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sexta-feira, 29 de abril de 2005

Farias

Para Ieda, pela sua coragem
Para Luíse, pela sua alma surrealista
Andarias comigo até o final dos tempos, por avenidas infinitas, mesmo sabendo que o tempo ninguém sabe até onde vai e que o infinito é imensurável? Andarias, tonto de sono, por caminhos insones, porque meu sono não chega e porque meu riso solto é um despertar constante? Desceria rios de correnteza, mesmo sabendo que cascatas imensas e pedras pontiagudas te esperariam ao fim? Sairias a galope num cavalo negro, selvagem, ao meu encontro, sem rumo, cavalo nunca antes cavalgado, matéria virgem? Subirias montanhas com picos cobertos de nuvem espessa, montanhas apontadas para o mesmo infinito imensurável? Percorrerias o infinito por mim? Cantarias canções angélicas, canções inaudíveis, canções etéreas mesmo sabendo-se condenado ao fogo perpétuo de sua condição mundana? Passarias a crer em um Deus soberano e justo, reticente e feroz, acima de ti e de todos, único e audaz? Deixarias esse ar soberano por mim? Caçarias unicórnios de sangue prata, seres alados só vistos de lentes poderosas, borboletas gordas e infelizes se esse fosse meu desejo de posse? Perderias de vista o seu início, desvencilharia-te do teu meio, ignoraria, suado, o teu fim, por um destino irreconhecível até a Deus? Lutarias guerras imensas e desesperadas, guerras góticas e negras, de suspense interminável, por um sorriso maldoso brotando de meus olhos? Arrancarias córneas, laçarias leões de antes de Cristo, gladiarias por mim? Conquistarias novos e inexistentes mundos, planetas nunca antes vislumbrados pelos grandes cientistas, partirias rumo a um deles por um punhado de terra que tanto almejo e te peço? Penderias, inerte de uma árvore, sem escudeiros abaixo de ti, e ali ficarias por horas, de braços e pés e mentes doloridos para me ver à distância que insisto em manter de seus olhos? Criarias asas frágeis, sabendo-se homem pesado e espesso? Levarias comida aos presos, facas escondidas, tesouras e pó, arriscando-se a vê-los soltos, violentando-te na tua paz?
O que, de fato, farias por mim? Dirias a mentira, a grande mentira por mim, ou te resguardarias na verdade inútil que nunca com coragem abandonastes? Preciso destas respostas, porque eu, confesso, faria muito pouco por ti além dessas perguntas. O que quero de ti não são respostas inventadas ou a falta de coragem e palavras para respondê-las. Quero a entrega imoral, o gesto repudiante, o inverso do que pensas, o risco. Mesmo sabendo que eu arriscaria quase nada por ti.

Mrs. Mancini


Às vezes o passado dá um pulo e cai, na nossa frente, de pára-quedas. Foi o que aconteceu hoje quando recebi este e-mail de uma amiga muito mais que querida:

Leo,
Seu safado! Descobri o seu blog na internet! 1 xilhao de paginas e nem mencionou o meu nome ou mandou um beijo :( TOU MORRENDO DE SAUDADES. Me escreva.
Beijos.
Yeda Mancini


Ieda, hoje Mrs. Yeda Mancini, vice presidente da Corporação Numoda, heheheh, é a minha grande amiga de velhas jornadas. A minha primeira professora de inglês, a minha primeira amiga de baladas, de brigas, de livros, de música, de tudo. Foi através dela que eu cheguei até o UEC, onde ela já era professora antes mesmo de eu entrar lá. Ela acreditava tanto nela, que passava essa confiança para a crença que ela tinha nos outros. Ela me disse tanto que eu podia ensinar, que eu acabei acreditando e de fato comecei a fazê-lo, aos 18 anos de idade, assustado ainda com aquilo tudo. Posso dizer que foi Iedinha quem me deu primeiro emprego, ou a primeira coragem importante na vida. Ela me empurrou e eu aceitei o empurrão. Me empurrou do alto de um abismo, eu descobri que tinha asas, e voei.

Eu poderia ficar aqui escrevendo linhas e mais linhas sobre as nossas aventuras, nossos amores, nossas farras - inesquecível ela bêbada nas escadas do Alambique do Pelourinho lá nos idos de 1992 -, nossos sonhos, nossos gostos, nossos gastos... mas prefiro deixar pra depois, pois cada momento daquele é um cantinho especial do meu coração. Prefiro revirar aos poucos e, aos poucos, relembrá-los aqui.

Ieda já mora na Philadelphia há mais de 10 anos, só voltou ao Brasil uma vez e infelizmente não nos encontramos, porque eu morava em BH. Eu fui visitá-la em 2000, fiquei na casa dela, conheci Mike, o lindo filhote. Hoje, para a minha surpresa, mais tarde, recebo este e-mai - em inglês mesmo, porque português nunca foi o forte dela:

Leozinho me manda seu numero de casa e de cellular. I want to give you a call. Eu prometo que nao vou dar "toque" (Interesting concept though....I will start using it here) Are you home later today? I am thinking of visiting Brasil in June or July and dropping Michael off for his ferias. The only challenge is that my mon is not sure she will be able to bring him back before his classes start in September. So I thought about you!!! Do you still have a visa to the US? If you do and my mom cannot bring him back would you consider a visit to Philadelphia on me?
Yeda Mancini


E ai gente, será que vou para os States em breve????

(Ieda, essa vai para você: se você diz que passou o dia inteiro lendo este blog, porque eu não tenho sequer um comentário seu aqui? (Você vai odiar a foto, mas é a mais recente que tenho nossa). Te amo, amiga, saudades!

quinta-feira, 28 de abril de 2005

Pets

Esta semana meu sobrinho Ângelo ganhou um cachorrinho de presente. Ele mesmo, criativamente, o batizou de Globinho, em comemoração aos 40 anos da Globo - tudo bem que a Globo nem merece tamanha homenagem, mas valeu pelo ato criativo dele. Foi minha mãe quem deu. Não poderia ter sido ninguém mais, já que foi sempre ela que nos promoveu as oportunidades de aprender a respeito da vida e suas encenações. Vejam só:

***O primeiro cachorro que eu me lembro ter tido foi um vira-latas astutamente apelidado de A-E-I-O-U, isso mesmo, as cinco amiguinhas. Ainda sem ser alfabetizado, minha mãe achou que seria uma ótima maneira de me ensinar para sempre as vogais. Acho que deu certo, pois nunca mais esqueci (rs).

***Não me esqueço nunca dos funerais que eu fazia, ainda criança, para os peixinhos que eu mesmo, inocentemente, matava asfixiados em copinhos cheios d'água que trazia da praia. Minha mãe promovia os funerais, com cruzinhas e tudo, na porta da casa de minha vó, em Baixios, e eu, criança, já começava a entender que os caminhos da vida passam, necessariamente, por mudanças, perdas, ganhos e responsabilidades que não terminam nunca.

