária da VIVO.- Mas posso garantir...
- Além do mais, sempre sou obrigado a fornecer meus dados a umalegião de atendentes sempre que tento falar com a VIVO.
- Minha matrícula é 6696969.
- Só um momento enquanto verifico.
- ...(Dois minutos)
- Só mais um momento.
- ...(Cinco minutos)
- Senhor?
-Só mais um momento, por favor, nossos sistemas estão lentos hoje.
- Mas senhor...
- Pronto, Rosicleide, obrigado por haver aguardado. Qual o assunto?
- Aqui é da VIVO, estamos ligando para oferecer a promoção VIVO 1382 minutos, onde o Sr. tem direito a falar 1.300 minutos e ganha 82 minutos de graça, além de poder enviar 372 VIVO Torpedos totalmente grátis.O senhor está interessado, Sr. Guilherme?
- Rosicleide, vou ter que transferir você para a minha esposa, por que é ela que decide sobre alteração de planos de telefones celulares. Por favor, não desligue, pois essa ligação é muito importante para mim. Coloco o celular em frente ao aparelho de som, deixo a música Festa no Apê do Latino tocando no "Repeat" e vou para o bar tomar uma cervejinha...

sexta-feira, 23 de dezembro de 2005

[quase palpável]

Tem uma energia boa no ar.Uma energia poderosa, que revitaliza, traz novas experiências, abre o coração para ver o outro com mais sensibilidade.
Aproveite. Feche os olhos e sinta no ar essa vibração. Quem está aberto para o mundo que se renova a cada dia, a cada ano, quem crê, não só sente, mas vê diante de si novas e possíveis realidades.
Que nesse Natal todos nós façamos diferente.

Um beijo carinhoso em todos que estiveram por aqui.
(Imagens aqui.)

quinta-feira, 22 de dezembro de 2005

[o que diz o pássaro preso, ou texto para ser lido antes de aprisionar alguém]

"Ponho-me então aqui neste buraco, onde não posso ver mais esse céu azul aprisionado do lado de fora de mim mesmo, pois a minha coragem não me permite mais olhá-lo como algo que não mais posso ter. Prefiro a umidade das terras, às minhas próprias humildades que agora não dizem mais nada ao pássaro que sou hoje, diferente do que era ontem, orgulhoso dessas paisagens, dono dela, rei dos céus. Hoje, encravado na terra, durmo o sono profundo, somente acordado por estas mãos frias de meu dono, que insiste em querer-me tirar daqui deste lugar (para onde vou um dia definitivamente), para colocar-me dentro destas grades, onde definitivamente não quero mais estar."

[pro ano que vem]




Já é dia 30?

quarta-feira, 21 de dezembro de 2005

[I, juggler]



"A possibilidade de arriscar é que nos faz homens...", já disse um dia o poeta, e é por isso que às vezes é preciso abrir mão de uma realidade para abraçar um sonho.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2005

[cyberetiquetas]

Vem cá, sei que a Internet é ainda um meio relativamente novo, e a etiqueta de uso ainda está se firmando entre os usuários, portanto ainda é um meio onde podem rolar todos o tipos de micos e gafes. Bem, sendo assim, lanço a pergunta: é indiscrição, falta de educação, espionagem, mau gosto, bisbilhotice, ousadia, fuçar os scraps alheios no Orkut? Sei que todo mundo o faz, eu inclusive, mas é indiscrição? Eu sei que seria indiscrição ler e-mails alheios, pois há uma senha que lhe dá acesso, mas os scraps estão ali, às suas ordens. Mas, ao mesmo tempo, eles foram escritos para alguém que não é você ou eu, logo seria como escutar conversa alheia, certo? E ai, é indiscrição ou não? Ou será que os scraps na realidade funcionam como uma coisa que deveria ser privada mas não o é, propositalmente, como forma de anunciar, em uma esfera pseudo-privada o que na realidade se quer anunciar ao mundo? Me entendem? Assim: vou lá no seu Orkut e mando um recado para uma outra pessoa que com certeza vai ler... funciona assim, não? É... você deu essa risadinha de canto de boca... saquei tudo. Então ficamos assim: é privado, mas é para ser lido por todos. Contradições da modernidade.

