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quarta-feira, 2 de março de 2005

Virando a esquina

"Morrer é só virar a esquina e deixar de ser visto"
(Fernando Pessoa)
Desde os 12 ou 13 anos de idade a espiritualidade faz parte da minha vida. No início, era representada pelo medo dos espíritos, ali representados pelo desconhecido, pelo risco de ter os pés puxados durante o sono, ou pelo desconforto de acordar vendo alguém parado ao lado de sua cama te observando. Passei a minha adolescência inquietando a minha mãe com as minha visões – que, hoje eu sei, muitas vezes eram imaginárias – mas que tinham uma carga de realidade dura e angustiante no medo que aquele mundo que se descortinava para mim representava. Até hoje não sei o quanto daquilo tudo era minha vontade adolescente de chamar a atenção, não sei o quanto daquilo era de fato manifestações mediúnicas. Sendo o que fosse, aquelas assombrações me levaram a freqüentar Centros Espíritas onde, esperava a minha mãe, eu encontraria um caminho, uma luz e uma explicação para aquela fenomenologia toda. Não esqueço o dia que falei com Divaldo Franco - um médium baiano muito famoso – e vi seus olhos faiscando na minha direção e, na direção da minha mãe, adquirindo luzes mais brandas que buscavam confortá-la. O sorriso que ele me lançou me deu um alento que naquele dia eu não sabia expressar em palavras, mas hoje eu entendo: era um olhar de ‘siga em frente, o Amor vence o Medo’. Era isso: o olhar de Divaldo Franco era de Amor, e foi isso que nos reconfortou, a mim e a mainha. E foi mais ou menos assim que iniciei meus contatos com os estudos a respeito da Espiritualidade. Fiz muitos cursos depois disso, desenvolvi bastante os meus conhecimentos através da leitura de livros e, apesar de sempre ter muita identificação com a Doutrina Espírita, nunca gostei de dar rótulo a esse meu conjunto de crenças. Costumo dizer que sou Espiritualista. Eu mesmo faço a minha religião.

***

Existem muitas histórias paralelas relacionadas às minhas iniciações que merecem posts isolados e que com certeza pipocarão um dia na tela do seu computador. Hoje, no entanto, escrevo essa introdução enorme para voltar ao tema da segunda-feira, um tema que, mesmo para quem está em contato com a crença na sobrevivência do espírito há tantos anos como eu ainda é angustiante: a morte.

Em teoria, ela não existe. Na prática, a gente vê e sente. E nesses dias em que a minha família inteira está tão próxima dessa energia, não faltam discussões acaloradas sobre o tema. Todo mundo fala e repete para si mesmo que a morte não existe como se, num coro, tentassem convencer a si mesmos da verdade que essa frase representa. É o choque entre a crença cultural, enraizada em todos nós através do medo da morte e de tudo relacionado a ela, e a crença no Espiritismo, relativamente recente, especialmente entre os mais velhos, como meu avô, que passou a dar importância a essas verdades depois que minha avó se foi, há apenas dois anos e ainda me elegeu como 'consultor para assuntos espirituais' (engraçadíssimo, dá até um post).

Tento encarar esses dias com naturalidade e é por isso que não me encabulo em escrever aqui para vocês sobre esse assunto que, eu sei, é rodeado de tabus. Peço licença e desculpas aos mais sensíveis, mas acho importante que a gente naturalize mais essas questões. Fico feliz em ver meus familiares discutirem as questões relacionadas à vida após a morte, hoje, com uma naturalidade que não seria possível há alguns anos atrás. Sinal de que estamos abrindo nossas mentes, alargando visões e, acima de tudo, colocando luz sobre um tema que, de tanto acobertado de mistérios, acabou adquirindo uma aura de medo. Namasté.

(Meu tio continua internado. Hoje tive o prazer de entrar na sala onde ele se encontra e ver que ele está com um semblante de paz, e rodeado de luz. Nele eu senti apenas uma alegria que a gente só sente quando está arrumando as malas para voltar pra casa e rever amigos de longas datas. Não contei a ninguém, mas ele sorriu para mim.)

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UPDATE - 11 da manhã

Cumprindo a previsão mais certa do destino de cada homem, meu tio, que ainda ontem me olhou com um sorriso enquanto fazia as malas, virou a esquina e partiu. Agora, invisível para nós que ainda habitamos mundos mais densos, ele segue sua jornada.