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segunda-feira, 28 de fevereiro de 2005

Amor e Dor


Parece que ser humano só funciona a dor. O menos indicado, mas mais usado combustível. Nunca minha família esteve tão unida quanto no evento em que minha vó se foi, ou nesses dias em que meu tio encontra-se na UTI de um hospital. Somos unidos em situações normais sim, mas essas situações de dor e perda tendem a unir ainda mais. Uma dádiva que essas situações nos concedem. E mais uma vez a gente 'escolhe' se amar mais através da dor, a gente 'escolhe' estar mais juntos por causa do sofrimento. Seria mais fácil o outro caminho: o do Amor. Mas aí já é outra história e isso dá um caldeirão de posts.

***
- Quem é a mãe do Sr. Fulano de tal? Seu filho já pode te ver.

- Sou eu - a senhora respondeu com lágrimas nos olhos, e dirigiu-se à sala da UTI, onde estava seu filho.

Eu estava ao lado daquela senhora e, quando fitei seus olhos, não pude deixar de ver a minha vó ali. Não sei explicar, mas era um 'ver' pelos olhos do coração. Minha vó estava ali sim, representada na dor de uma mãe que vê o filho num quase-partir. Ela se levantou, buscando força nesse amor que só mãe tem. Passaram-se vinte minutos e eu só via aquele olhar na minha tela mental. Era a minha vó ali, eu sabia.

Mais vinte minutos se passaram e a senhora volta, já com um sorriso nos olhos, diferente, ávida talvez por olhar o céu azul lá fora de uma forma que, suponho eu, ela não via há algum tempo. Voltei à cadeira. Fitando as outras pessoas que esperavam na ante-sala, virei-me em direção ao dia lindo que fazia naquela tarde de sol. E o engraçado era que o azul que sempre cobriu os dias da minha infância continuava lá. Inabalável.

***

(e é pelo amor que se destrói aquela sina de sofrer por tudo, porque o amor faz rever os pássaros azuis e aqueles não tão mais coloridos, faz relembrar de tempos de inocência, faz segurar cata-ventos e dormir olhando a lua. O amor torna as coisas mais simples, torna o grito um gesto, suor de noite agitada em sonho bom, doença em dádiva, cansaço em satisfação, negro em arco-íris, seca em mergulho em águas azuis. E não falo aqui daquele amor dos amantes ridículos e patéticos que somos quando a alma-gêmea se aproxima, mas daquele que temos pelo inverso do que somos.)

sábado, 26 de fevereiro de 2005

Nariz vermelho


"O sofrimento começa quando você classifica ou rotula uma situação como indesejável ou má. Você se ofende com alguma situação e essa ofensa desperta um ego que reage."

(Eckhart Tolle, in O poder do Silêncio)

Ontem participei, inclusive como palestrante, do 11º UEC In Service Worshop - para quem não sabe, o UEC é a escola onde ensino inglês. Falei um pouco sobre adaptação de atividades do livro texto em sala de aula e tive a belíssima oportunidade de discutir sobre 'escrita', o tema da minha dissertação de mestrado.

É muito bom rever os colegas de novo, é muito bom ter a chance de discutir fatos relacionados à minha área de trabalho com pessoas que compartilham a mesma rotina e os mesmos hábitos que eu. E, acima de tudo, é delicioso sentir que a gente faz o que gosta, que somos bons no que fazemos e melhor: nos resta ainda muuuuito o que aprender. Isso tudo dá aquela sensação maravilhosa de caminhos por traçar, sonhos por desenhar, coisas a descobrir. O que é uma vida profissional sem isso?

***

Participei do evento mesmo estando dodói. Nada muito sério: uma gripe forte e um pouco de febre. Já devo começar a ficar bom em breve. E estar doente é uma oportunidade de notar o quanto é bom estar saudável. Nesse mundo da relatividade em que, infelizmente, ainda precisamos sentir o contrário do estar bem para aprender a valorizar e a agradecer a saúde que temos em abundância, este estado passageiro em que me encontro é, com certeza, uma belíssima oportunidade que a Vida está me dando para agradecer a saúde que é farta em mim. Outra bela oportunidade também para pensar nos meus hábitos, como eu venho cuidando do meu corpo e, principalmente, da minha mente.

Cada vez entendo e aceito mais a verdade de que a nossa saúde física está diretamente conectada à nossa saúde mental. Não é que essa febre que me assola seja um indício de que estou ficando louco ou que estou tendo surtos psicóticos - muitas vezes essas inconstâncias estão arraigadas em um nível inconsciente. Ela é apenas um alerta com relação a um rumo novo que devo tomar; ou talvez até, ela própria, a forma que a vida me ofereceu para parar um pouco e me centrar mais em mim. Diante de tamanha benção e oportunidade, só me resta agradecer. Isso mesmo: agradecer por esse nariz vermelho e essa pele quentinha.

(Fechei hoje os olhos e vi meus monstros sutilmente desaparecerem na minha frente. Entendi que monstros que assolam pensamentos na realidade não podem durar muito: são apenas monstros, e monstros não existem, a não ser no imaginário de crianças como nós, que atrapalhamos essência com faz-de-conta, monstros de fumaça com verdade de concreto, riso de bruxa com riso de felicidade. Hoje tenho observado meus monstros daqui de longe e posso garantir que o Tempo tem cuidado deles com um descuido tamanho que eles acabam por desistir, já não tendo mais a quem assustar. É... devo estar crescendo. Fechei o livro de monstros para só depois notar que ele era feito de vapor e tão volátil como fumaça que sai de caldeirão de bruxa.)

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2005

Ângulos de Ângelo


"Vovó, o cotovelo da minha perna tá doendo demais"

(Meu sobrinho Ângelo - na foto - reclamando de uma dor no joelho e dando uma aula de anatomia pra qualquer médico.)

Desde que li a coleção de livros Conversando com Deus, tenho pensado muito no que seria educar de forma ideal uma criança. E eu acho que criança tem de ser tratada de igual pra igual, e quando falo isso eu quero dizer que criança tem de ser ouvida. Com criança se dialoga também. Com criança se contra-argumenta, com criança se diz não só "você está errado" como também "errei".

Ontem eu fiz com ele os deveres de casa. (Lembro que há tempos atrás eu ajudava meu irmão caçula com uma impaciência do tamanho do mundo. Hoje talvez esteja mais maduro, ou talvez até Ângelo seja mais esperto, mas o fato é que eu consegui ensinar tudinho sem perder a cabeça.) Ele invocou com a forma como o nome dele é escrito. Para ele, Ângelo Miguel não devia ter o u depois do g, afinal ele não pronuncia o u. Certíssimo.

- Ângelo, coloque o u depois do g.
- Mas Dindo, não tem u não. Eu digo Migél e não Miguuuuuuel!
- Eu sei, Dindo - eu também chamo ele assim -, mas é desse jeito. A gente fala de uma forma e escreve de outra.
- Mas eu quero assim.
- Dindo, nem tudo pode ser do jeito que você quer. Tem coisas que são do jeito que elas têm de ser e acabou.

Ele me olhou com uma cara de um-dia-vou-fazer-do-jeito-que-eu-quero-e-acabou e colocou o bendito e inútil u no nome. Me obedeceu, depois de uma conversa que envolveu argumentos inteligentes da parte dele e não tão inteligentes da minha parte. Apesar de ter claramente vencido a discussão, infelizmente teve de baixar a cabeça e engolir o sapo ali representado numa letrinha que ele tem de escrever, mas nunca pensou que existia no papel. E meu sobrinho, com 6 aninhos, já tem de engolir sapos. É assim a vida, fazer o quê?

***

Outro dia ele estava fazendo um exercício no qual pedia-se que ele desenhasse um cameleão da cor que ele quisesse. Vendo ele fazer o exercício, observei que ele fazia o camaleão com o mesmo lápis cor grafite comum com que ele fizera os outros exercícios de escrever. Achando que ele estava com preguiça e que deveria fazer um camaleão mais lustroso, colorido, disse:

- Dindo, deixa de preguiça e vai pegar seu lápis-de-cor para fazer um camaleão colorido.

- Eu não Dindo. Camaleão vive mudando de cor, e como esse está sentado numa pedra cinza, ele ficou dessa cor.

Calei. Mais uma vez, Ângelo estava certíssimo.

