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segunda-feira, 31 de julho de 2006

[como se vende pamonha na bahia]

[poeiras]


"Guardar uma coisa não é escondê-la ou trancá-la. Em um cofre não se guarda coisa alguma. Em cofre, perde-se a coisa de vista. Guardar uma coisa é iluminá-la ou ser iluminado por ela." -(Antônio Cícero)

Guarde-o sim, mas visite-o, retome-o em seus braços com freqüência absoluta. Não importa o quão bem guardado esteja, a poeira há de encontrá-lo, caso não passe um pano úmido de seu cuidado diariamente. Caso deseje colocá-lo em arredoma de vidro, o faça o quanto antes: pode ser que, de tão grande e pesado, não haja invólucro que o abrigue, não haja fôrma que o aloje, nem força que o contenha. Se tem um objeto amado, use-o, no melhor sentido da palavra, ou poderá vê-lo empoeirar, depois definhar, para enfim misturar-se com os abandonados, queridos de tempos atrás, possuídos apenas pela fúria gananciosa dos que não abrem mão do que têm, sem saber que quem tem e não dá nunca possuiu nada.

quinta-feira, 27 de julho de 2006

[eis édipo]


Já estava pronto para apagar a luz e veio uma frase.

Já está na hora de avançar, disse-lhe o espelho. Algo mudou, uma vassoura caiu no meio da noite, um estalo, um grito, depois um leve sussurro e imediatamente depois, sem avisos, o caminho, enfim, da maturidade.

Já era capaz de ouvir a vassoura caindo, no meio da noite fria, sem sentir aquele medo atroz de quando era criança e tinha de cobrir as orelhas e os pés, mesmo com o calor que invariavelmente fazia nos trópicos. Ele é filho dos trópicos. Filho também de pai e mãe amáveis por demais. Tem aprendido a amá-los, entendê-los, amá-los novamente e, como numa espiral que retorna a si mesmo, entender-se por completo. Mas voltando à vassoura: a vassoura é importante, pois é ela a metáfora dos medos que tinha, os medos que já passaram, assim como já passou a infância. Desta vez, no entanto, parece que já se vai de verdade. Os resquícios da queda da vassoura e do barulho seco que ecoou por dentro do quarto escuro, o grito, depois o sussuro. Os sons que povoavam o seu ambiente vinham decrescendo em intensidade absurda até o momento que surgiu o inevitável silêncio. Com ele, a vontade de abrir a sua própria porta, ter seu próprio olho de vidro, inabalável como o do Super-homem, ver a Terra lá de cima. A sua Terra, o seu mundo o seu Universo.

Voltou-se para a luz ainda acesa e lembrou-se do tempo em que se agarrava a ela, à claridade artificial que fazia rodar, solitário, o contador lá fora, para fechar os olhos sem o pavor que trazia a escuridão. Mas a luz, apesar de acolhedora, fazia revelar-se logo ali à frente a imagem da mãe sorrindo, mãe que estava no quarto ao lado, mas fazia falta como se já estivesse morta. Voltou-se de novo para a luz acesa, a luz que agora não mais se espalhava inteira pelo quarto, mas focava com leveza uma outra foto. Não era mais a mãe, não havia mais o medo, não havia mais o quarto ao lado, a parede - que para ele era a morte - o separando do seu grande e primeiro amor.

Agora, o que havia era a luz fazendo um túnel, iluminando a parte de si mais valiosa, parte que deixaria tranqüilamente no escuro enquanto embarcasse nos sonhos, por que tinha a certeza que ela voltaria nas horas oníricas muito mais viva, muito mais iluminada, porque agora vinha tomada por ele, por seus braços longos e calmos que acolhiam, que traziam para perto e punham-no ali, sob o foco radiante do seu olhar.

Voltou-se para a luz ainda acesa. Pensou novamente se havia uma nova frase. Não havia. Só um sentimento não-verbal era o que havia. Fez a oração de agradecimento, e fechou-se na sua escuridão, à espera dos novos sonhos.

quinta-feira, 20 de julho de 2006

[dona edith]


Insano esse vídeo. Quem não conhece uma dessas?

terça-feira, 11 de julho de 2006

[lying on the couch]

