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sexta-feira, 4 de março de 2005

As duas faces que brigam


O que atrapalha a vida de muita gente é a incapacidade de distinguir e respeitar a tênue linha que separa a própria liberdade - de pensar e agir de acordo com as coisas em que acredita - da liberdade dos outros de fazer o mesmo.

Há alguns anos eu era absolutamente contra o aborto. Hoje continuo sendo, principalmente por causa da minha crença na espiritualidade e nas leis do Carma. Mas há um bom tempo que me recuso a ser contra o aborto que fulano e fulana decidem fazer. Além de não caber a mim esse julgamento, eu acredito antes de qualquer coisa no direito que cada qual tem de decidir a respeito de seu destino. E se vivemos em uma sociedade que chamamos de livre, nada mais justo que cada qual decida a respeito do destino do feto que está em sua barriga. Acho, no entanto, obviamente, que o assunto deve ser abordado nas escolas, discutido entre amigos e familiares e que as pessoas devem e têm o direito de saber as conseqüências de seus atos claramente - e não falo aqui de religião, mas de aspectos relacionados à saúde mesmo.

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Ontem eu vi 'Mar Adentro'. A discussão é a mesma, só muda o tema: um tetraplégico pode decidir sobre dar ou não continuidade à sua vida? Sem pensar, poderíamos dizer que sim. Mas como um tetraplégico pode cometer suicídio? Aí entra a questão central do filme. Javier Bardem interpreta magnificamente um tetraplégico - Ramon Sampedro - que não quer mais viver, mas que para isso precisa apelar à justiça. Pedir a alguém que o mate seria condenar essa pessoa a assassinato.

O enredo é esse, mas o que tem de bom no filme mesmo é a discussão que se instala. O rapaz tem sua opinião mais que apropriadamente formada, e parece que não há argumentos que possam fazê-lo desistir dessa vontade de morrer. Durante o filme, recheado de momentos líricos e de um texto afiadíssimo, o espectador fica hora nas mãos dos que são contra a eutanásia, hora nas daqueles que são a favor. Essa é a beleza do filme: a capacidade de mostrar os dois lados em momentos angustiantes de imparcialidade. Do lado de quem ficar? Do lado da morte - mas será mesmo a morte que ele está escolhendo? - ou do lado da vida - mas aquilo que ele tem, de fato é 'vida'? Angustiante, inquietante, inteligente. Imperdível.

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DESTAQUES

- a cena do vôo
- a primeira discussão entre Ramon e Rosa e o que ela ouve dele quando sai correndo
- a explicação que Ramon dá porque sorri tanto
- a argumentação perfeita do advogado de Ramon diante do juiz.

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(dentro de mim existem dois lados que me surpreendem por serem tão ambíguos. Como um ser de duas faces que não se olham e não se entendem, eles traçam uma linha imaginária dentro de mim, como se me quisessem separar em dois. Eles não sabem que daqui de longe estou espiando-lhes as idéias e observando como de suas falas nascem plantas e jorram luzes de sabedoria para mim. Colho o verde que vem delas, respiro ares renovados que se entrecruzam nos seus hálitos respingados de saliva e dessa mistura abasteço livros internos, enciclopédias antigas que venho acessando há anos. De cada uma daquelas cabeças conflitantes jorram inversos que poderiam deixar qualquer um a faiscar desgostos. Mas não a mim. Desde o dia que nasci já sou do signo dos que se parecem por fora, mas que tem duas faces ambíguas. Por me saber dono de duas faces, criei uma terceira, mais pensante, mais observadora, mais presente. É só ela que se põe para fora para ser vista. Porque ela é a condensação, o encontro, a forma acabada e decidida por mim.)