[na sola]

A vida é assim: você ama uma pessoa de paixão, de graça, quer vê-la feliz, vê-la, digo, ver mesmo, ali à sua frente, feliz, chorando de alegria e coragem no dia do casamento. Ouve falar desse casamento quase todos os dias dos últimos dois anos, é a minha amiga que vai casar, vai ser em Aracaju, mas vale a viagem, vê-la sorrir nesse dia vale mais que tudo. Sábado me despenco para a rodoviária, pego o ônibus que me levaria para a capital sergipana, são mais de quatro horas pela Linha Verde e pela BR-101, depois chega à capital dos cajus e das araras, pega ônibus urbano lotado, chacoalha a cem por hora nas avenidas de Aracaju, tudo vale, a minha alma está imensa mesmo, é Raquel e Pedrinho que se casam hoje, não posso negar que minha boca já pede o champagne, mas também não nego que meu coração pede um abraço nos dois, lembro-me - chacoalhando a cem por hora no busú, comendo milho assado, segurando os corrimões de uma mão só e arriscando a minha vida - que o casamento, independente de religião, é uma grande celebração da vida, e já previa meus lindos amigos na capela, na lapela dele um cravo e no coração dela amor e coragem imensos, chego à orla, onde estaria o hotel, ando mais de dois quilômetros, o terno está dobrado na mochila, o sapato está lá também, um frio na barriga toda hora que verifico mentalmente se não esqueci algo. Faltou o cinto, mas o paletó cobre, ninguém há de notar. Ligo para os amigos, às sete aqui no hotel, daqui a gente se manda, me visto, não falta nada, só faltou o xampu, o hotel não tem, mas vai assim mesmo, tô lindo.

Chegamos ao hotel onde está a família do noivo que é daqui de Salvador, vamos em comboio para a igreja, o comboio desaparece, ficamos nós e o pai do noivo em desespero, não sabemos onde é a igreja. Liga para o celular, paga o deslocamento, mais um pouco de deslocamento no carro e chegamos a uma capela, vai na frente o pai do noivo, entra na igreja, eu e os amigos chegando, sinto uma coisa estranha no pé, o pai do noivo diz que não conhece ninguém na capela, eu digo ao meu amigo que a sola do meu sapato soltou inteira, há apenas cinco míseros centímetros ainda grudados ao sapato, pai do noivo desespera por conta da ausência do familiares na capela, eu suo feito cuscuz no paletó, morri na praia, meu sapato agora é um jacaré, que fazer, meu Deus, que fazer. Começo a andar como quem não tem a dobra dos joelhos, entramos no carro novamente, vamos atrás da capela verdadeira, eu sem sola de sapato, o pai do noivo sem a capela. Pego um táxi, vamos atrás de um sapateiro, de uma padaria onde vendam cola, um menino de rua viciado, qualquer coisa, o senhor tem uma tacha? O taxista pára em uma padaria, super-bonder no pé, acho que agüenta, já fiz isso três vezes na minha vida de taxista, não se preocupe, até as três da manhã você agüenta, agora não dance muito, porque com dança eu não garanto até tão tarde, ok, serviço de táxi a três reais e ainda garante a sola do sapato. Entro na igreja, ainda não acredito que a sola está grudada aos pés, problema resolvido, olhar de cumplicidade com os amigos, tá tudo bem, ele entra, ela entra, sozinha, corajosa, eu choro, o padre manda ficar de pé, eu sempre estive de pé, não ia perder um minuto sequer daquilo.
Festa linda, velas suspensas, muito verde, bolhinhas de champange me roçando a língua, Raquel e Pedrinho grudados no glacê do bolo, ninguém quis o bolo, nem eu, minha taça não esvazia nunca, milagre dos bufês, sola firme no pé até as três, exatamente como previu o profeta do táxi, três e dez, agora é curtir a sola de jacaré, já é a hora-bagaceira da festa e as mulheres já estão todas descalças mesmo, tá na hora de ir embora, tô tonto, vamos pro hotel, entrei no carro com menos de cinco centímetros de sola no pé, com o jacaré querendo me morder a batata da outra perna, chega o hotel, a sola cai, pego-a com as mãos, escondo debaixo do paletó, não quero que o recepcionista veja aquele vexame todo, ele só vê minha cara feliz, boa noite senhor, bom descanso, obrigado.
(fotos no Lambe-lambe)

quinta-feira, 15 de dezembro de 2005

[a cura]

Curar-se é compreender-se, ou o autoconhecimento gera a cura, ou conhece-te a ti mesmo (e encontrarás a cura), ou o processo de cura não pode prescindir do conhecimento de si mesmo, ou Deus se revela nas nossas imperfeições, ou sabendo-me, curo-me, ou colocando as peças do quebra-cabeça, limpo a paisagem que se forma.