***Mais uma vez os peixes, quase onipresentes na minha vida: aos 12 anos de idade eu e minha mãe abrimos uma lojinha de peixes. E ai ganhei não só um animalzinho de estimação, mas 5000 de vez. Era trabalho, responsabilidade, lucros, perdas. Aprendi muito, principalmente quando passava um dia inteiro preparando aquários para receber os peixinhos que vinham de São Paulo à noite - sim, eu ia com ela buscá-los no aeroporto - e de manhã, para a minha surpresa, amanhecia com um ou dois aquários inteiros de peixes mortos por excesso de cloro. Desde lá aprendi a não chorar pelo leite derramado e seguir adiante...Mas como nem tudo é sempre morte, não esqueço também das 'peixas' grávidas que chegavam já parindo filhotinhos lindos . Eu não pregava os olhos a noite inteira, catando os filhotinhos do aquário maternidade para a 'mamãe-peixa' não devorá-los. Era a vida me mostrando que tudo aconteçe em ciclos e que uns nascem enquanto outros morrem.

Não posso dizer que, de criança, aprendi tudo sobre as cenas da vida, mas hoje eu sou um adulto muito mais sadio por conta de todas essas oportunidades que tive. Hoje eu sei que não sou muito bom para ter animaizinhos em casa. Tive, recentemente, uma experiência com gatos - que eu adoro - mas não deu muito certo.
Estou adorando brincar com Globinho, ver a alegria e cuidado de Ângelo - que não sei até quando durarão - mas acho que nasci mesmo foi para ser tio desses bichinhos. Brinco, brinco, mas hoje, esse tipo de responsabilidade, não quero mais não. Estou me guardando para meus filhos.

quarta-feira, 27 de abril de 2005

Se toque!

Toque incomoda. E há vários tipos de toque. Tem o do amigo que te dá um sinal de alerta, faz uma observação – quase sempre pertinente – sobre algum ato nosso. Esse toque, é bem verdade, incomoda principalmente os mais imaturos. Tem o toque na próstata, pesadelo de todo homem em certa idade, que incomoda pela invasão que propõe, pela ameaça à masculinidade e principalmente pela tão falada dor. E tem o toque que a mim, pessoalmente, incomoda mais. E você, amigo leitor, você com certeza já recebeu um. Principalmente se você tem celular a conta ou o recarrega de créditos generosa e freqüentemente. A essa altura você já sabe do que estou falando. Dar toque virou uma ‘mania nacional’, pelo menos aqui na Bahia, heheheh. Não tem um dia que eu não receba um. Toque de amigos, de pretendentes, de ex, de amigo de amigo, tem até toque que é dado por engano – é verdade: outro dia uma mulher me deu um toque e eu, idiota, retornei, e ela disse que não sabia quem era não, que desculpasse pois era engano. Até minha mãe tem me dado toque. Não sei onde isso vai parar.

Tem algumas curiosidades, como o toque que eu recebo, freqüentemente, de alguém que liga a cobrar e depois desliga, só que com um detalhe: o número é privado. Ou seja, não entendo o motivo para o toque: se liga sem um número para retorno e desliga imediatamente, qual o porquê do toque mesmo? Alguém me dê uma luz.

Hoje, insistentemente, uma pessoa me chamava a cobrar. Eu, resistente, não retornava – estava decidido a não mais retornar nenhum toque. Só o de minha mãe. Da quase décima vez não resisti e liguei de volta, não agüentei a curiosidade.

- Quem é? – perguntou a mulher na linha.
- Minha senhora, a senhora ligou para mim mais de dez vezes e ainda quer saber quem eu sou? – me desculpem, mas já liguei irritadíssimo mesmo.
- Eu????
- Isso mesmo, tem dez segundos isso.
Respirei fundo, lá se iam os meus minutos.
- Tá bem então.- desisti.
- Eu heim, é cada gente maluca que me liga.- vocês acreditam que eu ouvi isso?

Moral da história: vou mudar meu celular para cartão e não vou ser generoso com as recargas. Acho que vai a ser a única maneira de evitar um toque na próstata no final do mês.

***
Qual a sua estrofe favorita na poesia de ontem (Comparações)? Alguns visitantes disseram, espontaneamente, e eu fiquei curioso para saber qual a sua.

Uma rima


Preciso agora
De uma rima
Que diga o quanto
Você
Me anima

terça-feira, 26 de abril de 2005

Comparações


Como um alento
Em teu suspiro
Me despedaço

Como um beijo
Em teu suor
me rego todo

Como um suspiro
Em teu sopro
Me abro em pétala

Como um sorriso
Em teu esboço
Me vejo inteiro

Como uma tela
Na tua pele
Me sinto arte

Como um olhar
Em teu vislumbre
Me reconheço

Como um sonho
Em teu dormir
Me vejo espelho

Como um pássaro
Em tuas alturas
Me lanço alto

Como um doente
Em teus braços
Me finjo morto

Como um presságio
No teu futuro
Me vejo parte

Como uma tese
Na tua hipótese
Me vejo prova

Como uma reza
Da tua boca
Me lança um beijo

Como sem pena
Dentro de mim
Te reconheço

Como sem alma
Perdido em mim
Te reencontro

Como destino
Por entre os dedos
Te escorro inteiro.





segunda-feira, 25 de abril de 2005

Corrente

Se você tiver, algum dia, que me mandar uma corrente daquelas que prometem circular o mundo inteiro até chegar de volta a você, tornando-o rico e próspero até o fim dos seus dias, desista. Esse tipo de corrente eu não passo, definitivamente. Mas, se for uma corrente como essa que estou passando adiante nesse post, cujo intuito é pura e simplesmente cultural, dessas você pode me mandar aos montes, porque passarei adiante, e com prazer. Olha que interessante: através dessas simples perguntas, relacionadas às leituras que já fiz e ao meu gosto literário, poderei dar dicas de quem eu sou. Respondidas as perguntas, publico-as, obviamente, no meu blog, e indico mais três blogueiros para fazerem o mesmo, indicando o porquê da minha escolha. Lá vão a entrevista e os indicados:

1.
Não podendo sair do Fahrenheit 451, que livro quererias ser?
Conversando com Deus, Neale Donald Walsh

2. Já alguma vez ficaste apanhadinho(a) por um personagem de ficção?
Fiquei. Pela protagonista de “A casa dos budas ditosos”. Brincadeirinha... hehehe
3. Qual foi o último livro que compraste?
”O poder do silêncio” – Eckhart Tolle

4. Qual o último livro que leste?
"Viva o Povo Brasileiro" – João Ubaldo

5. Que livros estás a ler?
”Alice no País das Maravilhas” e uma coletânea de Mário Quintana.

6. Que livros (5) levarias para uma ilha deserta?
”Cem anos de solidão” de G.G. Márquez, “A descoberta do mundo” e “Água viva”, de Clarice Lispector, “Conversando com Deus” de Neale Donald Walsh e “O Evangelho Segundo Jesus Cristo” de Saramago.

A quem vais passar este testemunho (três pessoas) e por quê?

