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domingo, 13 de março de 2005

Todo bom

Ser bom por inteiro. Isso eu queria ser. Ser não, que ser eu já sou. Queria saber acessar essa bondade que jaz em algum canto escondido - porém plenamente acessível - em mim.

Foram duas as vezes e foram vezes seguidas que chegou até a mim um mendigo pedindo esmola nas últimas 24 horas. E nas duas vezes subiu uma certa impaciência, uma vontade de sumir dali, uma vontade de não ter de me deparar com aquilo tudo, com aquele teste. É porque com certeza eu estava sendo testado, porque nunca sei o que fazer nessas horas; e logo eu, que quase sempre sei qual a atitude mais sensata, apesar de assumir e confessar a vocês e a mim mesmo que nem sempre é a atitude mais sensata que eu escolho. Pois confesso, angustiado, não soube nem qual seria a atitude mais sensata diante daqueles pobres homens.

Vamos explorar 'pobres'.Pobre aqui poderia ter dois sentidos: pobres de dinheiro, que realmente eles eram, isso é fato incontestável, e pobres de espírito, porque poderiam querer aquele dinheiro para um ato ilícito qualquer, ou até mesmo pra comprar cigarro ou bebida. Nos dois casos, o mesmo problema: será que está certo eu dar dinheiro na rua a qualquer um que me pede, será que é de fato 'fazer a minha parte' dar o dinheiro apenas, sem me preocupar com o fato de estar agindo irresponsavelmente?

Minha consciência fica pendendo para o lado 'sensato materialista' e o lado 'sensato espiritualista'. Cada um dos dois me dá argumentos fortíssimos, racionais até - sim, para mim argumentos que envolvem o que não se vê podem ser racionais. Mas a resposta de um contradiz a do outro, ou até apóia, mas de forma tão contraditória que ao invés de ajudar complica ainda mais. E fico eu, olhando nos olhos famintos não sei de quê dos dois mendigos. Eles ali na minha frente, representando um dilema, eu na frente deles representando uma salvação qualquer. Algumas vezes opto por salvá-los e lhes entrego o dinheiro, me dirigindo direto para o inferno da consciência pesada. Ato irresponsável, ensine a pescar, tire o homem do breu ao invés de afundá-lo mais nele.

Nessas horas dá vontade de ser bom, todo bom e generoso como minha mãe. Irracional e ingenuamente ela distribui, quando lhe dá na telha, notas de cinco reais aos meninos que lhe vêm pedir um trocado. A cena é incrível: os meninos incrédulos recebendo a maior e menos provável nota do dia, ou talvez de suas vidas de pedintes. Eu resmungo:

- Mainha, você sabe como eles vão usar esse dinheiro?

- Não me interessa, estou fazendo a minha parte - E assunto encerrado.

Ela encerra o assunto da forma mais bem resolvida, porque, para ela, o assunto está bem resolvido. Talvez porque minha mãe ajuda muita gente - ensinando a pescar mesmo - e a caridade esteja arraigada na alma dela como um escudo que não permite racionalidades como as minhas, ela faça tudo com tanta leveza e desprendimento.

E olhando a bondade explícita no seu gesto, eu me confundo todo. Espirais de pensamentos me invadem, e muitas vezes escolho responder a um pedido de dinheiro na rua com um sorriso. Sem falsas pretensões, sem mexer com a energia monetária, eu apenas sorrio. Sorrio porque acredito que um sorriso pode ser uma salvação para os dois lados.