A cura passa, necessariamente pelo processo de autocompreensão. É como se, juntando as peças de um imenso quebra-cabeças, finalmente nos víssemos e, dentro dessa perspectiva, finalmente pudéssemos nos alcançar por inteiro. Compreender-se, no entanto, é admitir-se, é pôr nas mãos a completude do entendimento de si mesmo. É compreensão e aceitação. É ver-se nu, com celulites e falhas e cicatrizes e medos à tona. É fratura exposta, nervo arrancado, sangue jorrando. É estar exausto de si e aceitar-se numa dimensão verdadeira, dolorosa, pois a verdade às vezes dói. Mas é a Verdade que salva. E salvar-se é curar-se por inteiro.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2005

[let me]

Deixe então que me circulem estas formas novas de amor que nunca senti antes, deixe que me apazigúem estes votos momentâneos de amor eterno, estas constelações de estrelas cadentes e esses olhos que piscam sem nunca se abrir inteiros para mim. Deixe que me façam essas torrentes juras de amor que não valem sequer pelo pobre português que dizem, mas que são tão valiosas pela possível mentira que elas representam. Deixe que me escorram estes suores que o vento seca em um segundo, e nem se prestam a deixar na pele um breve gosto salgado. Deixe-me sorver este mel viscoso, delicado, mel que se esvai na saliva, e nem deixa um aperitivo para essas famintas formigas que passam por aqui de quando em vez. Deixe-me viver o efêmero dessas passagens todas, dessas bobagens todas, feitas de vento, de onda, de rio. Deixe-me o benefício da pergunta sem porquês, da resposta em silêncio, do aguardente que cega o gosto da língua, do anestésico na boca, da languidez dessa dúvida. Deixe-me, pois rio, deixem-me, que aqui só, só por este vento em brisa, já estou bem.

[free, dom]

A bola voou dos pés de Ângelo direto para o viveiro dos periquitos australianos, causando um estrondo enorme, derrubando a gaiola e deixando abertas as portas da prisão. O pássaro que escolhesse ter a liberdade, naquele minuto, poderia apenas voar rumo a ela. Primeiro, porque não havia mais grades, e segundo porque o rebuliço causado pelo estrondo deixou os observadores ainda sem entender o que estava acontecendo, o que dava uma brecha para que os periquitos voassem rumo ao mundo-lá-de-fora.

Dois escolheram sair.

Algumas horas depois, ouço, enquanto tentava me concentrar nos estudos, barulhos de asas batendo em desarmonia. Era um deles, o branco, da cor da paz. Nos seus olhos, o pedido de prisão, prenda-me, que não sei mais ser livre, esse mundo aqui é grande demais para mim, coloque-me de novo na gaiola que de lá não saio mais. Aqui fora não há mais chances para mim.

Recolhi o pássaro com as mãos e o coloquei de volta na gaiola, lamentando por mim mesmo, lembrando-me o quanto de liberdade que ainda me resta, o quanto me aprisionaram até hoje, e o quanto eu me deixo aprisionar a cada instante. Lamentei pelo pássaro e seu vício pelo confinamento, lamentei o alimento que lhe dei no bico durante a vida inteira, negando-lhe a liberdade e o esforço de ir buscar o sustento, lamentei porque eu mesmo, meu Deus, tenho tantos vícios que me aprisionam, tantas máscaras que me impedem de ver o sol, tanto gesso que me impede de andar por mim mesmo. Lamentei por todos nós, que ainda temos vendas e precisamos andar guiados.

... era um periquitinho de asas brancas que vivia numa gaiola. Um belo dia, um estrondo nas suas grades o fez lembrar que era possível ser livre, mas o periquitinho sucumbiu à possibilidade de sê-lo e voltou, conformado, para dentro das grades de sua bem-quista prisão...

segunda-feira, 12 de dezembro de 2005

[metades da laranja?]

