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terça-feira, 1 de março de 2005

Distrações

Barbie conheceu Jocimar há 9 anos. Era uma festa de quinze anos, subúrbio de Salvador. Ele não parava de olhar para ela e ela não demonstrava nenhuma sensibilidade ao toque do olhar dele. Naquela festa ele se aproximou e ela não levou muito a sério a cantada do garoto de apenas 19 reveillóns. Ela não pensava em namoro, não queria dividir com ninguém aquele momento só dela. "Fase egoísta mesmo", desabafou comigo.


Depois dali, são se viram durante seis meses e ao final deste período chega um recado da prima dele, amiga em comum dos dois: ele queria a todo custo sair com ela, conhecê-la melhor. Barbie marcou o encontro. Sem muitas pretensões, não escolheu a roupa mais bonita, não calçou o sapato novo de dias especias, não se envolveu numa aura de perfume, não contou as horas para vê-lo chegar. Simplesmente foi ao encontro.


- Mas eu já disse que não quero, Jocimar, não quero.


- Mas podemos namorar de brincadeira. Se eu arranjar alguém eu te digo e se você arranjar alguém você me diz. Vamos ver no que dá.


- Se for assim, né? Tá bem.


Trocaram um beijo tímido, e a partir dali o que era para ter se transformado em um namoro com letras rigidamente maiúsculas e oficiais, tornou-se uma bela amizade. Andavam de bicicleta, iam a praia juntos, comiam no mesmo prato. "Parecem duas crianças" - comentavam os vizinhos. Eles estavam alheios ao compromisso, às etiquetas dos namoro, às estabilidades que tanto se cobram dos que se unem numa relação. Alheios a tudo isso, não esperavam nada um do outro nem de ninguém.


Isso foi em 1996. Barbie, agora há pouco, me contava essa história. Tiveram um filho há mais ou menos um ano. Ela me conta que quando perguntavam sobre o enxoval do bebê, os dois respondiam em um uníssono alcançável apenas pelos que se entendem na alma.


- A gente não sabe. Na hora a gente vê. Pega um pedaço de pano e veste o nosso girininho - E os dois caíam numa gargalhada de cumplicidade, deixando pasmos os questionadores.


Barbie me conta que nunca brigou com ele - "A gente discorda e conversa, daí resolve tudo" -, mas que é insegura. "Hoje ele me ligou e me disse três vezes: TE AMO, TE AMO, TE AMO. Ele sempre diz que me ama três vezes. Acho que é pra ver se eu acredito. Eu respondi dizendo a mesma coisa três vezes também, mas com a boca fechada, meio assim: te amo, te amo, te amo. Ele me disse pra falar com a boca aberta e mais alto. Sabe, Leo, vou te confessar uma coisa. Até hoje eu me sinto insegura. Já são nove anos, eu sei, mas tenho muito medo de sofrer. Eu conto isso a ele. Quando ele me ouve dizer isso, ele me carrega no colo até a nossa cama e repete até eu cansar que me ama. Eu sei que no fundo eu amo ele e me surpreendo comigo mesma quando me dou conta disso. Quando penso no dia em que eu o conheci, vejo aquele olhar em mim e descubro que já naquele primeiro instante já estava certo: ele seria o meu homem. Ainda bem que nenhum de nós nem sonhava com isso."


***


Barbie me contava essa história enquanto eu tomava um cafezinho na lanchonete do UEC e eu viajava, viajava, viajava... e lembrava que Clarice Lispector dizia que quando a gente espera, o telefone não toca e que é preciso sair de casa para que isso aconteça. O deserto da espera, ela diz, corta os fios. Ela escreve também sobre um casal de namorados que viviam distraídos, assim como Barbie e Jocimar, mas que um dia resolveram dar nome ao que sentiam, e tudo mudou, culminando no fim do namoro.


O resto eu deixo pra vocês. Vou ficar aqui com meus botões, então.

***

UPDATE

Obrigado a minhas queridas amigas Queleto, Aline e Léa pela noite maravilhosa de panzone, risada solta e lembranças inesquecíveis que só eu esqueço. Estar com vocês é sempre uim presente bom para mim, e um remédio delicioso para a minha memória.