***

Sei que tem tios por aí que achariam que em diálogos como esses que eu tive com Ângelo, ele estaria me 'respondendo' ou 'desrespeitando' o que falo. Esses com certeza nem dialogariam, pegariam o lápis e acrescentariam o u lá depois do g sem muito papo (acreditem pois tem gente que faz isso mesmo). Ou desprezariam o inteligentíssimo argumento de que camaleão muda de cor sim e pode ser cinza, exatamente como a grafite do lápis. Criança tem todo o direito de argumentar mesmo e eu tenho, dentro da medida do possível, de tratá-lo com sensatez, contra-argumentando e fazendo-o sentir que a palavra dele tem força sim - logo ele pensa e é inteligente - e que, acima de tudo, tem alguém para ouvi-lo. Nem sempre apoiando, é verdade, mas sempre ao lado, cooperando e sendo justo.

***

Quem é leitor assíduo aqui sabe que minha mãe tem uma escola. Ângelo é aluno dessa escola, aliás como eu e meus irmãos fomos um dia.

Chego no pátio da escola e ele está em pé em uma das pilastras sujando a parede recém-pintada.

- Desça Ângelo. Não está vendo que a parede foi pintada não tem nem uma semana e que você ta sujando tudo? - disse, num tom de voz calmo, só pra ele ouvir.
- Mas Dindo, já tá sujo mesmo. Todo mundo sobe aqui. (indefectível, mais uma vez)
- Mas não é porque sobem que você tem de subir não. Você tem de ajudar a manter a escola onde você estuda limpa. Ao invés disso, converse com seus coleguinhas sobre isso. A responsabilidade em manter a escola limpa é de vocês.

Mais uma vez me olhou com aquela cara de um-dia-vou-fazer-do-jeito-que-eu-quero-e-acabou, mas obedeceu. Sei que se eu virar as costas ele sobe de novo. Coisas de criança. Mas como na realidade eu estou pouco me lixando pra parede, o que importa mesmo é o diálogo honesto que tivemos. Isso é o que vale.

Eu acredito que é assim que surgem adultos sadios, dispostos a mudar o mundo - ou aceitar o que não pode ser mudado -, mas acima de tudo adultos que argumentam e discutem os fatos da vida. Quero Ângelo me 'respondendo' sempre. Mesmo porque eu nem sempre tenho de estar certo e sei que ele pode me ensinar muitas coisas, principalmente lições sobre ingenuidade e beleza das coisas. Detalhes que depois de adulto a gente insiste em esquecer. Por isso é bom ter crianças por perto: elas nos ajudam a relembrar que a vida pode ser simples assim. Basta a gente ver por um ângulo diferente.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2005

A altura dos meus olhos


E fico aqui lembrando dos dias em que eu via o mundo da perspectiva de meu sobrinho Ângelo. Meus olhos alcançavam as pessoas pela cintura, tinha de levantar o pescoço para ver-lhes o rosto e o mundo era de um azul tão lindo que eu nem lembrava que ia crescer um dia. Comecei a ver - sem ter de levantar os olhos - os umbigos, os seios e, num movimento ascendente, os pescoços, as bocas, os olhos (admito que essa foi uma fase difícil em que aprendi muito), as testas... e quanto menos precisava erguer o pescoço para ver as pessoas de frente, eu notava que para ser grande e ver o mundo do alto paga-se um preço enorme. Muitas vezes baixei os meus olhos para evitar outros dois que me miravam numa linha duramente horizontal, muitas vezes fitei os meus umbigos em busca de suporte, muitas vezes subi em pilastras para assustar com meu tamanho fictício o mundo que tentava me deter. Só depois de atingir alturas fora da média e passar a ver muitos cocorutos daqui do alto passei a ter outras lições da vida e hoje, confesso, não sei quantas vezes tenho de me acocorar e olhar nos olhos de uma criança e dizer que eu cresci, eu sei, mas confesso que de joelhos ainda me sinto mais protegido.

(na foto, eu, painho e mainha)

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2005

O que quero


Quero teu corpo e o que exala de ti. Te quero para os melhores e piores dias. Te quero no amanhacer e no pôr de sol. Te quero como salvação nos meus dias de tédio, sem brisa, sem luz intensa .Quero teu reflexo no meu espelho. De cara de sono, de cara suja, de cara lisa, não importa. Só sei que eu quero teu semblante marcado na luz que dali irradia. Te quero descendo aquela escada íngreme, e eu, zeloso, temendo a tua queda. Quero teu cheiro impregnado na minha cama, e de dentro do teu sono quero ver as faíscas dos meus olhos. Quero acordar e dormir na tua presença, quero me exaurir de ti só pra depois te pedir mais e mais. Quero a tua luz pra formar um clarão incandescente com a minha. Quero ser teu porto de parada, teu abrigo, tua xícara de café quente que aquece e faz o medo ir embora. Te quero nos meus dias mais ensolarados, e nos mais chuvosos quero que sejas a minha seca, a minha toalha, o único pano enxuto que restou na gaveta para absorver o que choro. Aos lugares onde nunca estive quero ir contigo. Os que nunca fostes, quero revisitar pelos teus olhos. Quero não ter mais dedos para contar os anos. Te quero com gosto de cerveja na boca, com beijo roubado na escada, te quero com gosto de morango fora de época. Te quero de carro do ano, de Fusquinha setenta, de camisa rasgada ou de banho de doze horas atrás. Te quero assim, porque não te quero pelo que eu vejo apenas, mas pelo que sinto por todos os meus sentidos de homem adulto. Te quero com suor no rosto, te quero na garupa de uma moto, te quero no velocípede da minha infância, te quero na fotografia de ontem, no sonho desfeito, na cama sem forro, no beco que termina com um portão prestes a ser aberto. Te quero como um segredo que não conto a ninguém, como um código que não se decifra, uma flor cujo perfume não se capta, uma árvore cuja sombra não se sente e cuja seiva não jorra ao corte. Te quero inalcançável, em um domínio reservado, em cofre que não se abre, em segredo esquecido e perdido para sempre. Te quero pelo teu mistério e pelos mistérios que desconheço em mim mesmo. Te quero porque tenho pressa, porque há muito de mim ainda que pretendo desvendar. Pelo teu perfume, pela tua seiva que não jorra, pela tua sombra que não protege eu vou desvendando o que resta em mim de mistérios. Te quero pela chave que possuis ai dentro. Mas te quero muito mais porque acima de tudo te quero por mim mesmo, te quero por amor próprio, te quero porque me amo e preciso do teu mistério para desvendar os meus próprios segredos que insisto em esconder nos lugares onde eu quero a tua presença.
(antes que me perguntem, não, eu não estou namorando, nem tão pouco estou apaixonado. esse texto aí não passa de um desabafo li-te-rá-rio. e nada de piadinhas.)

terça-feira, 22 de fevereiro de 2005

Subidas


"Ter liberdade é saber que você é a consciência por trás do pensamento"
(Eckhart Tolle)

É como uma fortaleza em ascensão, uma pontiaguda torre que, corajosamente, aponta para o alto. Quem vê de baixo, exatamente desse ângulo, tem a impressão de que ela sobe em altíssima velocidade e que não vai parar. Mas um momento ela pára. Pára porque ainda não pode alcançar os céus.

A torre que ascende. Vista de baixo parece impossível de ser alcançada posto que seu fim é inalcançável pelas mãos. Vista do alto, nos momentos em que o silêncio permite tocar o que achamos que seria o fim do processo, dá vertigens de menino novo que começa a andar e, sem saber ainda usar de forma coerente os pés, cai. Vista de longe, pela perspectiva do outro, a torre nada mais é que uma ilustração, fácil ou difícil de ser retraçada, a depender dos talentos que o desenhista supõe ter. De qualquer ângulo, uma torre. De qualquer ponto, a ascensão.

Procuram-se em livros, em rostos, em frases, em gestos, em Mestres. Mas o alto só se alcança quando o elevador que te leva às alturas torna-se inútil. Porque ao topo desta torre não se chega levado. Lá não se chega levado pelas asas alheias, mas pelas suas próprias asas, recém criadas, recém derivadas de pés e mãos calejados de tanto pisar e tocar chãos de asfalto quente.