Não há almas gêmeas. O que há é um esforço imenso para manter-se em par, de mãos dadas e olhando, muitas vezes, em direções opostas. O que há é um que sorri dali e outro que chora de cá ou vice-versa. O que há é suor e amor abnegado, predisposição para negar-se até um certo ponto, de fingir-se até um certo ponto, de criar um personagem e esperar que um dia ele se torne real. Almas gêmeas são para as novelas, onde há um escritor todo poderoso e absoluto que escala um elenco e lhe dá as falas. As nossas fala, aqui no mundo de fora, nunca podem ser escritas nem sequer ensaiadas. Não deixo de acreditar no amor e na felicidade por não acreditar nas almas gêmeas. Muito pelo contrário. Nunca acreditei no que é fácil demais, e encontrar uma alma gêmea seria muito fácil. Dá a impressão de um todo pronto, acabado e arrematado. A única diferença entre uma mercadoria qualquer e uma alma gêmea seria o valor monetário que a última não possui, pois encontra-la-iamos, se existisse, de graça e ao acaso. Pois veja: existem almas afins, como essas nossas almas que se uniram e estão assim há séculos, mas só afins, que ninguém é pedaço de ninguém, e nem tão pouco somos seres que vagam na incompletude em busca da peça que, encaixando-se em nós, nos trará a felicidade eterna. Deixemos essas fábulas para os filmes e novelas. Vamos, sim, fazer valer esse amor que se tem nas mãos ou, para os que não têm, em breve chegará. Esse 'fazer valer' de que eu falo é trabalhar o aperto de uma mão na outra, os olhares que tantas vezes divergem, mas cujas diferenças são sempre o sal a mais para o crescimento mútuo.
Nada, nada mesmo se consegue sem esforços. Romance de graça – ou quase -, só mesmo na novela das seis.

sábado, 10 de dezembro de 2005

[rios de riso]

Rio rios de riso aqui, ali, lá mesmo, onde brotam os gritinhos abafados e as gargalhadas estridentes que dizem nada, apenas que sei mostrar ao mundo o quanto eu tenho andado com dor na barriga de tanto abrir os dentes. Tenho amigos especiais, com quem rio só de olhar, a mesa inteira séria e só nós dois rimos, porque o rio, digo o riso, é só nosso. Tenho amigos que rio pelo MSN mesmo, coloco um erre e um esse e sai um riso. Não um rio, mas uma gota de riso. Gargalhada virtual ainda não foi inventada. Riso eletrônico não é rio, é gota. Tem amigos com quem não rio, apenas só-rrio, esse rio que não é gota, mas fio de água tímido rumo ao mar. Com esses amigos não falta felicidade, é que nem sempre para estar feliz é preciso que a barriga doa de tanto se estremecer em risos. Há os amigos que você corre para contar uma piada. Riso em dupla é riso garantido. E há os amigos que você corre, conta a piada, mas não sai nem uma gota. Levei minha mãe para ver ‘A Bofetada’ e ela não riu nem uma gota. Entediou-se na poltrona, quase roncou. Esses risos minha mãe não ri. Há os risos que acordam gente, há os risos que incomodam, é que a alegria do riso arde de dor quem não está aberto para a vida. Um dia me disseram, e eu escrevi aqui, que minha felicidade incomodava. E digo mais, adoro incomodar. Quando me junto com Tom, então, somos o tom certo do incômodo sem fim, porque a gente ri do que ninguém mais ri. Aline é amiga para rir rios inteiros e, como Tom, é amiga para chorar rios inteiros também. Poucos são os amigos que combinam com você no riso e no choro. Aline, Tom e Neto são desses.

Tem gente que sai ‘pra dar umas risadas’. Tem gente que precisa beber para rir. Gente que ri de quem bebe, gente que não controla o riso, e tem gente que se controla só para não dar o braço a torcer. Tem gente que ao invés de abrir a janela abre um sorriso e ilumina o quarto. Tem gente que sorri sem os dentes, gente que usa o sorriso como arma, é só abrir os dentes e consegue um beijo. Tem casal que ri e beija, que beija e depois ri. Tem casal que solta gargalhadas depois do gozo, e tem cientista que diz que a gargalhada já é um gozo. Esses cientistas riem para reproduzir. Tem gente que ri sem fazer barulho e tem amigo sensível que sabe do riso, lá do outro lado da linha, mesmo sem ouvir o estalar dos dentes. Tem criança que vive rindo. Meu amigo Hoffes já tem um sorriso desenhado na cara. Tem gente que ri de si mesmo, e se dá a resposta com leveza. Tem gente que não ri de nada, e enche a vida de interrogações. Minha prima Dodô chegou aos 60 sem uma ruga na cara. Ela ria sem gestos. Medo dos pés-de-galinha.
Tem gente com mil rugas bem vividas, mas que em compensação nunca evitou um sorriso.
Tem eu, tem você e sempre vai ter, graças a Deus, um vizinho invadindo a noite e tirando o nosso sono com uma gargalhada estridente. Sempre haverá um sorriso-fafá-de-belém, sempre haverá o smiley, a amiga que cai da cadeira de tanto rir, o amigo que nunca ri porque não entende a piada, o amigo que ri sozinho, o contágio. Vai ter sempre um dentista às suas ordens, pode ter certeza. Matéria-prima para o riso, eu creio, nunca vai faltar.