Paulinha, para saber de onde vem sua doçura.
Jorginho, para descobrir os caminhos da sua capacidade argumentativa.
Luíse, para descobrí-la num sonho.
***
(Não sei ao certo para que te guardas tanto, se tens o mundo inteiro para pisar, se já foram os anos dos cavalos selvagens, se já passaram à porta os falsos mestres e os pássaros carnívoros. Não entendo porque não soltas as tuas asas já mofadas pelo temor das alturas, porque não pões a velha túnica brilhante e paira, anjo, pelos espaços cuja gravidade desafiavas. Já não há mais temores. Os soldados não mais lançam armas, o sol já não é mais tão escaldante e os caudalosos rios voltaram a ser límpidos (as bactérias que lhes habitavam foram capturadas por peixes coloridos). Portanto, sai de dentro da pedra. Vem comigo pelo mundo, que para a tua segurança fiz em mão única, que para teu bem estar é iluminado por uma luz que não cega, um ar que, respirado, não envenena, e uma paisagem que não hipnotiza. Vem, de mãos dadas comigo. Te ensinarei, novamente, a usar as tuas velhas e mofadas asas.)

domingo, 24 de abril de 2005

Esse nó no teu peito:
fui eu?
Vem, que dou
um jeito.

sexta-feira, 22 de abril de 2005

Minhas baterias

Sou movido pelo amor. Dê-me uma tarefa e mostre-me uma motivação para realizá-la – pode ser a visão de um sorriso como resultado, pode ser um afago no meu ego, pode ser o prazer de fazer bem feito e ser reconhecido pelo esforço – que você terá um realizador dos mais obstinados. O nome da bateria escondida nas minhas costas é amor. Ele me move, ele me faz rumar em direção a desafios. É tão forte a sensação que sequer penso em ter medo. Já haviam me dito que o amor afasta o medo e cada dia a vida me mostra o quanto isso é real. E eu sou aventureiro destemido e sei que às vezes assusto meus colegas de trabalho – principalmente – por esse total desprendimento com que eu abraço tarefas desafiantes. Não sei explicar ao certo o que é, mas na maioria das vezes dá certo.

***

São sete da manhã – tinha ido dormir as seis. Meu telefone toca.

- Leo, é Conça. Pode falar?

- Claro, Conça. – eu estava atordoado ainda de sono, saíra na noite anterior e não sabia ao certo o que dizia, só sabia que o nome Conça me remetia a uma pessoa especial e muito querida para mim, atual coordenadora do UEC, escola onde ensino.

- Leo, eu sei que você não entregou a tempo o abstract para a sua apresentação no Braz Tesol BA *, mas é que estamos com um tempo sobrando, as inscrições superaram as expectativas e gostaríamos de convidá-lo para apresentar alguma coisa.

Estava diante de mim o desafio. Já havia pensado em preparar algo, mas faltou um empurrão – esqueci de contar que funciono muito bem com empurrões.

- Posso sim, Conça – meu Deus, o que é que estou dizendo, será o atordoamento do sono? -. Mas acho o tema que estava pensando em apresentar muito batido. Queria inovar. – Imediatamente me veio à mente o tema BLOG. Já estou, nesse semestre, trabalhando com meus alunos usando essa ferramenta e achei que seria interessante dividir com a comunidade de ELT** essa minha experiência.

- Pode contar comigo, Conça. Vou apresentar e o título será o seguinte: LET’S BLOG – A BRIEF TALK ON THE USE OF BLOGS IN ELT.

- Mas Leo, não é melhor apresentar sobre ensino de vocabulário mesmo, afinal você já tem o material preparado?

- É verdade Conça, mas esse tema aí não ‘bateu o meu tambor’. (Inventei essa expressão há algumas semanas, que quer dizer ‘não me deu tesão, não me inspirou’. Aliás é muito útil essa expressão. Especialmente para dar foras de uma forma clássica e matafórica.) Mas voltando à apresentação: é óbvio que não consegui pregar mais os olhos. A idéia de compartilhar com a minha comunidade profissional essa experiência que estou tendo com meus pupilos parecia excelente e animadora. Algumas horas depois, estou aqui, na frente do computador, com tudo pronto.

(Acabo de ligar para Conça para tirar umas dúvidas e sou informado que depois que divulgaram o tema da minha palestra tem gente querendo que abram exceções – há limite de espaço – para assistir...Delícia, não?)

Torçam por mim: dia 30 deste, das 16 às 17 horas. Conferência do Braz Tesol BA. (Sorry, inscrições encerradas!)

*Braz TESOL BA – a facção baiana de uma comunidade internacional de professores de inglês. Braz : Brazilian TESOL: Teachers of English to Speakers of Other Languages.

**ELT : English Language Teaching

( Brinque!! o Diário Evolutivo também é cultura!!)

quinta-feira, 21 de abril de 2005

Bom de aula


Estarei dando um curso de treinamento sobre metodologia de ensino de língua estrangeira e não consegui achar nenhum texto reflexivo a respeito do 'ser professor'. Decidi, então, escrever eu mesmo. Vejam o que acham:

Ser professor é partir do princípio de que não se sabe nada. O ponto de partida é o da humildade e do respeito consigo mesmo e com o próximo - no caso, o aluno. Professor que entra na sala com arrogância, que acha que sabe tudo e que está diante de um grupo de pobres desesperados em busca de conhecimento corre o risco de viver dias de terror. Não vai demorar muito para o mais esperto dos alunos descobrir que por detrás daquela máscara de arrogância mora um ser frágil e inseguro. E com certeza não vai demorar muito até aparecer o engraçadinho que vai fazer 'aquela' pergunta para desconcertá-lo. O professor bom, não. Esse aí demonstra sua autoridade sem ser autoritário, diz que não sabe e deixa a impressão de ser sábio, corre risco esbanjando segurança, dá aquela velha aula como se fosse a primeira e entra na sala com emoção de ator no palco.
Professor que é bom mesmo olha o aluno no olho, sabe que tem seus limites e os deixa claro para seus pupilos. O bom professor é amigo - não necessariamente depois da aula, mas no olhar de cumplicidade e empatia que só o professor que é bom sabe dar. Esse aceita desafios, levanta os alunos em desespero, mostra para os que se esqueceram que só a memória falhou. Ergue o aluno já por desistir e deixa no caderno uma palavra de confiança. O bom professor confia mesmo, de verdade. Não cria palavras para agradar. Porque o bom professor acredita que todo mundo aprende e que não há limites para o conhecimento. Ele sabe, no entanto, que há pessoas mais lentas que as outras, que cada um tem seu tempo e que ele não pode apressar o rio. Sabendo disso, o bom professor entrega nas mãos de seus alunos a sabedoria de que precisam para tocar seus próprios barcos, remar com seus próprios remos e colher seus próprios frutos, com suas próprias mãos. Professor que é bom ensina mais do que está no livro, se preocupa com o que diz e como diz e sabe que educação não é brincadeira. O bom professor caminha sobre as suas próprias palavras e por isso emana respeito. Ele sabe que o que faz é o exemplo para as vidas que tem ali na frente. Professor que é bom mesmo não distingue velho de criança, rico de pobre, branco de preto. O bom professor é cego para essas coisas, mas tem visão de raio x quando o assunto é ver a essência, olhar lá no fundo, lá dentro de cada uma daquelas criaturas sentadas à sua frente.
O bom professor, para lhes falar a verdade, encara o olhar do aluno como o olho mágico que lhe dá acesso às suas almas. Ele abre a porta, ergue a mão e caminha de mãos dadas com suas almas-aprendizes rumo a um mundo de lições que não acabam nunca. As duas almas, iguais, aprendizes. O mundo, acolhedor, à espera deles. Fazem um pacto de união eterna o professor, o aluno e o mundo. Mesmo distantes, mesmo no escuro, mesmo que nunca mais convirgam seus caminhos, um terá o ombro do outro, o afago das palavras eternas e o aconchego de um mundo de trocas sustentáveis que um dia criaram.

quarta-feira, 20 de abril de 2005

Barbooooooousa!


