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quarta-feira, 23 de fevereiro de 2005

O que quero


Quero teu corpo e o que exala de ti. Te quero para os melhores e piores dias. Te quero no amanhacer e no pôr de sol. Te quero como salvação nos meus dias de tédio, sem brisa, sem luz intensa .Quero teu reflexo no meu espelho. De cara de sono, de cara suja, de cara lisa, não importa. Só sei que eu quero teu semblante marcado na luz que dali irradia. Te quero descendo aquela escada íngreme, e eu, zeloso, temendo a tua queda. Quero teu cheiro impregnado na minha cama, e de dentro do teu sono quero ver as faíscas dos meus olhos. Quero acordar e dormir na tua presença, quero me exaurir de ti só pra depois te pedir mais e mais. Quero a tua luz pra formar um clarão incandescente com a minha. Quero ser teu porto de parada, teu abrigo, tua xícara de café quente que aquece e faz o medo ir embora. Te quero nos meus dias mais ensolarados, e nos mais chuvosos quero que sejas a minha seca, a minha toalha, o único pano enxuto que restou na gaveta para absorver o que choro. Aos lugares onde nunca estive quero ir contigo. Os que nunca fostes, quero revisitar pelos teus olhos. Quero não ter mais dedos para contar os anos. Te quero com gosto de cerveja na boca, com beijo roubado na escada, te quero com gosto de morango fora de época. Te quero de carro do ano, de Fusquinha setenta, de camisa rasgada ou de banho de doze horas atrás. Te quero assim, porque não te quero pelo que eu vejo apenas, mas pelo que sinto por todos os meus sentidos de homem adulto. Te quero com suor no rosto, te quero na garupa de uma moto, te quero no velocípede da minha infância, te quero na fotografia de ontem, no sonho desfeito, na cama sem forro, no beco que termina com um portão prestes a ser aberto. Te quero como um segredo que não conto a ninguém, como um código que não se decifra, uma flor cujo perfume não se capta, uma árvore cuja sombra não se sente e cuja seiva não jorra ao corte. Te quero inalcançável, em um domínio reservado, em cofre que não se abre, em segredo esquecido e perdido para sempre. Te quero pelo teu mistério e pelos mistérios que desconheço em mim mesmo. Te quero porque tenho pressa, porque há muito de mim ainda que pretendo desvendar. Pelo teu perfume, pela tua seiva que não jorra, pela tua sombra que não protege eu vou desvendando o que resta em mim de mistérios. Te quero pela chave que possuis ai dentro. Mas te quero muito mais porque acima de tudo te quero por mim mesmo, te quero por amor próprio, te quero porque me amo e preciso do teu mistério para desvendar os meus próprios segredos que insisto em esconder nos lugares onde eu quero a tua presença.
(antes que me perguntem, não, eu não estou namorando, nem tão pouco estou apaixonado. esse texto aí não passa de um desabafo li-te-rá-rio. e nada de piadinhas.)