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segunda-feira, 18 de abril de 2005

Sentidos

São dois observadores, dois carros, e duas ruas que se cruzam. Os dois carros vêm em direções opostas, em rota de colisão. Um observador encontra-se parado em um ponto onde nenhum dos carros pode ser visto. O outro encontra-se no alto de um prédio e por isso tem uma visão privilegiada do possível acidente. Esse observador do alto do edifício poderá ‘prever’ o acidente. Não porque ele seja capaz de adivinhar o futuro, mas simplesmente porque ele possui uma visão diferenciada dos demais observadores. Poderíamos dizer que esse observador é ‘intuitivo’, ou ‘clarividente’.

Há canais diversos, mas muito pouco acesso a eles. Estamos parados, estáticos diante do mundo e do que gira em torno de nós. Nossos sentidos visíveis, os que estudamos na escola, já não são mais suficientes para nos ajudar a distinguir a quantidade imensa de fenômenos aos quais nos expomos no cotidiano das nossas vidas.

Tem o cego da novela, tem o filme de Ray Charles, todos exemplos claros de como os sentidos do cego se aguçam, pela perda da visão, e ele passa a perceber de outras formas o mundo. Nossos sentidos não são apenas cinco como nos ensinaram na escola. São infinitos, mas, didaticamente, dizemos – os que acreditam - que contamos apenas com um sexto sentido extra, a intuição, ao qual não fomos, infelizmente, apresentados formalmente. É porque, de fato, somos cegos. Não vemos energias, não reconhecemos conscientemente as entrelinhas que pairam na aura de palavras, de gestos, de olhares. Cegos não porque não sentimos estas coisas, mas cegos porque deixamos que elas permaneçam no nível inconsciente de nós mesmos. Somos poucos os que crêem nessas verdades tão (in)visíveis, somos poucos os que treinam esses dons.

Quem não conhece uma pessoa, das mais queridas, que emana bondade e carisma do coração e não consegue dizer um não ou, quando consegue, não consegue fazê-lo soar verdadeiro o suficiente, porque ele já vem impregnado pelo medo de machucar o outro? E quem ainda não notou que por mais que a palavra seja um duro ‘não’ o que o outro sente não sente através dos ouvidos que captam os fonemas bem pronunciados que formam o advérbio de negação por excelência, mas o que paira na aura do que foi dito? Quem ouve capta o que emana desse ‘não’ – que, na realidade, é um ‘sim’ mal dito, um ‘quase’ reticente, um medo mal pronunciado.

O cego não-metáforico, aquele que perdeu a visão física - é dele que falo agora - este precisou, por necessidade e instinto de sobrevivência, recorrer aos outros sentidos. Uma mulher grávida recebe a dádiva de sentidos mais aguçados para proteger-se a si mesma e à sua cria. E nós recebemos a dádiva da intuição para protegermo-nos do acaso, do que não nos serve, do que não combina com os nossos padrões ou, até mesmo, para reconhecer situações em que a felicidade e uma dádiva maior nos espreitam.
Quanto de você é intuição e quanto é razão?

(do alto deste prédio vejo minha vida de uma perspectiva diferente da sua. Não sei ao certo se colidirão os carros. Sei da possibilidade das coisas. Subo aqui com freqüência, mas muitas vezes fecho os olhos ou não olho para baixo, preferindo espreitar o céu azul que, mesmo aqui de cima, é igual para mim e para você – o medo da revelação me faz optar pelo normal.)