Quem, com idade compatível, não se deliciou com a TV PIRATA nos anos 80... e agora lançaram o DVD e simplesmente não consigo parar de assistir. Estava curioso para saber se eles eram tão bons mesmo ou se era eu que ria de qualquer coisa. Eles são bons mesmo. Eu devia ser besta na época sim, mas as risadas eram bem merecidas. Que saudade... Aluguei o DVD, mas trata-se de uma relíquia que um fã ardoroso como eu tem que ter. Deixa o preço baixar...

Falo mais sobre TV PIRATA em posts futuros. Quarta-feira é um dia daqueles, bem cheios de atividades, graças a Deus, e por isso os posts nesse dia são rapidinhos. Bom dia a todos!

terça-feira, 19 de abril de 2005

Empates II – o diálogo com você continua...


Uma nova página em branco, um novo mundo que se abre a uma exploração que eu não sei exatamente qual é. Sinto que o mundo tem explorado tanto e tão devidamente tudo, que me acanho diante do teclado. Muitas vezes prefiro não ter opiniões, principalmente escritas – confesso que documentos me assustam, pois sei que posso ser incoerente e injusto mesmo quando o que escrevo é criado na minha parte mais intensamente verdadeira.

Sou averso a polêmicas, cada toque meu no teclado é um estremecimento na minha alma, o medo de uma possível catástrofe, o medo de um possível confronto. Me guardo entre o comodismo fácil de temas leves e o conforto luxuoso de historinhas infantis, ou de tiradas leves de crianças – que aliás, devido ao trabalho, ultimamente, têm andado muito escassas na minha vida. Me guardo por preguiça, por vontade mesmo de fingir uma vida leve, mas me guardo, acima de tudo, de você que me lê e que eu nem sei quem é. Desculpe, não há ofensa nisso, espero que volte sempre, sim, mas não posso te enganar: eu me guardo de você. Principalmente você que me espia, me admira e volta sempre. Você, a minha dádiva e meu perigo maior, é seu o controle remoto, é sua a visão mais ampla que possui de mim. Você me vê e eu não te vejo, sabe o que te permito saber, mas de você não tenho nem essa pequena mordomia. Você me assusta.

Sei que isso tudo é parte do que imodestamente chamo de truque literário, porque na verdade é a sua não-revelação que me intriga e me inspira. Excita-me a possibilidade de estar sendo minimamente explorado nas áreas da minha casa que abro à visitação. A sua bondade e o perfume que deixa como rastro são sempre bem-vindos. Sei que já te encontrei, sei que já fui visto, sei que já te abracei em um sonho qualquer, e sei que, no fundo, você é dessa casa mesmo, esse mundo nos pertence, esse mundo é um reflexo no espelho de nós dois.

Não quero confrontá-lo nem pressioná-lo pela sua ausência-quase-presente. Não quero sequer que se revele, pois sei que a mínima revelação de quem de fato é pode me fazer perder o sabor desse trabalho inacabado, da surpresa que a tela branca provoca, da música que crio ao toque dessas letras no meu teclado anatômico. Não, não se revele, por favor. Não toque na isca, incuba-se do seu mistério, porque é dele que me alimento, me abasteço.
Então ficamos assim: faça a sua visita silenciosa de sempre, capte o que permito que capte de mim, cheire, toque as palavras, mas não me diga quem é, de onde vem nem o que tem para mim, por favor.

segunda-feira, 18 de abril de 2005

Sentidos

São dois observadores, dois carros, e duas ruas que se cruzam. Os dois carros vêm em direções opostas, em rota de colisão. Um observador encontra-se parado em um ponto onde nenhum dos carros pode ser visto. O outro encontra-se no alto de um prédio e por isso tem uma visão privilegiada do possível acidente. Esse observador do alto do edifício poderá ‘prever’ o acidente. Não porque ele seja capaz de adivinhar o futuro, mas simplesmente porque ele possui uma visão diferenciada dos demais observadores. Poderíamos dizer que esse observador é ‘intuitivo’, ou ‘clarividente’.

Há canais diversos, mas muito pouco acesso a eles. Estamos parados, estáticos diante do mundo e do que gira em torno de nós. Nossos sentidos visíveis, os que estudamos na escola, já não são mais suficientes para nos ajudar a distinguir a quantidade imensa de fenômenos aos quais nos expomos no cotidiano das nossas vidas.

Tem o cego da novela, tem o filme de Ray Charles, todos exemplos claros de como os sentidos do cego se aguçam, pela perda da visão, e ele passa a perceber de outras formas o mundo. Nossos sentidos não são apenas cinco como nos ensinaram na escola. São infinitos, mas, didaticamente, dizemos – os que acreditam - que contamos apenas com um sexto sentido extra, a intuição, ao qual não fomos, infelizmente, apresentados formalmente. É porque, de fato, somos cegos. Não vemos energias, não reconhecemos conscientemente as entrelinhas que pairam na aura de palavras, de gestos, de olhares. Cegos não porque não sentimos estas coisas, mas cegos porque deixamos que elas permaneçam no nível inconsciente de nós mesmos. Somos poucos os que crêem nessas verdades tão (in)visíveis, somos poucos os que treinam esses dons.

Quem não conhece uma pessoa, das mais queridas, que emana bondade e carisma do coração e não consegue dizer um não ou, quando consegue, não consegue fazê-lo soar verdadeiro o suficiente, porque ele já vem impregnado pelo medo de machucar o outro? E quem ainda não notou que por mais que a palavra seja um duro ‘não’ o que o outro sente não sente através dos ouvidos que captam os fonemas bem pronunciados que formam o advérbio de negação por excelência, mas o que paira na aura do que foi dito? Quem ouve capta o que emana desse ‘não’ – que, na realidade, é um ‘sim’ mal dito, um ‘quase’ reticente, um medo mal pronunciado.

O cego não-metáforico, aquele que perdeu a visão física - é dele que falo agora - este precisou, por necessidade e instinto de sobrevivência, recorrer aos outros sentidos. Uma mulher grávida recebe a dádiva de sentidos mais aguçados para proteger-se a si mesma e à sua cria. E nós recebemos a dádiva da intuição para protegermo-nos do acaso, do que não nos serve, do que não combina com os nossos padrões ou, até mesmo, para reconhecer situações em que a felicidade e uma dádiva maior nos espreitam.
Quanto de você é intuição e quanto é razão?