(Foto ilustrativa: Elevador Lacerda, by Leo Costa)

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2005

Eu no Pelô


"Felicidade é a certeza de que a nossa vida não está passando inultimente"

(Érico Veríssimo)


E eu passei quase o dia inteirinho no Pelô, indo de encontro à velha crença de que soteropolitano não passeia por lá. E sabe que parece que isso é verdade? Não se vê um só nativo da cidade perambulando pelas ruas de pedra do velho centro, a não ser, é claro, os que estão lá pra faturar.
Um protesto: como é que restaurantes como os ótimos La Lupa e o do SENAC não estão abertos em pleno domingo no Pelourinho? As desculpas que ouvi: "ah, domingo baiano vai à praia" (e eu estava fazendo o que lá mesmo?). "O SENAC é um restaurante-escola e o pessoal pára aos domingos pra descansar" (alguém já ouviu falar de escala?). Decepcionante. Acabei me enfiando em um restaurante a quilo, porque já passavam das 2 da tarde e eu nem tinha tomado café ainda.
(tem mais aí embaixo)

Batendo o pé

Uma senhora parada na poltrona azul. Estarrecida. O semblante misturava indignação e dor. Uma garota, de braços cruzados, olhos vermelhos, bochechas rosadas. Tinha passado os últimos minutos em prantos. "Você chorou, chorou que eu vi.", bradava um adolescente do sexo masculino para outro, obviamente também do sexo masculino ao final das duas horas e meia de projeção. Metade da platéia ainda sentada e os créditos finais de Menina de Ouro já tinham passado há pelo menos dois minutos. Tinha gente que simplesmente não conseguia sair da cadeira depois da explosão que é o filme.

Hillary Swank, Clint Eastwood, Morgan Freeman, lágrimas, perseverança, muito soco bem dado na cara, uma nova Hitler f.d.p. que dá vontade de nocautear, torta de limão, vontade de viver, vontade de morrer. O filme é isso. Mais não conto, só digo que esse sim, vale, e muito, a pena.

***

E eu fiquei pensando no que me faz chorar. Não choro com mortes em filme, não choro com atos heróicos simplezinhos e forçadamente melosos, tipo salvar um bebê de carro em chamas, ou salvar uma velhinha de um roubo na rua, não choro com o sofrimento do personagem, mas choro com exemplos de vida, choro com bondade pura, choro com gestos de solidariedade e, nesse filme em especial, chorei muito exatamente nas partes em que ninguém estava chorando, que foram aquelas em que Maggie - a personagem de Swank - batia mais uma vez o pé no chão e dizia que ia conseguir sim. Isso me fez desabar, porque admiro e tomo como exemplo pessoas que têm auto-confiança, que estabelecem relações verdadeiras e de lealdade e que, acima de tudo, não ficam paradas esperando que o mundo resolva seus problemas. Admiro força, vontade de vencer. E isso tudo me arranca lágrimas, que não têm nada a ver com tristeza, mas com júbilo, alegria e uma afinidade completa entre a tela e o que almejo para mim mesmo como um ideal de felicidade real e inabalável.


domingo, 20 de fevereiro de 2005

Vicka e as vozes

Hoje foi o dia em que conheci, finalmente, minha amiga Vicka, a responsável pelo novo visual do meu blog. Ela organizou um chá de casa nova no Ponte Aérea - um barzinho na Pituba que, para os que não sabem, tem esse nome porque está na esquina das ruas Rio de Janeiro e São Paulo. Vicka me surpreendeu com sua animação, espontaneidade, que com certeza estavam exarcebadas pelo alto teor alcoólico em que ela já se encontrava quando eu cheguei lá. Pois é gente, vi ao vivo e em cores a dona dos Sapatinhos Vermelhos e ela me surpreendeu positivamente. Cantou com um pessoal da TIM que estava fazendo uma promoção, e demonstrou ser uma hostess nota 10, já que, apesar da mesa enorme com gente de diversas 'origens', ela conseguiu dar muita atenção a mim e mais dois amigos que levei a tiracolo.

Encontro de blogueiros - Além de mim estavam Luíse , que escreve o Plistoceno World e Jorginho do Sopinha de Letras. Como é bom encontrar as pessoas que você só conhece no mundo virtual aqui no mundo dos de carne e osso.

***
Saímos correndo do Ponte Aérea para assistir 'Vozes do Além' (White Noise), com Michael Keaton. A-do-ro filmes com a temática 'mortos se comunicando com os vivos', e quanto mais quando envolve suspense policial. Esse é bonzinho, só bonzinho mesmo. Começa de forma excelente, promete uma história interessante, mas termina feito uma peneira. Cheio de furos. Valeu pelos sustos, pela companhia e pela temática.

sábado, 19 de fevereiro de 2005

Instantâneos de mim que talvez só interessem a mim mesmo


Hoje eu pus uma foto minha na minha área de trabalho do computador para me ver sempre que estiver dando uma parada nos meus trabalhos no PC. Não quero que o excesso de compromissos me façam esquecer que eu sou aquele cara que a tela desenha. Escolhi uma foto que mostra, no meu olhar, tudo que eu preciso para ser feliz sempre. Just a reminder.

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Hoje trabalhei durante horas na minha monografia. Não foram horas seguidas, porque sou muito inquieto e meu nível de concentração é baixíssimo, principalmente se não houver controle. Isso mesmo: como uma criança, preciso, sim, de um certo grau de controle.

***
Sinto fome a toda hora, por isso, ao meu lado, aqui na minha mesa de trabalho, não podem faltar biscoitos ou qualquer lanche que aplaque a minha fome quase eterna. Confesso que algumas vezes 'esqueço' de trazer algo para comer aqui para o meu quarto só para poder dar um passeio pela cozinha e sentir novos ares.

***
Confesso que agora me sinto mais à vontade com o tema que estou trabalhando na monografia (Oralidade X Escrita). Normal, tudo que é novo assusta. Não contei para vocês, mas ontem eu estava assustado com o tanto de coisa que eu tinha de escrever e como eu iria organizar aquilo tudo. Agora as coisas fluem melhor.

***
Paro quase de hora em hora o que estou fazendo para entrar no MSN e ver se encontro uma pessoa que ando caçando nesses mundos virtuais. Nada desesperador, nada que tenha atrapalhado a minha concentração já tão comprometida.

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Cada dia entendo melhor aquela máxima que diz que para realizar alguma coisa basta começar. Parece besteira, mas quem já pensou sobre isso sabe: começar é a pior parte, depois as coisas fluem.

***
Me sinto mais leve. Nada melhor que ver as coisas andando, idéias fluindo, obrigações semi-realizadas. O prazer do dever cumprido é a melhor sensação do mundo. Meu dever ainda não está cumprido, mas a sensação vem aos poucos, porque sei que estou no caminho certo.

***
Como diz Jorginho, admito: vou sair hoje. Já passam das onze, meu trem já vai chegar. Vai me levar por aí. Quem sabe uma pista de dança, quem sabe uma mesa de bar. Sei que vou por aí. Principalmente porque tem um velho amigo que eu não vejo há um tempinho que tem planos mirabolantes para 2005. Juntando os dele com os meus, imagino no que vai dar.

Não sumam.


sexta-feira, 18 de fevereiro de 2005

Re (tomando)


Fotinha descolada do lugar onde tenho passado grande parte dos meus dias e onde ainda vou passar muitas e muitas horas durante esse ano todo. Como o ano tem realmente de começar e não dá apenas pra ir à praia, namorar e me divertir aqui e ali escrevendo textos na net, eu reuni todas as minhas forças para recomeçar os meus trabalhos referentes ao mestrado esta semana. É difícil, mas venho me esforçando.

Tenho apenas duas monografias e um relatório para entregar ontem e uma dissertação para escrever até o final do ano - isso se eu não estou enganado com relação aos prazos. Ah sim, além disso, tem, obviamente, uma agenda cheia de aulas para dar no UEC e a alunos particulares e é claro, o Tirocínio Docente do mestrado. Pra quem não sabe, esse nome feio quer dizer: dar-aula-de-graça-na-Federal-senão-não-recebe-título-de-mestre.

Brincadeiras à parte, não tenho mesmo do que reclamar. Como diz Jean BBB, a sorte tem sorrido pra mim nesse início de ano, me dando muito trabalho, e eu nunca fui de ter medo de trabalho não - nisso eu e Maria do Carmo estamos de acordo. Vou encarar 2005 de frente e podem apostar que nem essa rotina exuberante - que começa a todo pique no dia 28 - vai deixar a peteca cair no Diário Evolutivo. Afinal, é aqui que eu desabafo. E vocês vão ter que me agüentar!!

***
Ontem esqueci de falar aqui, mas como muitos previram, São Pedro deu a palavra final: show cancelado. Sem condições. A chuva que caia na cidade ontem ia ser a própria banheira de espuma a que Rita Lee se refere em uma de suas músicas. Eu, corajoso que sou, ainda fui até lá e bati com a cara na porta.

