<body><script type="text/javascript"> function setAttributeOnload(object, attribute, val) { if(window.addEventListener) { window.addEventListener('load', function(){ object[attribute] = val; }, false); } else { window.attachEvent('onload', function(){ object[attribute] = val; }); } } </script> <div id="navbar-iframe-container"></div> <script type="text/javascript" src="https://apis.google.com/js/platform.js"></script> <script type="text/javascript"> gapi.load("gapi.iframes:gapi.iframes.style.bubble", function() { if (gapi.iframes && gapi.iframes.getContext) { gapi.iframes.getContext().openChild({ url: 'https://www.blogger.com/navbar.g?targetBlogID\x3d8639429\x26blogName\x3dDi%C3%A1rio+Evolutivo\x26publishMode\x3dPUBLISH_MODE_BLOGSPOT\x26navbarType\x3dTAN\x26layoutType\x3dCLASSIC\x26searchRoot\x3dhttps://evoluirefluir.blogspot.com/search\x26blogLocale\x3dpt_BR\x26v\x3d2\x26homepageUrl\x3dhttp://evoluirefluir.blogspot.com/\x26vt\x3d-7690663095198134269', where: document.getElementById("navbar-iframe-container"), id: "navbar-iframe" }); } }); </script>







terça-feira, 12 de abril de 2005

Flecha

É por ser nó, que te entendo laço
É por ser vivo, que te entendo insone
É por ser nuvem, que te entendo cinza
É por ser frio, que te entendo neve.

É por ser maio, que te entendo branco
É por ser flor, que te entendo espinho
É por ser rápido, que te entendo estrela
É por ser sonho, que te entendo nada

É por ser triste, que te entendo espelho
É por ser claro, que te entendo face
É por ser breve, que te entendo luz
É por ser meu, que me entendo todo


Por você já passei noites em claro – difícil dormir de tanto que meus olhos brilhavam. Por você já cruzei o deserto de mim mesmo, só para me reencontrar ao seu lado. Por você calcei as botas velhas e peguei o rumo da estrada que eu sequer sabia até onde ia, mas sabia que levava a você, minha água no deserto, minha salvação no frio da noite, meu cobertor de pé, de alma, de corpo nu. Por você ignorei os ciclos constantes da vida, ignorei meu medo infantil de monstro escondido embaixo da cama, de menino que, afobado, compra álbum de figurinhas já quando vê a propaganda, na inocência de querer ter tudo aquilo nas mãos pequenas. Por você já saquei a arma, atirei para o alto, espantei passarinhos. Por você nadei em rios de águas escuras, peguei no lodo com as mãos, rasguei páginas escritas. É por você que eu ando percorrendo caminhos insones, é por você que me dói a mandíbula aberta e alargada por esses sorrisos perenes.

É por você que nunca toquei, nunca vi, nunca senti o cheiro, que eu refaço esses dias, pintando-os de cores novas e vibrantes, é por você que surpreendo o mundo com essa felicidade absurda, misteriosa para tantos, mas tão reveladora e simples para mim mesmo e para os nós que nos unem. É por causa de você que desfiz antigos laços complexos e que arrisco um futuro incerto, cuja fotografia nem mesmo (re)conheço. É por você que ignoro onde estamos, para onde vamos e que pedras tocam meus pés. É por essas pedras que te protejo, é por estes gritos que te tapo os ouvidos, é por esses medos que te conforto, enorme, nos meus abraços. É por essa música que me entendo vivo, é por esse gesto nosso que parto rumo ao seu mundo emprestado, à sua cama emprestada, ao seu teto provisório. É por ser improviso que te sinto aqui, é por ser provável que te entendo alvo. É por ser você o que miro que me entendo eu, flecha certeira.
(Bobabem, meu filho, bogagem. O seu dia-a-dia não é sequer feito desses toques no teclado que insistem em adivinhar seus segredos, mas dessa sua vontade inspirada de alcançar o ponto frágil que toca o limite das suas palavras. Não justifique-se, não mude o tom, não altere sequer uma palavra. Sua Clarice já avisava quanto à necessidade de respeitar o que lhe ocorre. Mantenha as letras e o som que exala delas. Como ouvem a sinfonia, como decifram as notas? Ah, isso você deixa com eles.)