(do alto deste prédio vejo minha vida de uma perspectiva diferente da sua. Não sei ao certo se colidirão os carros. Sei da possibilidade das coisas. Subo aqui com freqüência, mas muitas vezes fecho os olhos ou não olho para baixo, preferindo espreitar o céu azul que, mesmo aqui de cima, é igual para mim e para você – o medo da revelação me faz optar pelo normal.)

sexta-feira, 15 de abril de 2005

Sobre velhos rastros

Quanto de mim terei de te emprestar para que realmente aquele velho Leo possa calçar os meus sapatos de hoje e ver o que vejo, sentir o que sinto, amar como eu amo? A nuvem que estava aqui se dissipou, mas deixou outra mais espessa, que me apavora os sentidos emudecidos pelo seu som de trovoada por vir. Não entendo o sentido que há nisso, não entendo a procura desfeita, não entendo esse cessar inesperado. Luto no escuro com um inimigo que sequer conheço, travo batalhas com guerreiros de séculos atrás, emudeço-me ao som dos gritos de horror, grito nos meu próprios ouvidos, mas não me reconheço. Não me reconheço nessa velha estrada de antes, não me reconheço como antes eu era, não me reconheço como o que um dia eu quis ser. É um reencontro apenas. Comigo e com o tempo que se esvaziou e escorreu pelos dedos. Um encontro com meus seis sentidos renovados, envelhecidos, enrugados. Meus sentidos estão aqui, a paisagem esta aqui, mas algo mudou.
***
As ruas de Itabuna, que foram minhas durante um ano, estão novamente sob meus pés. Numa breve visita às suas velhas e mal-tratadas calçadas, reencontrei rastros meus, que só reconheci como meus de fato pela simples presença dessa minha memória adormecida. O rio está lá, a ponte ainda de pé, as árvores mais frondosas, há uma nova praça e novos e antigos namorados ainda estão de mãos dadas. Muda a praça, mas alguns deles ainda estão ali – pelo menos até onde percebo. A minha falsa e imodesta impressão me fez pensar por algum tempo, – especificamente durante esses quase três anos e meio que separam o último dia que pus os pés aqui deste quinze de abril – como que num sonho sem sentido, que as coisas por aqui parariam pela minha ausência. Num tapa que me dói as bochechas, a cidade me mostrou que avançou, atrasou, mas não ficou no mesmo lugar. As pessoas, num truque de mágica, permaneceram, outras foram, como eu, mas a velha cidade grapiúna continua. Saudades, saudades. Não adiantaram mil visitas aqui para aplacar essa falta que sinto.(Passeios noturnos, Tati, sono vespertino, vida de interior, empregada prendada). Isso tudo não volta. Só volto eu, renovado, mais enrugado, mais sábio. Volto, revolto, faço, desfaço. As ruas ficam, o cheiro fica, mas eu que queria tanto ficar, não fico.

quinta-feira, 14 de abril de 2005

Empates

Muito do que escrevo aqui é codificado – é o código de que preciso para manter-me inteiro para mim e para você que me lê. A essência é verdade, mas nem sempre é a essência mesmo que você capta. O meu mistério, junto com a sua inteligência, combinados, resultam na essência que você capta e que muitas vezes diverge da verdade que é a minha verdade. Eu bem sei que ela deixa de ser minha quando eu a exponho. Sei que ela pertence a quem a lê e a quem dela extrai um significado. Mas não poderia deixar de te avisar isso. Nem sempre o que digo é o que eu realmente digo. Nem sempre esse ar que te faço respirar é o ar que entra nos meus pulmões. Nem sempre o tom que dou, é o tom real. Vivo, aqui, de um punhado de doces, feito criança, em um mundo que gira em torno do que imagino. Eu brinco com você, devo confessar. Brinco com sua vontade de entrar nesse carrossel, brinco com seus olhos presos nestas palavras, brinco com a sua insistência em se manter anônimo.

Há muito eu penso em escrever este post para você que me lê. Estabelecemos, todos os dias praticamente, um diálogo sobre o mundo. E eu estava em falta, porque há muito não me dirigia a você, não olhava assim nos seus olhos não dialogava sobre nós dois. Parece que a hora chegou. Eu, você e as letras. Detentores que somos da verdade, nos desafiamos todos os dias.

É por esse desafio em busca do que sou, do que você é e do que somos juntos que escrevo e me desnudo e me deixo desnudar por você diariamente. E eu sei que nesse tirar de roupas o resultado é um prazeroso e gratificante empate. Eu ganho, você ganha. E a vida? Ah, essa aí continua rodando no telão, servindo em deliciosas compotas historinhas para eu contar aqui.

quarta-feira, 13 de abril de 2005

Amaciante


Tem essa amiga minha, muito espirituosa, que estava certo dia no maior amasso com o novo namoradinho. Beijo longo, molhado, demorado. Ele, entusiasmadíssimo:

- Meu Deus, que beijo delicioso. Que lábios macios que você tem.

- É que eu escovo os dentes com Comfort! - dispara ela.

Amiga, se você ler esse post, me diga: depois dessa, onde foi parar o tesão?

*Minha homenagem ao delicioso DIA DO BEIJO .

(e não é que logo hoje acordei com seu beijo emoldurado nos meus lábios, seu gosto que agora já conheço, seu cheiro que ainda permanece aqui: cheiro adivinhado, captado pela sua voz nos meus ouvidos, materializado na forma desse toque onírico...)

terça-feira, 12 de abril de 2005

Flecha

É por ser nó, que te entendo laço
É por ser vivo, que te entendo insone
É por ser nuvem, que te entendo cinza
É por ser frio, que te entendo neve.

É por ser maio, que te entendo branco
É por ser flor, que te entendo espinho
É por ser rápido, que te entendo estrela
É por ser sonho, que te entendo nada

É por ser triste, que te entendo espelho
É por ser claro, que te entendo face
É por ser breve, que te entendo luz
É por ser meu, que me entendo todo


Por você já passei noites em claro – difícil dormir de tanto que meus olhos brilhavam. Por você já cruzei o deserto de mim mesmo, só para me reencontrar ao seu lado. Por você calcei as botas velhas e peguei o rumo da estrada que eu sequer sabia até onde ia, mas sabia que levava a você, minha água no deserto, minha salvação no frio da noite, meu cobertor de pé, de alma, de corpo nu. Por você ignorei os ciclos constantes da vida, ignorei meu medo infantil de monstro escondido embaixo da cama, de menino que, afobado, compra álbum de figurinhas já quando vê a propaganda, na inocência de querer ter tudo aquilo nas mãos pequenas. Por você já saquei a arma, atirei para o alto, espantei passarinhos. Por você nadei em rios de águas escuras, peguei no lodo com as mãos, rasguei páginas escritas. É por você que eu ando percorrendo caminhos insones, é por você que me dói a mandíbula aberta e alargada por esses sorrisos perenes.