E o engraçado é que no caminho mesmo eu ia lembrando do quanto eu adoro Rita Lee, das lembranças que tenho dos seus especiais na Globo que me fascinavam ainda criança, e me dei conta de que nunca fui a um show dela. Mas aí ficou pra outro dia. Afinal, tudo tem sua hora certa.

***
E vocês viram falar desse vírus que está assolando os usuários do Orkut? Me enviaram um e-mail com a descrição do tal e com instruções sobre como eliminá-lo. E não é que ele tava lá mesmo? Dizem que ele fica no PC durante 14 dias e só depois começa a agir. Não acredito muito nessas histórias não, mas de fato ele estava lá escondidinho em uma pasta. Se você ainda não recebeu o tal do e-mail, é só falar que eu posso enviá-lo. É bom se prevenir. A velha história do 'Yo no creo em las brujas, pero...'

Mais um motivo para eu, que não vejo (quase) graça nenhuma no Orkut, deletar meu perfil de lá de uma vez. Estou pensando seriamente a respeito.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2005

Amadorismos


"Nem sempre ganhando, nem sempre perdendo, mas sempre aprendendo a jogar"

Fico estes dias pensando na galera do BBB - prometo que este não é mais um post sobre o programa - que diz que não joga nem vai jogar. Eu, no lugar deles, acho que ficaria do lado dos que não jogam ou pelo menos dizem isso.

Trazendo, mais uma vez, as valiosas lições e reflexões que surgem do programa mais meditativo da TV brasileira para a vida real - ou a vida eternamente monitorada pelas Câmeras Divinas - eu lembro dos dias mais ingênuos da minha vida em que eu dizia que não ia jogar também. Eu me negava a deixar de fazer algo que estava morrendo de vontade apenas para fazer 'joguinho'. Meus sins eram sempre de coração e meus nãos eram dados sem dificuldade alguma. Saíam de mim como um choro sai da boca de uma criança com fome ou de barriga cheia. Excessiva fidelidade às minhas vontades, essa a minha.

Hoje tentam me convencer a dizer sins e nãos com a mesma astúcia com que um jogador de xadrez decide a próxima jogada, o próximo movimento. Tenho tentado, mas sinceramente não sei até onde vai isso, não sei até onde esse jogo vai continuar rendendo frutos. Sou pouco estratégico. Sempre odiei os jogadores, porque sempre odiei ter de competir - fraqueza minha, eu sei. E acho que por amor não se compete. Por amor, ama-se. Amam-se os jogadores ou os amadores como eu. (E escrevendo 'amadores' de repente descubro que a etimologia da palavra tem um radical que chama a atenção e talvez seja a amarração que preciso pra fechar o meu pensamento: amar -> amador.)

[...]

É isso, amigos estrategistas, é isso, manual de conquistas, a ficha caiu: de peito estufado lhes digo que sou um amador sim, um bobo amador, infiel às regras, infiel às conjunções, infiel às estratégias. Ponho à mesa, ao invés de cartas, coração e palavras de carinho. Ao invés de peças de pedra sabão, ponho no tabuleiro dedos íntimos, toque, coragem de dizer que a vida continua, que te quero agora mesmo e aqui, e que o jogo acabou, game is over, não tenho dinheiro pra outra ficha, não tenho mais cartas na manga. Começa aqui o amadorismo dos velhos amantes, bons nisso desde muito antes que o mundo era mundo. Termina aqui o tempo em que possíveis-futuros-amantes, sentados frente à frente, só viam pedrinhas que, movidas, derrotariam o outro com um cheque-mate.

Determino, portanto, a partir de agora, o início de um novo tempo em que os amantes não mais fingirão a ausência ou presença do amor, em que a fruta mais desejada será também a mais abundante, em que ninguém que ame jamais terá de acordar sozinho no meio da noite apenas porque a regra 3454-2 do Jogo do Amor a fez dizer não a um convite para aquela noite. Inicia-se aqui uma era em que está declarado o fim das palavras 'opositor' e 'oponente' e todos seus sinônimos e afins, sendo que estas deverão ser imediatamente substituídas pela palavra 'amantes'. A partir deste momento, palavras de amor não serão mais poupadas, mas ditas, abundante e destemidamente, apenas com uma ressalva: só poderão ser ditas por quem realmente as sente, evitando o pior dos jogos, que é o Jogo do Desamor, também conhecido como o Jogo das Desilusões que faz sofrer os amadores como eu.

(sei que esse novo tempo, de leis tão frágeis legisladas nessa minha solidão de amador, faz pouco sentido aos humanos, como eu, que ainda se agarram tanto às suas superficialidades, que negam a fruta simplesmente porque ela é abundante, que se nauseiam de tudo que é muito presente e disponível. Sei disso, e como sei. Minhas legislações mais utópicas não são nada mais que desabafos de um coração norteado pela esperança que quer, ele mesmo, se libertar destas arestas, destas convenções que nos enjaulam. Mas um amador não desiste nunca de ter esperanças. Ele sabe bem que são das utopias mais improváveis que se descortinam novas paisagens.)

***

Agora, peço a vocês licença. Vou ligar para o meu amor apenas pra dizer o quanto é bom ouvir essa chuva caindo no telhado e saber que o frio a mim não chega, pois meu coração já está aquecido.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2005

Treme-treme

Gente, pensem em um PC medroso: o meu. A tela do meu computador está tremendo mais que vara verde. E eu não tenho nem idéia do que seja. Será um vírus programado para vibrar? Serão resquícios do carnaval que ainda deixam o meu PC de pernas bambas, ou será apenas uma fase mais insegura da minha máquina que a faz tremer assim que me vê? Não sei. O fato é que tenho tido medo de forçar muito o coitado e, como consequência, hoje não tem post mais bem elaborado. Fica esse. E se alguém entender de tremedeira, por favor, mande a receita do remedinho.
***
Rainha do Rock hoje, 18h30. Estarei lá.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2005

Sonos

E não adianta me dizer que dá pra sobreviver o resto do dia depois de uma noite mal dormida que não dá. Eu preciso de sono como se precisa de água, como se precisa de alimento. Se bem que, para mim, saco vazio até fica em pé, mas se o saco aqui estiver sonolento ele não consegue nem sentar, quiçá ficar em pé. Este post sai fresquinho, a essa hora, mas comigo ainda sentindo o peso nas costas de uma noite mal dormida e da difícil volta à rotina de acordar cedo. E é incrível como há pessoas que lidam bem com o fato de terem de acordar cedo, ou dormirem poucas horas, ou dar virotes porque tinha uma festinha legal na segunda-feira. Eu não. Essas coisas não são pra mim. Admito. (E não digam com um sorrisinho irônico que estou envelhecendo. Porque não estou. Ou melhor: estou, mas sou fraco para essas coisas desde antes dos anos começarem a pesar sobre mim.)

Sinto nas horas que seguem uma noite mal dormida um mal-estar que vai desde os olhos – obviamente os mais afetados pelo sono – até as pernas, passando pela pele, que perde a textura original, e passa a ter um toque mais tenso, mais dificultoso, como se alguém a tivesse esticado e esquecido de pôr de volta no lugar. É duro. E é mais duro ainda ouvir que é frescura, que ‘com duas horinhas de sono estou ótimo, porque você não estaria ?’. Incompreensivos.

Já briguei e me aborreci muito com muita gente por causa de meu sono. Principalmente certos amigos que acordam logo de madrugada querendo que Deus e o mundo venham acompanhá-los nas suas insanas aventuras matinais. Já briguei. Hoje sou uma pessoa melhor, e eles também, porque sabem e entendem a importância do sono para mim. E aí a gente se entende. Eles acordam, insanos, saem de fininho do quarto, num silêncio respeitoso, e eu durmo, alheio a tudo, entregue aos braços de Morféu.

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Alguém aí vai ver a Rainha do Rock amanhã na Concha?

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2005

Julgando Dr. G


Julgar é fácil. Difícil é entender. Essa história do doutor Rogério incomoda a todos, já notaram? Até a produção da Globo parece preocupada em refazer a imagem de bom moço que ele perdeu enquanto participava do programa - imagem para a qual a própria emissora contribuiu na busca dos pontinhos de audiência -, e no caso dele a situação é ainda mais frágil porque ele tem uma profissão que requer, acima de tudo, uma imagem que transmita confiança. Afinal, quem tem coragem de deitar numa mesa de cirurgia com Dr. G operando o bisturi?

