<body><script type="text/javascript"> function setAttributeOnload(object, attribute, val) { if(window.addEventListener) { window.addEventListener('load', function(){ object[attribute] = val; }, false); } else { window.attachEvent('onload', function(){ object[attribute] = val; }); } } </script> <div id="navbar-iframe-container"></div> <script type="text/javascript" src="https://apis.google.com/js/platform.js"></script> <script type="text/javascript"> gapi.load("gapi.iframes:gapi.iframes.style.bubble", function() { if (gapi.iframes && gapi.iframes.getContext) { gapi.iframes.getContext().openChild({ url: 'https://www.blogger.com/navbar.g?targetBlogID\x3d8639429\x26blogName\x3dDi%C3%A1rio+Evolutivo\x26publishMode\x3dPUBLISH_MODE_BLOGSPOT\x26navbarType\x3dTAN\x26layoutType\x3dCLASSIC\x26searchRoot\x3dhttps://evoluirefluir.blogspot.com/search\x26blogLocale\x3dpt_BR\x26v\x3d2\x26homepageUrl\x3dhttp://evoluirefluir.blogspot.com/\x26vt\x3d-7690663095198134269', where: document.getElementById("navbar-iframe-container"), id: "navbar-iframe" }); } }); </script>







terça-feira, 8 de março de 2005

A minha arte - retomando meus reinícios

Reiniciar. Recomeçar. Refazer, recriar. Todo semestre é assim. Ser professor é viver de reinícios, é ver passar pessoas e depois não ver mais, porque elas já aprenderam (ou não) o que tinham de aprender pelas suas mãos. Passam essas e vêm outras, e cada uma que vem é um novo reinício.

Para as 15 almas sentadas ali, são inícios, são continuidades e, para algumas, até um reinício mesmo. Para o professor não: é sempre aquele cheiro no ar que já se sentiu, aqueles mesmos velhos sonhos à sua frente - só que ressonhados por outros - são aquelas mesmas palavras que saem da boca de uma forma diferente a cada recomeço. Cada uma das palavras que repito há anos é ouvida de uma forma única e encontra repouso nas mentes de acordo com a interpretação de cada sonho ali presente. Na sala dos professores, o velho cheiro bom dos colegas, gente que eu cheiro de perto há anos, gente nova, apenas iniciando, gente antiga na 'profissão dos reinícios', como eu, por exemplo, que não sinto mais aquele frio gostoso na barriga que sentia anos atrás e que entro na sala repleta de estranhos como quem senta numa mesa de bar com velhos amigos.

O tempo faz dessas coisas: a gente deixa de enxergar temores e passa a abraçar o novo como se fosse tudo apenas uma velha rotina. Se eu não pensar muito, esqueço que a maioria daquelas pessoas sentadas à minha frente nunca me viram antes na vida e que eu nem sequer sei de onde elas vêm. Esqueço que a cultura da nossa educação prega que o professor é o grande responsável pela aprendizagem e que os quinze presentes vêem em mim a solução para suprir suas carências a cada reinício. Concentrar-me nisso poderia me fazer correr dali. Mas não: professor acaba enfrentando isso tudo com um velho anestésico, aquele que vem sendo injetado na veia há anos e que hoje já age na hora mais exata, no momento preciso, na dose mais relevante e útil em que trinta olhos vêm na sua direção e de repente sabe-se exatamente o que dizer, em que tom dizer e até o que não dizer.

E os dias começam a correr, alguns sonhos se perdem, outros se ajustam, se refazendo pelas necessidades, pelas expectativas alcançadas ou não, e o professor continua lá: o guia, o mentor, muitas vezes o grande responsável pelo espetáculo, muitas vezes o grande protagonista que tem como gesto mais sábio entregar aos seus pupilos, na hora exata, o papel principal.

E é bom mesmo estar de volta. Sinto apenas falta, nesse semestre, dos olhos mais que brilhantes de meus alunos iniciantes – este período me encheram as mãos de alunos pós-graduandos e em final de curso. Com os iniciantes o reinício tem sempre cheiro e sabor de início – é que os olhos ardentes de quem começa a deixar-se inundar pela experiência inédita de aprender uma língua me toca na alma de professor e eu me sinto exercendo a essência da minha arte. Mas isso já é assunto para um outro longo post.

Namasté.
***
Às mulheres da minha vida, responsáveis pela beleza, força e sensibilidade que se alastram no mundo ao toque sensível de suas mãos, meu sincero beijo de gratidão pela benção da vida. Vocês são lindas.
8 de março - Dia Internacional das Mulheres