É por você que nunca toquei, nunca vi, nunca senti o cheiro, que eu refaço esses dias, pintando-os de cores novas e vibrantes, é por você que surpreendo o mundo com essa felicidade absurda, misteriosa para tantos, mas tão reveladora e simples para mim mesmo e para os nós que nos unem. É por causa de você que desfiz antigos laços complexos e que arrisco um futuro incerto, cuja fotografia nem mesmo (re)conheço. É por você que ignoro onde estamos, para onde vamos e que pedras tocam meus pés. É por essas pedras que te protejo, é por estes gritos que te tapo os ouvidos, é por esses medos que te conforto, enorme, nos meus abraços. É por essa música que me entendo vivo, é por esse gesto nosso que parto rumo ao seu mundo emprestado, à sua cama emprestada, ao seu teto provisório. É por ser improviso que te sinto aqui, é por ser provável que te entendo alvo. É por ser você o que miro que me entendo eu, flecha certeira.
(Bobabem, meu filho, bogagem. O seu dia-a-dia não é sequer feito desses toques no teclado que insistem em adivinhar seus segredos, mas dessa sua vontade inspirada de alcançar o ponto frágil que toca o limite das suas palavras. Não justifique-se, não mude o tom, não altere sequer uma palavra. Sua Clarice já avisava quanto à necessidade de respeitar o que lhe ocorre. Mantenha as letras e o som que exala delas. Como ouvem a sinfonia, como decifram as notas? Ah, isso você deixa com eles.)

segunda-feira, 11 de abril de 2005

Sobre os desejos e revelações de um poeta fajuto


A minha incoerência, a minha falta de consistência,
a minha completa inconsciência.
A minha rima fácil,
minhas palavras trocadas,
meus textos paridos sem plano, por puro engano,
desgastados com o tempo, solúveis, ingratos.

Intragáveis.

Lidos por fantasmas, pedintes
Passageiros de viagem sem volta
Passageiros de viagens diárias
Amigos que me observam de longe,
Cuja distância não sei sequer medir.

Poeta frouxo
Imodestamente low-profile,
Neologista barato, consultor de sinônimos,
Não pensa, não pena,
Não calunia, mas também não elogia,
Não sabe de onde vem
Não sabe pra onde vai:
perdeu o faro.
(Não tem nem o que de fato tem.)

Queria ler Quintana, entender Clarice,
Roubar as palavras mortas de Drummond
e escrever um blog só de poesias inéditas.
Queria surrupiar as idéias frescas de Saramago
e publicá-las em um livro igualmente inédito de períodos longos
Queria a profissão de criar apenas títulos
Para livros que já foram belamente escritos.


Queria saber contar versos e rimar palavras.
Tem vontade de juntar a imprensa e revelar

Que era ele quem escrevia tudo aquilo
Que os pseudônimos de Pessoa assinavam embaixo
E que na realidade ele é o próprio Álvaro,

Elo pseudo-fictício criado por Fernando.

A sua pretensão é tanta que ele acha
Que apesar da idade ele é um ser de longas datas
Que Raul aprendeu com ele
Antes mesmo de nascer na época de Cristo.

Mas o que ele queria mesmo

Era queimar os arquivos
Que insistem em guardar esses textos velhos
Incendiar tudo
Não deixar um rastro sequer.
Voltar ao que era quando as palavras ainda não sabia
Quando tudo que fazia era chorar choro de fome e frio
Voltar ao momento primeiro da sua vida
Ao toque mudo dos gametas, e começar do zero
respirando apenas o silêncio
Que há nas palavras.

sábado, 9 de abril de 2005

Isca cyber

Algo me diz que um dia serei o par de um fantasma que ronda a minha aura cibernética, adivinha meus pensamentos, penetra nos meus dias, mas, como bom fantasma, não se revela. Sinto que ele se aproxima quando olho no contador e sei que aquele exato número foi o da sua visita, pois passou e deixou um cheiro que me embriaga ao toque do enter. Pensa que não, mas vejo seu rastro, uma ou outra lágrima que deixou escorrer, sinto a sua timidez e sei exatamente de onde vem, para onde vai e onde está fadado a morar para sempre.

Risquei umas palavras aéreas no meu céu virtual e o fantasma comeu a isca. Agora é esperar, pacientemente, para que o sufoco da sua ausência de palavras faça com que ele puxe a linha, me tirando do sono profundo de pescador em barco vazio em que me encontro.

Maquiando mortos

Se tem uma coisa que americano faz bem é série para TV. Quem tem acompanhado esse blog sabe que nos últimos dias tenho me tornado um TV-series-freak (e olha que deixei de mencionar que passei o último domingo assistindo à quarta temporada inteira de Sex and the City). Quem leu o post de ontem sabe que a bola da vez é o ótimo Six Feet Under, ou A Sete Palmos aqui no Brasil.

A série gira em torno da família Fischer, dona de uma funerária em Los Angeles. Nos EUA é muito comum o trabalho de restauração e embalsamento de cadáveres porque os funerais lá duram dias - algo levemente parecido, uh, com toda essa celebração que vocês viram ontem na TV, sobre a qual recuso-me a comentar aqui. Pois bem, a começar pela contextualização do seriado, já se tem algo único, incontestavelmente original. Eu fico aqui imaginando como seria crescer em uma casa onde todos os dias, invariavelmente, tivesse que me deparar com um funeral - isso mesmo, a família mora na mesma casa onde funciona a funerária. A todo momento o contato com a tristeza e a energia da perda: gente chorando, gente gritando, desarmonias. Se ir a um enterro uma vez ou outra na vida já é um horror para muitos de nós - não digo todo mundo porque, eu sei , tem gente que a-do-ra enterros -, um desgaste imenso, imagine ter isso como trabalho, como ganha-pão.

De cara, além de original, o tema é muito difícil. Abordar semanalmente a morte e ainda fazer sucesso não é fácil. Precisa-se de mãos e cabeças hábeis e uma dose generosa de sensibilidade.

***

Tem uma cena interessantíssima em que Ruth Fisher (a mãe), uma mulher sexagenária, resolve trabalhar em uma floricultura. No meio do expediente, enquanto chorava em prantos, é flagrada pelo chefe:

- É o cheiro das flores. São mais de 35 anos convivendo com esse cheiro. E, para mim, ele sempre significou o cheiro da morte, da tristeza. - explica Ruth, em prantos, o motivo das lágrimas.

- Não se preocupe, com o tempo você acostuma - responde o chefe.

- Não, eu já estou acostumada. E amando descobrir que esse cheiro é também o cheiro da felicidade. Saber que as flores também enfeitam batizados, quartos de recém-nascidos, casamentos. É como se tivesse me esquecido disso. Estou chorando de alegria.

***

E eu estou aqui. Bem, não posso dizer que chorando, exatamente, mas encantado com a beleza da arte, da inteligência e, porque não, da morte.