Ontem, no Faustão, ele não cansava de repetir os mesmos chavões, tipo 'errar é humano' e 'cada cabeça é uma sentença' e no finalzinho da entrevista até arriscou dar uma de bom samaritano, reclamando do governo providências na área de saúde para crianças carentes. Totalmente deslocado, totalmente fake. Ficou claro que mandaram ele fazer aquilo, provavelmente algum assessor pessoal, provavelmente os pais, visivelmente preocupados coma situação do filho. Mas os olhos do Dr. G não negam, ele pode ser bom de muita coisa, mas o papel de Madre Tereza não cola. Embaraçoso.

Sinto muito por Rogério, sinto porque ele fez as escolhas erradas, foi arrogante e até ingênuo na maioria das vezes. Sinto pela sua imaturidade, sinto por ele ter escolhido o caminho mais difícil, sinto pela manipulação que ele exerceu nos seus súditos. Sinto pelo valor exacerbado que ele deu ao prêmio, esquecendo de valores muito mais valiosos como respeito e humildade. É constrangedor ver a cara lisa dele andando em Copacabana, soltando beijinhos e se auto-intitulando de 'pessoa maravilhosa', em reportagem armada pela Globo, não sei por que razão. É constrangedor vê-lo, no Faustão, puxando a brasa para sua própria sardinha ao dizer que foi ele quem diagnosticou o AVC em Marielza e dar explicações técnicas ininteligíveis, como se sua metalinguagem fosse de alguma forma minimizar tudo que ele disse e fez nos dias que passou na casa. Mas é mais constrangedor ainda ver seus pais repetindo que 'Rogério é um menino bom', claramente mais para eles mesmos do que para quem os assiste. Não queria estar nos sapatos destes senhores.

Mas acho que para todos nós tem uma lição nessa história toda, e é por isso que eu decidi fazer este post. Nós mesmos agimos muitas vezes como vilões na casa em que vivemos, no trabalho, na escola. Rogério não é, em (quase) nada, diferente da gente. Dr. G agiu como muitos de nós age pelo menos uma vez ou outra na vida. 'Não há deuses nem monstros, na realidade. Estamos todos em evolução', diz minha mãe. Ele só teve a infelicidade de estar cercado por câmeras que registravam cada olhar, cada gesto, cada palavra, 24 horas por dia. E provavelmente o azar de ter um editor de imagens que, para alavancar a audiência, deve ter escolhido as maldades mais escabrosas do doutor incauto para pôr no ar. Só davam ele e Naza, logo antes, na ficção. Naza é ficção, Rogério não. Não venha me dizer, Dr. G, que na casa você era uma coisa e na vida real é outra. Essa não cola. Assuma seus erros, não há nada demais nisso. Isso sim, talvez ajude a minar a sua aura de arrogância. E, além do mais, o povo vai acabar te esquecendo mesmo.

(Daqui, sinceramente, prometo não dar mais muita importância a essa história e, de fato, espero que Dr. G passe logo por essa tempestade e que tenha aprendido a lição. Quanto a nós, que provavelmente nunca teremos a chance de participar do BBB, tenhamos sempre em mente que existem, sim, câmeras nos observando. Câmeras até mais infalíveis que as da Globo.)

domingo, 13 de fevereiro de 2005

Thunderstorm

Quem quiser que me ache louco. Mas não tem coisa mais gostosa do que um dia assim, cinza, de chuva e trovoada. É assim que Salvador está agora. Me perdoem os que não conseguem ver beleza em um dia assim. Eu consigo.

Tanto amor

“A minha maior fortaleza é também a minha maior fraqueza”

Quem aqui acha que não se deve demonstrar ao outro o quanto se gosta levante a mão. Quem acha que se deve sempre manter um mistério, um não-dito, uma dúvida no ar, levante a outra. Quem acha que quando se dá demais se tem muito a perder, levante alguma coisa indicando que concorda. Quem acha que excesso de zelo cria relacionamentos em que o que só tende a receber torna-se egoísta, centrado em si mesmo e no seu próprio umbigo, levante um pé. Não vou mais fazer perguntas para vocês não perderem o equilíbrio e cair, mas fica a reflexão. Eu, pessoalmente, tenho lá as minhas dúvidas. Clarice Lispector diz, em um texto, que amor em excesso deixa o outro sem ação, sem ter o que fazer com o tanto que é dado. E quanto àqueles que não sabem dar pouco, que se doam de verdade por acreditarem que relacionamento é doação mesmo? Será que essas pessoas estão tão erradas assim, ou será que algumas pessoas, de fato, não sabem receber amor? Por que é o que mais tem por aí. Receber amor não é fácil. Às vezes é mais fácil agüentar um insulto, um grito. Isso é fácil dar em troca, revidar. Mas quantos são capazes de retribuir amor na mesma moeda? Quem for, levante o outro pé e caia no chão de tanto amor.
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Sábado de muuuito descanso, comecei a assistir Lisbela no vídeo. E cada vez que assisto mais descubro detalhes. Ainda não acabei. Aqui em casa, quando reassisto filmes que gostei, tendo a parar, voltar, curtir, até anotar umas besteirinhas. Coisa de gente louca. Um dia eu aprendo.
À noite fui assistir a "Em busca da Terra do Nunca". Bonito filme, roteiro interessante, sutil, boas atuações de Kate Winslet e do garotinho que faz Peter. Chorei um pouquinho aqui e outro pouquinho ali. E saí com a certeza de que a Terra do Nunca existe. You just have to believe.
Namasté.

sábado, 12 de fevereiro de 2005

Trust

A confiança é o primeiro passo para o amor. Não se pode amar sem a fé no outro. Não se pode cultivar respeito mútuo sem ter a confiança de que o elo que une dois seres se calca na crença de que o outro age sempre em nossa direção e nunca contra. Aos relacionamentos que se baseiam na desconfiança e na perseguição mordaz de mentiras e contradições só restam o fracasso, o desespero e o estresse. Vejo casais que se unem em torno da desconfiança ao invés do amor, que preferem viver com um olho aberto e outro fechado a dormir em paz, com ambos olhos fechados, sonhando bons sonhos.

Não há opções além da confiança: é impossível acompanhar os passos de alguém 24 horas por dia, portanto, a solução é confiar, confiar e confiar sempre. Se um dia houver provas de que se traiu essa confiança, obviamente a história muda de rumo e de nuances. Agora, não se está mais lidando com a desconfiança, mas com certezas absolutas e a questão passa a ser outra: vale a pena estar ao lado de quem, comprovadamente, mente para você? Será que é possível manter a chama acesa quando sobre ela desce a sombra da mentira?

(Me desculpem o momento auto-ajuda, mas um dia eu aprendo a ser mais sutil com minhas idéias. Um dia eu aprendo...)

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Meu número de visitantes ontem bateu todos os recordes. Valeu, gente.

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Muita gente gostou da nova imagem, e isso me deixa super feliz, mas devo dizer que de meu ali só tem o slogan e o nome do blog. A nova imagem foi feita por Vicka, a maravilhosa dona do blog Sapatinhos Vermelhos. Que tal fazer uma visitinha a ela e se deliciar com seu lindo trabalho gráfico? O link está logo aí ao lado.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2005

Nova imagem

Não disse que um novo cicle se inicia? Graças a minhas queridas amigas Pattie e Vicka estou com imagem nova no meu Diário Evolutivo. E mais mudanças virão. Aguardem!

Valeu, meninas, vocês são uns anjos!

Trans

Sento-me diante dessa tela enganosamente translúcida, tela que me surpreende mostrando-me a mim mesmo. O mim-mesmo que vejo astutamente repete os meus gestos, como que tentando, por estratégias neurolingüísticas, conquistar-me. Não sei o quão perfeito são os seus gestos de imitador, mas sei que não podem ser assim tão indefectíveis, posto que não há dúvidas que o verdadeiro e tocável mim-mesmo encontra-se aqui, nessa cadeira que balança, igualmente repetida na imagem que vejo adiante. Tento captar a alma que noto na cadeira real, e ela lhe falta. A tela iluminada retira dela a alma; a energia que emana de mim e da cadeira é furtada pela sua luminosidade que só repete, mas não cria nada. Falo com essa criatura que nunca vi desse lado por pura lei da física. Apesar de lhe faltar a vida que emana desse ser que toco aqui, a sua familiaridade me é útil. Só repete o que eu mesmo digo, mas vejo nos seus olhos as palavras que ainda não foram ditas, o futuro de mim se aproximando, um olhar prestes a revelar uma verdade. Diálogo irreal este. Dialogo com um reflexo sem alma, vendo em seus olhos a geração de um futuro, reflexo do que eu mesmo gero, mas inacessível a mim. Parto em direção ao toque, mas o irreal é intátil: ele transforma-se imediatamente em superfície gelada, corroendo os dedos e confirmando o material de que é feito: pura ilusão. Inventaram essa tela, como eu inventei essa imagem que tenho de mim.