[pequeno concerto do tempo que passa (os dedos nas cordas do violino)]

O tempo passa. Obviamente, o tempo, assim como o vento, passa. Mesmo que peçamos que não, que seguremos os minutos, que cubramos os ouvidos para que não cheguem até eles o eterno tic-tac, o tempo passa. Passa mesmo que diga que sim, e se pedimos que passe logo, por favor, que não agüento mais a dor, mesmo assim ele só passa. Na lentidão de sempre, nessa vontade eterna de se movimentar, o tempo passa sempre assim: em segundos, minutos e depois em horas, dias, meses, anos e séculos. Milimetricamente calculado, eternamente nos mesmos goles, ele p a s s a ... Ignora ele os pedidos de que fique ou de que se vá em breve e passa, nos passa, nos repassa a limpo e nunca se vai, apesar de passar a eternidade no momento eterno da sua própria, onipotente e sempre presente e depois ausente passagem.
:::
Há muito devo esse agradecimento ao cara querido do Generic Words que um dia me inspirou a colocar imagens em meus posts e sempre tem uma indicação muito legal de imagens na net. Como ele é politicamente correto e sempre coloca a referência ( o que eu nem sou nem faço), não resisto e sempre roubo uma ou outra imagem que ele indica. Dessa vez, dou a referência dessa linda imagem que ilustra esse post.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2005

[a muda antonia]

Quem acompanha este blog se lembra do dia que a minha faxineira sumiu. Digo ainda que desde aquela época ela nunca mais voltou. Passei um tempo fazendo, eu mesmo, a faxina do meu quarto e depois apareceu uma outra, com a qual estou até hoje. O nome dela é Antônia. Me impressionou desde o primeiro momento por ser robusta, energia boa, disposta. Quis logo levar dois dos meus edredons para lavar em casa, Gosto de trabalhar pesado, dizia ela, Mas Antônia, por favor, leve pelo menos o sabão em pó, Que nada seu Leo, isso é besteira*. Levou uma vez apenas. Não deixei mais, por achar injusto. Bem, mas não é sobre a generosidade de Antonia que me ponho a escrever essas linhas, nem tão pouco porque Antonia tenha sumido. Algo sumiu, e este é o motivo deste texto, e esse algo foi a voz de Antonia.

Antonia calou-se quase que por completo. Há um fio de voz apenas, com o qual ela se comunica com quem está a um metro de distância. Se estiver mais longe, Antonia abusa dos gestuais, dos ‘psius’ e dos assovios. Desde que ela ficou afônica – por conta de hipertireioidismo – nunca tinha passado uma sexta inteira com ela acompanhando a faxina. Hoje aconteceu, tive de ficar em casa para preparar uma festa para o pessoal da escola onde ensino, que vai acontecer aqui. Pois bem, logo de manhã estava sentado ao computador e Antonia despencou escada abaixo, com todas as roupas da semana passada que haviam secado. A escada é muito íngreme e ela não se dispôs a dar duas viagens, de maneira que formou uma montanha de roupas que lhe impedia a visão. Não se ouviu um grito sequer, apenas um barulho de gente que despenca da escada. Preocupado, perguntei se estava tudo bem e ela, com gestos, disse que sim.

Mais tarde, enquanto lavávamos o pátio, notei que Antonia havia desaparecido. Procurei, procurei, procurei, para só depois de alguns minutos notar que ela estava trancada do lado de fora do portão da casa, mas eu, distraído, jamais imaginei que era ela lá fora me implorando que abrisse o portão. O silêncio de Antonia custou-lhe um exílio de minutos, sob o sol das três, e uma culpa minha aqui dentro.