Bom sábado.

sexta-feira, 8 de abril de 2005

Leve toque

O ano era 2002 e eu participava de uma conferência de professores de inglês em Belo Horizonte. A palestra era com o interessante Paul Davies, autor de alguns livros didáticos na área. A palestra era sobre velhos hábitos. Ele, com mais de 30 anos de ensino, propunha que fizéssemos uma lista rápida de coisas que repetíamos no dia-a-dia, coisas que, de tão exaustivamente repetidas, já estavam incorporadas de tal forma no nosso inconsciente que obedecíamos de forma automática, sem questionar o valor ou objetivo daquilo.

Na lista dele estavam desde o mero Good Morning, repetido todas as manhãs, até o fato de sempre fechar a porta para dar aula. Passou por pontos polêmicos, como a necessidade de um plano de aula para entrar na sala. Ele batia na própria nuca e argumentava que já estava tudo ali: "não desprezo a necessidade de um plano de aula, mas vocês têm um montante de experiência tal, que numa emergência qualquer podem, sim, dar uma aula abrindo mão de passos bem explicados." Velhos hábitos sendo questionados, papel queimado, mais segurança, mais auto-conhecimento, mais amor à profissão. O tema era intrigante e continua sendo. Aplicável a todos nós, no nosso dia-a-dia automatizado e às vezes cheio de tensões e vontades sem muito fundamento.

***
Vejam isso:

* Já se deu conta de quantos músculos você põe em alerta enquanto, por exemplo, dirige? Observe isso conscientemente e verá como é incrível a quantidade de músculos que colocamos prontos para nada.

* Quantas vezes você já se deparou, em pleno feriado, olhando no relógio e programando, mentalmente, uma hora para fazer isso ou aquilo? O velho hábito de viver para os compromissos, para o relógio, para a escravidão das horas.

* O relógio biológico por vezes nos toma de assalto e, com o botãozinho onde se lê 'velho hábito' devidamente pressionado, nos acorda em pleno domingo às seis da manhã. Como se não bastasse acordar, ainda tem aquele que levanta, se arruma todinho, toma café e depois que entra no carro nota que as ruas estão vazias. 'Caráleo! Hoje é domingo!'.

E assim vivemos, e assim passamos pela vida. Inconscientes, zumbis, pedintes, mendigos do tempo. Passamos pela velha linda paisagem, mas só conseguimos nos concentrar nos dez minutos que restam para chegarmos no trabalho. Trabalhamos de frente ao mar, mas só vemos as nuvens negras que estão prestes a desabar, inundando o tempo. E assim passa um, passam dois, passam três amores. O antigo hábito que tem como referência a velha fotografia do ideal nos corrompe a sensibilidade e embaça os olhos e tudo que olhamos é o que toca o horizonte, distante. O velho hábito de ignorar o próximo, o disponível, o presente.

Aproveite essa sexta-feira, dia mais leve por natureza, e sinta-se, observe-se. Desenvolver a autoconsciência é como passar de leve a mão em si mesmo. O toque vem em mão dupla, envolve a gente num abraço de corpo inteiro e esquenta o coração.

Namasté.
***

UPDATE

Muito orientado para o 'visual', me incomodou demais o fato do site do BLOGSPOT ter saído do ar ontem e só retornado agora, não me permitindo a edição do post. É ótimo vê-lo agora, todo arrumadinho.

***

Aproveitando a sexta livre e me deliciando com mais um inteligente seriado americano : Six Feet Under.


quinta-feira, 7 de abril de 2005

Trailer do Apocalipse


O século agoniza. O rapaz na cama agoniza. Para muitos, aqueles poderiam ser os últimos anos do planeta igualmente agonizante - um paciente em estado terminal.

Melancolia. Dor. Desesperança. Aquelas vidas estão impregnadas de um vírus estúpido, de descrença e de desorientação. O angelical aparece em um momento como contraponto necessário àquela dor. O onírico se mistura com o real, a dor com a possibilidade da salvação. O anjo primeiro de asas brancas e depois, furioso, com as asas negras, parte em busca do profeta - até os anjos, conclui-se, precisam ser salvos.

Nenhum daqueles passa incólume ao grande julgamento final - afinal, estamos nos últimos dias do homem na Terra, e o momento é de julgar, de penar. O momento é de sacrifícios, é a hora de se olhar no espelho e assistir ao autodesmoronamento. Olhar no espelho e se ver negando a si mesmo. Olhar no espelho, tomar uma pílula mágica e partir rumo a uma alucinação. O momento é de alucinações, de diálogos surreias dentro de sonhos, é hora de visitar o seu sonho, é hora de te receber nos meus sonhos, servir um chá e falar sobre o fim de tudo - ou o reinício tímido de algo novo.

Nenhum deles é santo. Nem o anjo, nem a mãe, nem a esposa, nem o mórmon enrustido, nem o advogado, nem o enfermeiro, nem o que definha, nem o que abandonou o que definha, nem o anjo do Central Park. Ninguém, ninguém escapa ao Julgamento Final, ao trailer do Apocalipse. Nem eu, nem você.

Não escapamos mesmo. Nem se fecharmos os olhos e ignorarmos o espetáculo que dura seis horas e termina deixando pedaços de penas negras e brancas espalhadas por onde quer que se olhe ao redor da vida.

***
Procure e alugue ontem "Angels in America".

terça-feira, 5 de abril de 2005

Rodo e esponja

Existem dois lados no instrumento. Um lado é a esponja, a parte que absorve a água – a parte integrativa, a que permite a atuação no meio, a que faz a outra parte mais dura deslizar e que torna possível a existência do instrumento por sua função lubrificante e facilitadora.

O outro lado é o rodo. Duro, quase cortante, o que arrasta, retira, exclui. Com ele faz-se a seleção, o abate.

Esses meninos têm nas mãos a representação dos seus destinos. A esponja eficientemente molha os vidros dos carros e faz deslizar o plástico quase cortante. De posse do plástico duro, o que se faz é abatê-los. Sem água, sem vaselina, sem piedade. Exclui-se, não absorve-se. Retira-se como poeira acumulada, como sujo indesejado.

Todos os dias o menino repete o gesto inúmeras vezes. O gesto do seu destino. A sina de repetir o signo sarcástico, a metáfora irônica. A que descreve a sua expulsão do paraíso sem direito a fome aplacada por maçã do desejo.

Quem criou a metáfora mora dentro do carro. Separado por vidros fumês e gestos indiferentes ele vê apenas o menino arriscar a ação novamente em troca de centavos. Passa a esponja, molha. Passa o plástico, retira.

O homem, motorista, intáctil, no carro. O menino, passageiro, volúvel, no asfalto.

segunda-feira, 4 de abril de 2005

Texto entalado na garganta

Sei da tua fome por mim, sei da sede que sentes, do calor que te sobe a face, não sei pelos caminhos por onde tens andado nesses últimos tempos, mas posso arriscar a certeza de que eles, em alguns quilômetros, coincidem com os que percorro. Sei que acompanhas o meu passo, que sonhas em saber quantas horas dormi naquela noite, quantos sonhos ainda permanecem aqui e quantos eu ainda nem sequer sonhei em sonhar. Sei da falta que sentes das minhas confissões, sei da falta que sentes do meu número piscando no seu visor, sei da falta que sentes de saber quem eu ainda amo, quem eu não quero mais amar, quem ainda me ama e quem não quer mais amar. Sei que imploras aos céus que tudo volte a ser como era antes, que sofres com a falta, que planejas dias de sol ao meu lado, dias de sorriso solto, de muita alegria, dias, confesso eu, que sinto muita saudade.