(Queria mesmo era ver que imagem minha reflete a tua íris. Inatingível íris essa a tua – estamos nela, eu e minha alma. É muito difícil se saber presente em um lugar cujo acesso não há senhas que abram.)
Hoje, dois posts!

Reinício


Sinto que um novo ciclo se inicia. Não consultei a posição dos astros, não sei se há uma conjunção especial entre a Lua e Vênus, ou se Mercúrio passa a reger a casa de não sei qual número a partir desta data. Não li o meu horóscopo no jornal, nem tão pouco fiz qualquer ligação emergencial à minha mãe-de-santo. Nenhum espírito me cochichou aos ouvidos, minha mãe não disse, olhando nos meus olhos, que via um brilho de mudança em mim. Nada de sobrenatural ou externo a mim mesmo aconteceu. O fato é que hoje um novo ciclo se encerra e outro começa. Eu apenas sei disso, e essas coisas que vêm de dentro são simplesmente 'saber', 'saber' sem referências, sem culpas, sem medos, sem previsões inusitadas. Apenas sabe-se. É como de dentro de mim emanasse a certeza de que é a partir desse exato momento que um novo traçado começa a se desenhar, uma nova curva começa a se tornar nítida, um novo círculo torna-se perceptível. Com o lápis em mãos, eu. Começo com um traçado trêmulo, mas me dêem apenas alguns minutos. É apenas desse tempo que preciso, na eternidade em que vivo, para ajeitar o punho, pressionar o papel com firmeza e lhes apresentar essa curva delirante que patenteia o meu novo sonho.

E a catarse que geraria um resultado simbólico para esse novo cí(r)c(u)lo foi esse que vocês vêem na foto.

(Sem pena disse à minha cirurgiã que não poupasse a tesoura, que não me poupasse, porque a hora tinha chegado, definitivamente. Ela foi dura, mas não inconseqüente - até ficou bonitinho -, mas saí do salão de alma lavada, mais até do que depois da purificação do carnaval.)

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2005

É bonita, é bonita e é bonita.


'Viver e não ter a vergonha de ser feliz, cantar e cantar e cantar a beleza de ser um eterno aprendiz. Eu sei que a vida devia ser bem melhor e será, mas isso não impede que eu repita: é bonita, é bonita e é bonita.' (Gonzaguinha)

Gonzaguinha insiste que a vida é bonita. Eu também. E os dois milhões de pessoas que dançaram, pularam e gritaram nas ruas da Cidade da Bahia nos últimos seis dias com certeza não pensam diferente. O que eu previ aconteceu: só felicidade. Houve horas em que eu gritei e pulei tanto e tão alto, que parecia que eu queria forçar os deuses da felicidade a me ouvirem. Bobo, eu: eles são os próprios organizadores da festa. Bastava um pensamento dos mais breves para que eles tivessem a certeza do quanto eu consagrava aquele momento. Abria os braços, pulava como que testando até onde iam as forças dos meus tendões. O momento mais especial foi, sem dúvida, a pipoca de Daniela Mercury, que seguiu em paz da Barra até Ondina na segunda-feira. Que pipoca, que puxadora de trio. Garanto que é o melhor da festa. Primeiro porque não se paga, segundo porque é com a Rainha, terceiro porque as pessoas que seguem o trio, sem cordas, só estão de fato dispostas a se divertir, brincar, rir. É fato que passam uns mal-educados de vez em quando, querendo atrapalhar a sintonia, mas eles só passam. Nós, da paz, ficamos. Ou melhor, vamos atrás do trio. Porque afinal de contas, não estamos mortos.

DESTAQUES

CONFISSÃO NA AVENIDA

Daniela confessando que gostaria de tirar aquela roupa cheia de apetrechos e descer do trio, como uma folia normal, para dançar. Fantasia pura. Ela, coitada, jamais experimentará a sensação de ser animada por ela mesma. Não achem que ela falou isso para 'fazer linha' ou 'agradar o público'. Via-se que era de coração.

BEIJAÇO

Dois homens se agarram num beijo demorado na pipoca, em frente ao camarote do Nana. Uma galera (eu nela) começa a gritar 'beija, beija'. Eles, encabulados, olham para os lados, para cima, olham para os velhos e para seus olhares mais conservadores no camarote, miram as pessoas no chão e ao lado deles e, ato contínuo, tascam outro beijo na boca, demorado, não sei se de fato apaixonado ou apenas um simples beijo de recém-conhecidos no carnaval. Dois pierrots. Platéia em 360 graus. Palmas, mais palmas. O camarote inteiro aplaudindo, até um senhor que, de início, achei que cuspiria nos dois. Cheguei próximo a eles e, com braços esticados fiz o movimento vertical que indica reverência. Mereceram pela coragem e ousadia. Palmas também para o camarote, que podia ter simplesmente feito caras e bocas, ou até vaiado.

(Mas, pensando com meus botões, no carnaval é fácil aplaudir o que causa estranheza. Eu queria mesmo era ver dois homens ou duas mulheres, de mãos dadas que fosse, passeando pelo centro da cidade, em plena segunda-feira de tarde, serem ignorados, como ignora-se o lugar-comum, o natural. Sem aplausos, sem destaques. Sem aquela fantasia que encobre no carnaval o que os moralistas acham ilícito, provocando até aplausos como aqueles que se dão no circo, diante da mulher de barbas ou do palhaço. Lá, como no carnaval, aplaude-se o que não caberia nem faria sentido na vida real.)

NOS ARES

O camarote de Daniela Mercury literalmente voou de segunda pra terça. A força dos ventos que vieram com a chuva foi tamanha, que o teto subiu aos ares. Meu amigo César Bedutti (how do you spell it????) deu a explicação mais plausível: 'Daniela reverenciou Iemanjá e Oxum no dia dois e esqueceu de reverenciar a Rainha dos Ventos e das Tempestades, Iansã'. Será? Mistérios da Bahia. Só sei que, se existe um Orixá que protege os organizadores de eventos, ele com certeza esteve presente nas menos de vinte e quatro horas em que a produção de Daniela conseguiu (pasmem!) relocar e refazer toda a infra-estrutura - nada modesta - do camarote da Rainha.

PURIFICADO

Chuva, suor, exceto cerveja, porque não bebo. Muita chuva na segunda-feira e ontem. Ontem foi chato, segunda foi excelente. A chuva e o carnaval são dois purificadores de alma por natureza. Juntos então, fazem jus à velha expressão que diz: 'Lavei a alma'.

CINZAS

Sabe fim de festa boa? Todo mundo já deu uma festa em casa e olhou depois para o cenário onde tudo aconteceu com aquela saudade, aquela vontade de viver tudo de novo... imaginem isso em uma cidade inteira. Cheiro de ressaca, barulho de ferros sendo tirados dos camarotes, gente bêbada na rua, talvez ainda esperando um trio que só vem daqui a um ano, chuva, céu nublado e mar revolto. As cinzas chegaram e, com elas, a vontade de riscar do calendário esse pós festa, esse regresso lento à normalidade.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2005

Laptop na avenida

Ainda estou na avenida, pulando mais que um louco. Esta é apenas uma pequena pausa para respirar.
Na quarta de cinzas o que sobrar de mim volta, a todo vapor. Só posso adiantar que tá tudo tão bom, que eu já estou com saudades da folia.
Namasté!

sábado, 5 de fevereiro de 2005

Um pinto na Band


Quem não viu perdeu a oportunidade de dar boas gargalhadas hoje na BAND: me colocam na avenida, no meio das Muquiranas, uma repórter paulista das mais inexperientes para entrevistar os foliões - que, verdade seja dita, estão travestidos e só querem sacanagem nas ruas. Pois bem, ela começa a fazer perguntinhas, eles loucos gritando, querendo aparecer de qualquer jeito. Do nada, um deles coloca bem na frente da câmera, na frente da repórter, um pinto de borracha enooooorme - isso tudo às três da tarde! E olha que era um pintão daqueles que não tem como não perceber. A pobre coitada enfia a mão no falo, tirando-o rapidamente da frente da câmera. A imagem volta pra ela: sem graça, totalmente sem graça. Corta. Otaviano e Thierry Figueira fingem que não viram o vexame e só comentam o quanto é difícil trabalhar na rua no Carnaval da Bahia...
Só se vê na Bahia...