Disse a ela que quando fosse encerar o pátio me chamasse. Tranquei-me no quarto e esqueci de Antonia, de sua voz muda que me gritava em desespero, outra vez apelando para vários assovios e ‘psius’ que meus ouvidos não captaram. Mais uma vez, a culpa. E só lembrei-me do pátio quando ouvi a vassoura de Antonia. Mais poderosa que a sua voz.

Não sei se depois de hoje Antonia ainda vai me querer como parceiro de atividades domésticas, vai achar melhor fazer tudo sozinha mesmo, mas eu não tenho porque não querer Antonia por perto: silenciosa, me lembra de uma empregada de um conto de Clarice, que era mineira e nunca dizia nada. Antonia, pelo menos enquanto estiver muda – o que eu torço, para o bem dela, que não dure muito – será a melhor das faxineiras. Um túmulo, por assim dizer.
* com a licença de Saramago.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2005

[procon estendido (e quem sabe entendido)]

Já me disseram uma vez, e acredito, que o encontro entre duas pessoas e o relacionamento entre elas tem um prazo de validade. Prazo muitas vezes durável por uma encarnação inteira, muitas outras efêmero como um olhar. Mas todas as relações, sem exceção, têm um prazo de validade, e ainda digo que este prazo se expira no momento exato em que estas almas conseguem atingir um certo patamar evolutivo, através da troca que realizam entre si. Não se expira o amor que as uniu, expiram-se os papéis que um dia assumiram, e que agora se revezam em outros papéis mais significativos e úteis no momento. Há sempre o que dar e há sempre o que receber, e sempre haverá. Não te encontrei a toa, tenho muito o que entender por este teu olhar cheio de expressões que rodeiam a tua pupila, tenho muito que aprender com essa estranha forma de gritar o mundo que tens quando lanças essa voz em vibração, ecoando nos meus ouvidos tuas palavras enraivecidas, não pelo que fiz, te disse ou pensei de ti, mas pelo que te fez o mundo , essa voz que é o disfarce último do teu (do nosso) medo da vida. Tu também tens muito o que aprender com essa calma disfarçada em mim, essa vontade louca de pular cercas de arames farpados e me ferir inteiro, deixando rastros do meu sangue pelo caminho onde cruzam os meus pés. Ainda tens muito o que aprender sobre esse resto inteiro de mim que dizes, jocoso, que deveria ir para o lixo, mas que sei que queres mesmo é ver alojado nas tuas partes afins. De um lado ponho areia no teu pote. Tu, daí, pões areia no meu. Quando o nível se igualar, daqui a um ano, um mês, quiçá um século, diremos adeus um ao outro, ainda sem entender exatamente as razões da separação, mas com cargas isonômicas e alegrias iguais alojadas, febris, no peito.
:::
Às vezes é preciso arriscar, fingir-se de cego, fazer vistas grossas, fingir que não se ouve nem se vê, pois o controle excessivo por si mesmo, pelo outro e pelas circunstâncias que nos cercam podem limitar a nossa existência. Não se pode provar uma fruta se não se crê na semente que apodrece, não se pode dormir para acordar amanhã se não há uma fé que nos dá o sono bom, não há como ganhar se não se arrisca a perda, não há vida fluindo se não há fé. Fé no outro, no melhor do outro, mesmo que esse outro se disfarce em ironias e gestos secos, mesmo que esse outro se esconda na carapuça do medo, mesmo que esse outro mostre, na capa, o perigo. Mesmo com tudo isso, é preciso arriscar, mas apenas se é possível ver um olhar que denota um fundo falso, onde se esconde um amor repreendido - quase arrependido de um medo de mostrar-se inteiro - disfarçado em risos soltos. É preciso acreditar em nós mesmos e no outro, pois é assim que investimos na nossa própria capacidade e possibilidade de amar. Fé e amor andam juntos.
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Fotos novas no Lambe-lambe

terça-feira, 6 de dezembro de 2005

[365]