Tenho vivido a minha vida com suavidade, percorrido novos caminhos, buscado novas paisagens, explorado novos toques na superfície que permeia a minha vida e a dos que vivem ao meu redor. Tenho buscado uma leveza maior de alma, e tenho companheiros nesta jornada aos quais tenho buscado me juntar por acreditar que a união gera forças mais poderosas. Tu com certeza sabes disso. É verdade que muito menos do que desejarias, mas sabes o quanto te permito que saibas. Sei que a tua dor brota dessa certeza, porque por mais que tentes, vai sempre haver um furo na história, uma linha não explicada, uma ato que não faz sentido na distância em que te encontras.

Todos os dias rezo para que a tua vida também seja leve, que o sono te pese aos olhos inesperadamente quando encostas a cabeça no travesseiro, que a tua vida seja próspera e cheia de conforto. Te desejo à distância, porque, apesar de nutrir por ti um carinho imenso, sei que nossas vidas são mais saudáveis assim.

Espero, de coração, que aceites essa distância como uma dádiva que nos damos um ao outro, um presente que a vida está nos concedendo em prol de um momento de paz. Espero que encontres um alívio nessa dor que ainda insiste em te unir a mim, mesmo que eu não queira mais. Te garanto que te sentirás leve quando olhares da tua janela não mais na minha direção, mas na direção exata da tua felicidade e descobrires que ela se abre todas as manhãs para um mundo diferente, pronto para ser explorado e sentido com a leveza das penas de um pássaro azul.

sábado, 2 de abril de 2005

Av. 7

COMPRO OURO ou qualquer outra coisa que seja preciosa e dure muito. Só aceito ouro de 18 quilates, com procedência comprovada. Compro em todas as formas: desde as barras mais quadradas e feitas apenas para o comércio insensível, até anéis românticos, com os nomes ainda cravados na sua parte interna. Dou preço justo e prometo não deixar que o tempo - que de tão implacável, tenho aprendido, até ouro destrói - lhe tire o brilho. Promessas de muito cuidado, lavagens e polimentos períodicos, com o melhor que há de química no comércio.

Meteorologia

"Cada gota, um gesto que libero ao mundo. Quem lhes toca, sente a imensidão do que sinto."
Existe coisa mais inexplicável e bela no mundo do que chuva caindo do céu? O mundo parece que está desabando em lágrimas de anjo.
Cada gota, uma célula que se limpa no corpo daquele rapaz que caminha sob o temporal em cidade feita de açúcar. Cada gota purificada, com gosto de céu e de nuvem cinza, percorre os cachos de seus cabelos e volta em forma de gota à sua boca sedenta. Ele abre os braços para que a superfície de contato com a pureza da água aumente em seu corpo o contato com a pureza angelical. Os olhos turvam - uma pausa na clareza dos pensamentos - pela presença espessa dos pingos que lhe escapam o corpo.
A vontade é de pisar nas poças contaminadas pelo chão sujo de pés humanos, é de se fazer guarda-chuva imenso para não deixar que escape uma gota sequer daquele choro que parece sem fim. A promessa das nuvens cinzas aplaca esse desejo intenso de possuir tudo que cai - o outono acena do alto, numa promessa de muita águas jorrando dos céus. Ele espera, ansioso.
Hoje, de novo, tem dois!

sexta-feira, 1 de abril de 2005

Um post a R$ 2

“A maior recompensa que se recebe por um ato de doação é descobrir-se capaz de doar-se.”

(Conversando com Deus – citado, por mim, de memória)

***

"- Bem, a telespectadora X de tal lugar diz que tem um namorado de nome Fulaninho, a quem ela ajuda demais e ama muito, mas que nem sequer lhe agradece pelas bondades que recebe dela. Ela quer saber como agir nessa situação.
- Minha filha, continue amando e ajudando. Amar é uma doação, não um negócio."

(Entrevista concedida hoje pelo médium Divaldo Franco no Bahia Meio-Dia, programa da TV Bahia)

***

Menti para vocês. Confesso que, pelo lirismo de um post (Através dos vidros fechados, de 17/03) eu menti. Na realidade aquele menino não recebeu sequer uma moedinha de um centavo de mim, ele não recebeu nada, a não ser, talvez, um breve sorriso de quarta-feira.

Tenho que assumir a mentira porque hoje foi diferente. Passava pelo mesmo sinal, só que com um sorriso de quinta-feira - só isso já me abre as janelas sensoriais, já me alarga a alma – e o mesmo menino estava lá, com talvez ainda os mesmos cocos catados num lixo qualquer. E a cena enquadrou-se na minha tela e vi a ilustração do que escrevi aqui. O menino terminou o espetáculo, educadamente agradeceu ao público e fez o que faz sempre: esperou que uma alma lhe desse os dez centavos de sempre ou de quase nunca. Lembrei da mentira e peguei duas daquelas moedinhas de duas cores – ultimamente estou muito generoso com o universo como forma de gratidão pela sua generosidade comigo – chamei o menino e lhe entreguei nas mãos.

- Pô, tio!!! Obrigado! Valeu mesmo. – Olhou de novo nas moedas. Não acreditava naquilo. Pela hora da noite – já passavam das onze – ele já tinha, talvez, perdido as esperanças.

Afastou-se do carro e acenou para algum colega do outro lado da rua. O garoto sorria de uma forma que não se imagina que um garoto daqueles pode sorrir.

Aquele garoto me salvou. Primeiro porque eu ainda não sabia sobre o que seria o post de hoje, segundo porque ele sorriu para mim, terceiro porque ele me obrigou a desfazer uma mentira. Uma mentira literária, é claro. Os deuses que protegem os blogueiros já haviam me perdoado de qualquer forma., mas não vou mentir que aquele sorriso lindo perfumou a minha alma.
Hoje tem dois!

Automedicação ao extremo

Essa não podia passar. Estou eu na farmácia – comprando camisinhas (sim eu uso sempre) – e ouço o diálogo abaixo:

- Moço eu tô precisando desse hormônio senão meu pé vai começar a doer. – Sim, era o pé mesmo.
- Minha senhora, eu já disse que não sei de qual hormônio a senhora está falando.
- Ah moço, é um que perece com XXXXXXX.
- É melhor a senhora procurar um médico.
- Que médico nada, já fui e ele receitou, só que eu não lembro o nome assim de cabeça e o meu pé vai começar a doeeeeeeer!!!.
- Infelizmente não tenho como ajudar.
- Já sei! Vá aí dizendo o nome de todos os hormônios que você vende nessa farmácia que eu acabo reconhecendo o nome.

Neste momento, com medo de violência, recolhi minhas camisinhas e num gesto rápido me retirei. Nem sou louco de ficar lá e ver o cara se jogar em cima da mulher e dar um monte de bofetada. Porque, vamos admitir: ela bem que merecia.