Gringo, eu?

Eu, sentado numa lanchonete, bloqueando o caminho. Um cara tentando passar:

- Excuse me.

Eu, com meus botões: “Gringo preguiçoso. Vem pra terra dos outros e nem se esforça a aprender a dizer licença.”

Ele segue adiante. Meus ouvidos se aguçam: “Vamos ver se descubro de onde ele é.”. E o cara segue falando um português abaianadíssimo. Era nativo, como eu.

Meu rasta está enganando a galera. Tô com cara de gringo, é?

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Barra, hoje, voltando pra casa. Um cara toca minha tatuagem:

- Namasté...! Tu nombre?

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2005

Bom de multidão


Sou bom de multidão, modéstia à parte. Não sei se isso é um dom natural, ou se é pela prática de andar no meio de tanta gente no carnaval. Fico com a primeira opção, apesar de não saber se alguém na minha família, de fato, é bom de multidão para que eu pudesse ter herdado os genes. Digo isso porque conheço muita gente que não perde um Carnaval sequer e nem por isso é bom de multidão.

Papo louco... afinal, o que é 'ser bom de multidão'? Ser bom de multidão é andar bem no Carnaval da Bahia - e lhes garanto que não há multidão maior em nenhuma festa do mundo. Quem é bom de multidão não tem medo de gente. Não tem nojo de gente suada e, principalmente e antes de tudo, gosta de aperto, de amasso, de toque. O bom de multidão, com certeza, não pode ser fresco, não pode se importar com o perfume, não pode ter pena de sujar o tênis e não pode ter unha encravada, porque o que se leva de pisada...
O bom de multidão reconhece quando é impossível se movimentar e não se estressa, deixando que o ritmo o leve. Solta o corpo e relaxa, porque ele sabe que no Carnaval não há compromissos, pra onde quer que a multidão vá, é só ir atrás - isso, é claro, em condições de normalidade.
O bom de multidão não parte pra briga, mas se protege com os cotovelos. É. Se eu fosse dar um curso de como andar nas ruas no Carnaval, ou em uma multidão qualquer, diria que a posição básica é aquela de pés firmemente calcados no chão (quando possível, obviamente) e cotovelos abertos, formando um triângulo no tórax. É batata. Ser bom de multidão é prever percalços: pipoca do Chiclete, ou de Ivete, ou do Psirico, nem pensar. Quem é bom de multidão sobe logo numa árvore ou fica em cima do primeiro muro que encontra caso seja surpreendido por um desses grupos. Mas bom de multidão que é bom mesmo nunca se surpreende em situações como essas, porque ele é experiente e sabe que não pode olhar pra baixo enquanto se movimenta no meio de muita gente. Olha sempre pra trás e pra frente, avistando o horizonte e vendo em que direção a que bloco se está indo ou que bloco está vindo na sua direção. Ah sim, esqueci de dizer que o bom de multidão tem de ter pelo menos 1m70cm. Caso contrário, nunca será um bom de multidão - a opção seria um periscópio, mas aí fica caro. Talvez andar coladinho com um bom de multidão seja a solução ideal para os mais baixos. Aliás, o bom de multidão entende muito sobre a arte de andar em filinha com os amigos. Ele não parte e deixa os outros pra trás mas, ao contrário, está sempre atento aos amigos. Ele entende a importância de estar em um grupo durante a festa.
O bom de multidão fica atento às entradas e saídas e sempre que vê um perigo iminente pega o primeiro atalho em direção à rua adjacente mais próxima. Quem é realmente bom de multidão se abaixa quando vê briga, corre dela se for possível, e fica atento à vinda dos policiais, inclusive, ajudando a abrir caminhos para que eles se movimentem com facilidade, tudo isso sem estresse, com espontaneidade e leveza. Quem é bom de multidão mesmo, dá a preferência aos ambulantes - porque entende que eles estão ali trabalhando- e ainda facilita o trabalho das crianças que ficam catando lata durante a festa inteira. O bom de multidão não abre a mão de se divertir muito, de admirar a festa e até chorar de alegria quando toca aquele música especial. Não abre mão de dormir e comer bem, não exagera na bebida e não sai por aí agredindo ninguém. O único exagero do bom de multidão é na crença daquela idéia de que é sendo gentil, atento e carinhoso consigo mesmo e com os outros que se faz uma eterna festa de paz.

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Meu post saiu mais cedo hoje, porque um bom de multidão não fica em casa no dia 1 de festa na Cidade da Bahia. Se meu pé não tiver doendo muito quando eu chegar, quem sabe eu não atualizo mais tarde?

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Por ser Carnaval até terça-feira, estarei um pouco mais ausente, principalmente nas visitas aos blogs queridos. Mas não sumam daqui. Prometo contar tudinho depois. E tentem me ver na Band (hehehe). Fuuuuuuuuuuuuiiiiiiiiiiiiii!!!!

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Jean é LÍDER!!! Pulei de alegria.

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Na foto, eu e minha negona favorita, Sandrinha, ou Xuxa pra os mais íntimos.

Iuuuuuuuuuuuuuuuuppppiiiii!!!


Serão seis dias. Não pretendo lembrar de nada que não seja alegria nesses dias. A minha sintonia será com ela, mesmo com pés cansados, mesmo com o cheiro ruim de urina na rua, mesmo sem saber as horas por medo de usar relógio. Mesmo assim, tudo que eu quero nesses seis dias é ser feliz. E nunca foi diferente disso. A minha alegria me imuniza e me protege. Tenho a impressão nítida de que uma aura de proteção se instala em meu corpo. As minhas armas estão na minha vontade de ser feliz sem parar nesses dias. E o resultado é que não vejo nada além disso: só percebo sorrisos, crianças no ombro dos pais, casais efêmeros de namorados, olhos que me caçam, olhos que eu caço, monumentos no trio, vozes que ecoam sons que fazem uma multidão estremecer, o fundo sedutor do trio elétrico para seguir. E alegria, espontaneidade, multidão de gente.

Não há nada como o Carnaval. Em nenhuma festa, em nenhum outro lugar, se vê a originalidade que se vê aqui. Em nenhum outro momento do ano as pessoas são tão felizes espontaneamente. Em nenhum outro tempo, em nenhuma outra festa, é tão fácil esquecer o que nos aflige, é tão fácil esquecer das contas a pagar, dos sonhos que ainda não se tornaram palpáveis. Em nenhum outro momento o mundo nos exige tão pouco. Pra ser feliz, a gente só precisa de um par de tênis confortáveis, um bom grupo de amigos e paz no coração. Isso porque tudo que esses dias nos cobram é um sorriso, ou dois ou três. Dispersa-se tanta energia nesta data que, não raro, depois do carnaval, existe uma gripe, geralmente batizada com um nome de sucesso do verão, que assola os que mais se excederam. Mas é aquela gripe de orgulho. Quem gripa, se divertiu mais, viu mais, pulou mais, beijou mais. Eu sempre gripo. Graças a Deus. Porque no Carnaval, apesar de eu não ser do tipo que dorme 2 horas por dia e enfrenta o virote numa boa, não economizo energia, não economizo na fantasia, não economizo na ilusão. Entro na festa como quem entra numa multidão que se move ao som do sucesso vibrante da temporada, entro nela como criança que entra na fantasia de super-herói favorito, como cantor que sobe no trio e sabe que está em rede nacional, como gente que pena o ano inteiro e tem seis dias para expurgar o que não serve.

E que batam os tambores, que saiam os trios. Vou trançar meus cabelos e me misturar, o tanto que der e eu puder, porque sem o charme da mistura não dá pra entender a magia dessa festa.

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E como vocês podem ver na foto, não resisti e entrei no clima totalmente. Passei na África hoje, rapidinho, e minha querida irmã de criação, de consideração e de coração, Andréa, trançou, durante quatro looooongas horas os meus cabelos. Você nem imaginam como dói: dói a bunda, dói o pescoço, doem as costas, dói o coro cabeludo. Só não doeu o bolso porque minha irmãzinha fez uma cortesia para mim. Não fiquei um Deus do Ébano, mas acho que dá pro gasto, né? Alguém aí se habilita a ninar um rasta branquinho?
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UPDATE (2 da matina)
(queres um conselho? Nunca reabras um baú que pretendes ver empoeirado pelo tempo, corroído pelas traças, habitado pelas aranhas, destruído pelo tempo. Se o tempo não tiver, ainda, sarado as lembranças e tornado lugar-comum o que mora alí, essa tua atitude infame poderá te trazer de volta sonhos que já eram esquecidos, viagens que foram de ida e volta, poeiras já distantes, mundos que já não podes mais acolher em teus braços. Da próxima vez, engula a chave, e finja que essa tua vontade é inerte, parada. Não rasgues mais o peito à procura do que fecha e abre esses lugares já sombrios. Deixa a chave perdida pelos teus mundos internos, pelas tuas entranhas em reconstrução.)