Foi nesses mesmos dias do ano que passou que surgiu uma paixão que me fez cruzar fronteiras, foi nesses mesmos dias do ano que passou que eu retornei à casa do pai, literalmente, foi nesses mesmos dias, quando dezembro era ainda uma criança, que eu, mais velho do que nunca, enchia de rugas o rosto à procura de um canto para morar e um canto para cantar. Foi nesses mesmos dias que eu encaixotei a minha vida e depois desencaixotei o que de fato me servia e pus nas estantes, a olhos vistos – nesses dias descobri o quanto carrego de inutilidades, que até hoje, empoeiradas, não me fazem falta alguma -, foi nesses mesmos dias que meu outro amor ainda era um contato quase virtual, foi nesses mesmos dias que escreveram lá em cima que o cruzar fronteiras teria um fim próximo, mas que viriam outras fronteiras que não seriam cruzadas até o fim dos tempos. Foi nesses mesmos dias que dei o primeiro passo ao me reconhecer em padrões repetitivos e comecei a ver a mim mesmo nesse espelho contundente à minha frente. O ano já passou e vejo, nas fotos do Natal do ano passado, a mesma criança que sorri, o mesmo brilho das ruas, a mesma carapaça e o mesmo velho sonho. Foi nesses mesmos dias que minha mãe me abraçou de volta, que eu fiz planos de vencer, que eu me desliguei do mundo em um paraíso distante, e hoje, nesses mesmos dias que nunca foram ainda pisados, nessa marca quase que sagrada da completude de um ciclo, reabro-me em um calendário novo de mais trezentos e sessenta e cinco dias, certo de que ainda falta muito, mas muito mesmo, para que esses velhos-novos dias de hoje se repitam e se refaçam na data que escrevo ali em cima.
:::
(bem na foto: eu, há quase 365 dias, ainda de cachinhos, na Praça Nossa Sra. da Luz, Pituba, e Pelourinho, Salvador-BA)

segunda-feira, 5 de dezembro de 2005

[de como creio]

Não acredito em você, não acredito nessa muralha nem nessas flores à minha frente, não acredito em suas palavras velhas e verdadeiras, não acredito nisso que vejo, nem tão pouco nisso que não vejo, não acredito nessa luz, nesse céu, nesse mar monstruoso, não acredito em amor à primeira vista, só acredito nisso que me faz feliz e que faz o meu coração bater como em doença de taquicardia, das mais sérias, que podem causar infartos fulminantes a cada minuto, a cada instante (só acredito na morte se ela me permite ressurreições espontâneas a cada minuto que me desfaço). Só acredito se de meus olhos flamejam uma verdade que é mina de ouro, que vem só de mim mesmo e que me constrói em muros fortes uma parede de cristal, por onde vejo crianças que eu fui brincando em desespero porque o sol já vai caindo e é hora de tomar banho e agora só amanhã. Acredito somente no que me faz espernear e dizer, mamãe, deixa eu brincar mais um pouco, sem sol mesmo, porque a minha paixão é tanta. Só acredito se tenho vontade de arriscar-me nos perigos do mundo: beijo em estacionamento, desliga a máquina e desce na banguela, arranca e leva todos os meus dentes. E até em mim só creio mesmo quando me olho no espelho e vejo os olhos que me amam em reflexos de clareza. É que até a mim mesmo só resta a crença provada pelos sentidos todos.

Só acredito em mim, quando estou triste e olho-me no espelho e me vejo sorrindo.
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(nessas flores lindas pintadas por Diego Rivera eu acredito)

[apresse a prece]

É nessa força que vem de dentro que encontro as respostas para as perguntas que eu mesmo me faço. É nessa força que vem de dentro que me resguardo dos irmãos que pecam, como eu, que maldizem, como eu, que se esqueceram de si mesmos, como eu, e que de serem tão iguais a mim, eu lhes amos tanto, por amar tanto a mim mesmo, eu lhes amo de amor-próprio, amo com esse amor que quero para mim. E agora, nessa hora de dúvidas, quando sei que só resta entregar-Te os pensamentos e as interrogações, digo a Ti, em voz branda e suave, que por favor nos perdoe, porque não sabemos o que fazemos, o que dizemos nem para onde estamos indo.

domingo, 4 de dezembro de 2005

[trovejos]

"...e do alto surgiu, num manto de luz, a Rainha dos Mundos, a mãe de todos nós."