O autor do livro é Irvin D. Yalom, Wilker. Ele é ainda o autor de ‘Quando Nietsche chorou’ e ‘A cura de Schopenhauer’. O nome é ‘Mentiras no divã’. Um livro bem interessante sobre terapia, que percorre os caminhos das mentes do analista e do analisado, as mentiras, as fraquezas humanas, além de dar ótimas dicas (?) a respeito do que é o processo. Caiu nas minhas mãos em um momento interessante, em que estou fazendo terapia e cada vez mais apaixonado pelos mistérios do inconsciente. Não se trata de nenhuma obra-prima. O livro é apenas bem escrito, tem uma trama interessante, mas para ser uma obra-prima, um livro inesquecível, o autor teria de ter um estilo. Não há sequer resquícios de estilo na forma como ele escreve.
Há revelações interessantes. Há discussões sobre ética, transferência e contratransferência (a identificação do analista com o analisado). É interessante observar que as fraquezas humanas estão em todos – inclusive nos analistas (!!), mas que a técnica ajuda a disfarçá-las. Isso é o que mais me instiga no livro: a discussão acerca do quanto do analista pode revelar-se ao analisado, questionamento que acredito ser, talvez, o mote central do livro – ao que tudo parece, já que li apenas 55% do total.
Pessoalmente, não gostaria de saber nada a respeito da minha terapeuta. Assumo que é bom para mim estar alheio aos problemas que ela possui, é bom para mim vê-la como um ser imune a intempéries. Ajuda no processo. Ernest, o personagem principal do romance, pensava assim até um certo momento. No ponto em que estou, ele resolve testar a honestidade total com uma de suas pacientes – tudo indica, uma escolha erradíssima de cobaia – e permitir-se revelar diante dela. Até perguntas ela está livre para fazer. A única restrição a essa diretriz de honestidade absoluta é a seguinte: seja honesto na medida em que isso for útil ao relacionamento com o paciente.

E a pergunta fica: nas nossas relações até que ponto essa diretriz deve nos guiar?

segunda-feira, 10 de julho de 2006

[closer]

Ultimamente venho descobrindo os prazeres da fotografia. Não penso, obviamente, em mudar de profissão, mas me agrada sentir o surgimento de um hobby que pode me render muito prazer. Encanta-me, principalmente a fotografia macro, aquela que a lente chega perto do objeto. Tão perto que lhe capta quase uma verdade. De perto, captando a sua anormalidade. É assim: de longe é um jardim. De perto, é uma flor cheia de detalhes incríveis. De longe, uma praça, de perto, um besouro de cores inspiradoras passeando na pétala de uma orquídea. De longe, mato verde, daquele que você passa por cima sem nem ver. De perto, flores minúsculas crescendo e se tornando gigantes de beleza escultural pelas lentes que quase as tocam.

Fotografar coisas que geralmente passamos sem perceber é um exercício de sensibilidade. É um salto enorme: o que antes era pisado, ou ignorado, hoje é admirado, passa a ser objeto de encantamento, de busca, para enfim ser armazenado numa imagem que pode durar para sempre.

Lá em Rio de Contas, as pessoas não entendiam o que eu fazia a uma hora daquelas trepando, no bom sentido, por entre as margaridas, ou encostando tanto naqueles pés de mato. Custou um bom pacote de paciência ao meu amor, que teve de se recostar nas pedras, no meio das trilhas, para esperar que eu captasse mais uma imagem daquela florzinha minúscula. Em Conquista, eu fiz o teste: em uma volta no quarteirão, foram mais de 50 fotos. Fui numa Lan House – nesse mesmo quarteirão - descarregá-las e perguntei à dona do local se ela reconhecia onde haviam sido tiradas aquelas fotos. Ela não reconheceu.

Tenho aprendido o quanto andamos distraídos. De perto, realmente, Caetano, ninguém é normal. E ainda acrescento: somos quase ignorantes das nossas anormalidades.

(veja mais fotos no Lambe-lambe, ao lado)

sábado, 8 de julho de 2006

[flores para quando tu sonhares]

Estou na cidade onde o tempo se estabiliza. Estou na cidade onde o tempo não passa. Fica. Essa é a cidade do Tempo, onde ele encontrou-se a si mesmo e parou. Parou e convidou os passantes a parar. A única noção que se tem das horas, por estas bandas, é o contorno que o bem-vindo sol faz nos céus – bem-vindo, porque há um frio estremecedor, que se aloja nas casas e nas sombras nesta época do ano. Não há relógios funcionando, pergunte a qualquer passante que a resposta será um tímido ‘não sei do que fala, esse tal de tempo, por aqui, nunca esteve’. O Tempo está. Desde sempre foi aqui o seu alojamento, desde a época em que chegaram aqui os negros, fugindo das horas amargas das senzalas, desde a época que passaram por aqui os portugueses construindo estradas que fariam o tempo parar e ficar. Desde as minhas velhas encarnações eu tenho passado por aqui. Talvez como escravo, opressor, minhoca, abelha que adora orquídeas, não sei. O fato é que tudo é tão familiar. Talvez porque é tudo muito parecido com o início. Desde o início onde, eu sei, não me engano, o Tempo já existia e fazia as coisas se moverem, mas já adormecia tranqüilo nos braços de quem escuta esse silêncio.

(O nome desse paraíso é Rio de Contas, BA. Estou a mais de mil metros suspenso no ar, em braços amados, por entre flores que de tão lindas e vaidosas se mexem tanto quando chego perto para fotografá-las, que não consigo o foco. O vento, nesse silêncio que faz aqui, me põe, também, a balancar, quase perdendo o equilíbrio em queda ao chão. Mas gosto dessa busca do outro pelo meu foco, gosto da dança que toma as mãos do fotógrafo enquanto ele tenta arrancar de mim a nitidez perfeita.)