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2005

Skate, blogs, Odoyá.


Estou passando uma temporada na casa de meus pais. Como estive fora por algum tempo, Skate (na foto) não me conhecia o suficiente e por isso tivemos de passar por um processo de adaptação mútua (quase durmo um dia fora de casa porque ele não me deixou entrar). Estratégias que utilizei na conquista: alimentá-lo todo dia, conversar de longe com ele num tom carinhoso e, à noite, abrir as portas do canil, dando-lhe o prazer de passear pelo pátio, cheirando os pneus dos carros e marcando território com seu xixi.

Hoje ele é meu amigo. E cheguei à conclusão que conquistar um cão não é muito diferente de conquistar um humano: basta dar-lhes comida, liberdade e amor.

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E o Diário Evolutivo bombou hoje (ontem). Quem é blogueiro sabe que o prazer de ver um monte de comentários. As visitas vêm crescendo na medida em que eu retorno com meus posts diários. Valeu, gente, valeu mesmo.

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Hoje eu resolvi citar alguns blogs que eu leio com freqüência, com uma pequena descrição. Se você é blogueiro (a) também, eu sugiro que faça o mesmo. Acho que é muito mais legal entrar em blog a partir de uma indicação. Eu, por exemplo, não deixo de visitar nenhum blog indicado por um amigo. Seguem aí alguns dos blogs que eu mais leio. Gosto de muito outros, mas estes se destacam por serem atualizados com uma freqüência maior, o que lhes dá um charme e um upgrade todo especial:

Sopinha de Letras: (quase) sempre polêmico, atualizações praticamente diárias. Sacadas inteligentes. Muitas idéias com as quais não concordo também, mas poder não concordar é um exercício maravilhoso. Obrigado, Jorginho.

Bokapiu: Johnny comanda da Holanda um blog interessantíssimo sobre a vida de um baiano em Amsterdam. Poderia ter atualizações mais freqüentes – porque é muito bom ler o Bakapiu. Mas entro lá todo dia pra conferir.

Tudo Roubado: A Ladra do Bem rouba posts de tudo quanto é lugar e publica no seu blog com as devidas referências. Uma boa forma de saber o que está acontecendo na blogosfera e conhecer novos textos (acabo de ver que ela roubou dois textos meus hoje).

Rafael Galvão: esse aí não deixa de publicar nunca. Inteligentíssimo e cheio de sacadas legais, o blog de Rafael tem até seções de temas variados.

Pernambaiano: apaixonado por Salvador, esse pernambucano arretado publica todos os dias uma seleção interessantíssima de notícias, principalmente sobre cultura.

Sorvete de Casquinho: A pernambucana Naty, escritora de mão cheia, comanda diariamente um blog com suas peripécias. Muito bom humor, uma leitura deliciosa. Não perco um dia sequer.

Atrás do Balcão: Fê Freitas arrasa com as pequenas histórias que ela presencia no dia-a-dia do balcão de uma padaria.

Sapatinhos Vermelhos: Delícia de leitura dessa baiana atualmente à procura de emprego em São Paulo. Além de textos muito legais, oferece, a cada post, um trabalho gráfico diferente. Tudo lindo.

E tem muito mais. Farei mais indicações em breve. Enquanto isso, vá conhecer os blogs dos meus amigos. É só clicar nos meus links aí ao lado.

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Impossível não morrer de pena da galera que foi enganada na compra de abadas pela net. Impossível também acreditar que ainda tem gente que compra pela net sem indicação. E viva o Carnaval.

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Que surrrrrra a galera do mal do Big Brother levou, heim gente? Será que agora eles tomam vergonha na cara e param de tanta sacanagem? (Tomara que não. Assim está divertidíssimo....)

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Dia de Iemanjá, dia de festa no mar. Não deixarei de saudar as forças que vêm das águas hoje, no dia da Rainha das Águas. Odoyá!
(pra saber mais sobre a festa, visite mais essa indicação minha, o blog do meu amigo Dhan.)

terça-feira, 1 de fevereiro de 2005

Dia no Porto


Hoje passei o dia no Porto da Barra. É inacreditável como a praia tava lotada daquele jeito numa segunda-feira. Parece que ninguém trabalha nessa terra. Verdade ou mito? Mito. Muita gente tava trabalhando também, mas é que baiano aproveita os minutinhos e vai à praia a qualquer hora. Deve ser isso... (???) Acho que não. Talvez seja porque o carnaval tá aí e muita gente pediu folga do emprego já pra emendar? Pode ser. Hmmm... não sei... ah sim, pode ser o seguinte: só havia turistas na praia. Não... o sotaque da galera não lhe nega as origens. Por que será meu Deus? Quem souber me diga. Eu sei que eu estava lá porque estou de férias e não dispenso um mergulho naquele mar de águas cristalinas. E que dia fez hoje. Sabe aqueles dias que a gente tem vontade de colocar numa garrafinha e ir usando devagarinho e aos poucos? Hoje foi assim.
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Deve ser horrível ter de trabalhar durante o mês de janeiro em cidades como Salvador. Imagino então pessoas que têm de, por exemplo, se engravatar e ainda ficar da janela vendo o mar. Por isso que eu amo ser professor. Ter férias no verão é a melhor coisa do mundo. Acho que o carma dos engravatados-presos-em-escritórios-em-dias-de-verão eu já paguei nas encarnações passadas.

(na foto: eu Vinis e Maurício, no Porto)

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Tem um cara no Porto da Barra que vende camarão. Até aí tudo bem, mas esse cara é especial, porque ele mesmo compôs uma musiquinha que serve para atrair a atenção dos consumidores-banhistas.

Hoje um turista do Rio colocou um celular na boca de João - assim que ele se chama - e o fez cantar a musiquinha numa transmissão ao vivo para uma rádio fluminense. João se esgoelou o que pôde no celular e ainda recebeu uma salva de palmas de todos os presentes na praia, com direito a pedido de bis por parte do radialista, que incitou os banhistas a repetirem as palmas e assovios que João recebera. Eu, pessoalmente, admiro João, mas não agüento mais ouvir a mesma musiquinha há alguns anos e não acho que muita gente suporte mais.

- Tome aqui João. - o radialista saca uma nota de cinco reais.
- Nada não... relaxe, meu rei.
- Eu insisto, João. Tomei seu tempo.
- Tá bem então. Cinco reais... isso dá pra dois espetinhos. Tomaí.
- Não João, valeu mesmo. Sou alérgico.

Pois agora João, além de faturar um anúncio de graça, ainda dá a sorte de ser entrevistado por um alérgico.

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O radialista aprontou mais, muito mais. Leia aqui.
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Ainda no clima das listas e do carnaval – e vocês vão ter de aturar esse climinha de festa por alguns dias, porque afinal de contas eu sou baiano –, vai aí uma outra compilação de frases que a gente ouve todo ano.

“Você vai sair em que bloco?”
"Me larga que eu não quero namorar".
"Vamos tentar passar por baixo da corda?"
"Por aqui a gente corta caminho pra alcançar logo o trio".
"Vamos andar rápido que Daniela já tá no Farol."
“Nos Mascarados só sai viado.”
“Pega um lencinho aí.”
"Eu é que não sou louco de seguir o Chiclete na pipoca".
"Fulano tá te procurando".
"Sai da frente e deixa o policial passar".
"Pára tudo. Nada de violência no meu bloco."
“Porra... me sujou todo de suor.”
“Vamos tentar passar por dentro do bloco.”
“Por aqui corta caminho.”
“Vamo ver gente bonita lá no Ceasar.”
“Não agüento mais andar.”
“Lá vem o Chiclete. Vamos subir numa árvore.”
“Já beijei dez bocas hoje.”
“Te vi na Band.”
“Vou trançar o cabelo.”
“Não consegui abadá.”
“Na casa que eu estou tem mais de dez pessoas.”

E por aí vai...
Namasté.