Rapidamente escureceu aquele dia em que a luz se fez tão presente. Nos olhos da moça se via agora apenas um resquício do brilho de um dia de verão. As nuvens cobriam a cidade e de dentro delas podiam-se ouvir os desejos, os trovões, os sussuros da tempestade. Abriu a mão como que vai agarrar uma bola que foi arremessada à distância, e esperou com elas abertas pela tempestade que traria uma explicação concreta para aquela escuridão súbita. Sentou-se no chão, ainda com a palma da mão direita voltada para o cinza escuro que lhe cobria a cabeça. Não sentia mais nada. Estava transbordando de esperança e, na espera da chuva que iria cair, pôde debruçar-se sobre seus sonhos. E, enquanto esperava, sentia uma brisa que era o prenúncio da tempestade; fechou os olhos com mais força ainda, como criança que finge estar dormindo, aguçando os seus outros sentidos. Era como se visse o cheiro, ouvisse o leve frescor da brisa, sentisse nos ouvidos o gosto de terra que aguarda um banho. Seus sentidos se confundiam, como se confundem num gozo. Ela amava a chuva; os dias de chuva eram para ela era como aconchego de colo de mãe, volta ao primeiro dia no berço, conforto de criança de manta branca cobrindo-lhe o corpo inteiro.A chuva, de tímida, finalmente tornou-se uma senhora quase enraivecida, porque os pingos começavam a cair com a força desesperadora de uma tempestade, que ao tocar não só a mão, mas os outros geradores de sentido da moça, lhe afagavam com força de homem no cio o corpo inteiro. Abriu os braços, recostou-se na grama, agora úmida e macia como um colchão d'água. Abriu a boca insanamente, respirou a chuva, catou cada gota e sentiu-se abençoada por aquela água que vinha dos céus. Num gesto sagrado, engoliu a santa chuva, sentiu-se abençoada, virou os braços, pegou um espelho. Nele ela via um corpo molhado, cabelos escorridos, pingos que insistiam em não cair. E, de dentro dos olhos, um novo brilho, um sossego de tempestade interna, uma benção de nuvem carregada de vida. E a moça pegou nas suas mãos o seu vestido vermelho, fez dele o seu recosto e, num grito de liberdade, alardeou aos quatro mundos o seu gesto trovejante. Ela era agora a Rainha que veste rubro, nos seus olhos molhados viam-se duas espadas. E era aquele o dia, e agora ela entendia tudo, porque naquele quatro de dezembro reinava a Senhora das Tempestades, a Senhora que veste vermelho e que, num trovejo, muda o mundo.

Hoje comemora-se o dia de 'Santa Bárbara', ou 'Iansã', no candomblé. Essa é a minha homenagem à força que emana desta Senhora.
(post originalmente publicado em 04/12/2004)
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UPDATE: É claro que hoje não poderia deixar de ser um dia de chuva aqui em Salvador.

sábado, 3 de dezembro de 2005

[manual]

Então me dizes que não sabes ainda qual é o protocolo do amor. Digo-te que protocolos mesmo não há, basta querer estar, querer ser, querer fazer. O protocolo, se é que existe, só pode ser mesmo ditado em voz baixa , no tom que repousa em paz no fundo da alma, pelo coração. Não há regras, nem posso te dar manuais escritos de como amar, porque não seria capaz de aprisionar em protocolos extensos e invariáveis esse pássaro liberto que é o bem-querer. Pois bem, se queres, te digo na prática como se realiza esse desejo quase misterioso do amar. Sabes a sensação da sede, da fome, sabes de todas aquelas vontades inexplicáveis, que te cobram um movimento espontâneo, não-protocolar, gracioso, sincero e todo inteiro em sua direção? Sabes daquele pássaro que voa mil léguas para buscar o calor dos trópicos, daquela baleia que vaga pelos oceanos sonhando com águas quentes? Pois para eles e para essas vontades tão prementes em nós não há protocolos, regras, razões. É mais uma força que vem de dentro, um pedido de ti para ti mesmo. Um pedido tão sincero e tão destituído de formalidades, que simplesmente - como em um desses nossos vôos noturnos que fazemos nos sonhos que nos sonham todas as noites - acontece.
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Olha como eu tô podendo... é só ir , visitar, e votar a partir do dia 4.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2005

[tô que tô]


Olha como eu tô podendo... é só ir , visitar, e votar a partir do dia 3.

"Através de voto espontâneo em meu blog, o Diário Evolutivo recebeu 3 indicações ao Prêmio Spoiler 2006: Melhor edição de imagem e som, melhor conceito criativo e melhor conceito filosófico! Parabéns Leo Costa!"
(Marfil, do blog Spoiler)