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segunda-feira, 7 de março de 2005

Heavy Sunday

Tinha uma chuva de bolas enormes, coloridas e pouco resistentes à brisa que batia no final da tarde. Tinha criança escalando uma escadinha de cinco degraus que levava ao topo do escorregador como se estivesse escalando o topo do mundo. Tinham três crianças montadas numa girafa de pau. Elas acreditavam com tanta força que estavam, de fato, a cavalgar uma girafa, que até vi seus cabelos balançando ao vento. Tinha uma criança que caiu na grama e ficou olhando para o céu que já começava a mostrar suas estrelas, e precisou ser levantada pela mãe – essa aí, pensei eu, se perdeu em algum sonho. Tinha um menino quase do tamanho da bola que ele queria chutar. Tinha homem vestido de palhaço com cara de fim de tarde de domingo: forçava um sorriso para sobreviver – eu acabara de lhe descobrir o segredo. Tinha eu, já pensando nessas palavras, eu, buscando esse contato íntimo com o que eu era, eu, nostalgicamente sentado na grama. Uma bola veio em minha direção e, a poucos metros de mim, desviou-se e foi parar na mão de uma criança que estava sentada ao meu lado.

- Ainda não está na hora de você me receber assim, nas mãos. – me disse a bola rosa, enorme. No fundo eu entendi o que ela quis dizer. Levantei os olhos novamente e mirei nas crianças e em seus gritos de felicidade, alheias àquela tarde de domingo, alheias ao sorriso de sobrevivência do palhaço, alheias a mim mesmo, que tentava captar daquela cena uma espécie de salvação qualquer. Fechei os olhos e tentei ver o que faltava em mim, que gesto, que grito, que delicadeza no olhar. Faltava algo, faltava um elo naquele instante, faltava um quê de aceitação. Faltava, eu finalmente entendi, receber a bola nas mãos e saber o que fazer com ela.

(Hoje foi uma daquela tardes de domingo cuja salvação não encontrei numa sala de cinema, nem no choro leve e sem força de atriz no palco. As dezoito horas caíram tão pesadas sobre mim, que tive de buscar nas crianças a leveza da aceitação do presente, que o peso daquele céu que escurecia em passos lentos teimava em me fazer esquecer. É difícil me refazer depois de tardes assim, principalmente sem o silêncio dos intervalos de gritos daquelas crianças. Estou me refazendo aos poucos, preciso apenas do silêncio dessas horas de sono e dos sonhos bons que me prometem imagens surreais de semanas cujos domingos são dilacerados por excessos de alegrias anestésicas.)