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terça-feira, 22 de março de 2005

Meu sorriso irritante

Sou um cara tranqüilo, bem tranqüilo mesmo. Me irrito por vezes, mas já disse algumas vezes aqui que não troco meu bem-estar por qualquer irritação. Mas me irrito, na medida do humano, porque pertenço a essa raça e tenho as minhas imperfeições. Um lugar que eu não me irrito quase nunca é no meu local de trabalho. Lá, estou sempre feliz, irradiando felicidade solar mesmo. Pode ser uma segunda às sete da manhã, pode ser uma quinta-feira às nove da noite, final do expediente semanal. Talvez porque me sinta em casa, talvez por amar o que faço, não sei, mas no UEC nunca ninguém me viu de cara feia. Na hora de ir de encontro a tudo eu vou, mas a minha maneira de manifestar a minha insatisfação é diferente da de muitos dos meus colegas: eu não grito, eu não choro, não esperneio - e, diferente deles, ironicamente, sempre consegui tudo que sempre quis lá dentro. Eu apenas digo o que acho e, de preferência, entre quatro paredes a quem interessar. Eu sou assim, sempre fui assim, eu que acho que o meu trabalho deve ser o local onde a harmonia reina e para onde eu devo ter a vontade de voltar sempre, porque não tem escolha: passo mais tempo na escola onde ensino do que em minha própria casa. Então, porque não fazer desse lugar o melhor espaço para se viver?

Além disso, existe uma questão: eu preciso estar bem comigo e com os outros. Eu quero construir a paz dentro de mim, quero entrar em sala de aula com um sorriso verdadeiro e penas nos ombros. Me recuso a viver o oposto disso.

Aí vem uma colega de trabalho - que muito prezo, diga-se de passagem - na minha cara e diz:

- Leo, sua felicidade me irrita. Cara, você não acha nada ruim, tá tudo bom, não se irrita com nada. Que saco!
- Como assim? A minha felicidade te incomoda?
- Incomoda. Profundamente.

Ela falou sério. E teve gente na sala que concordou. Eu concordei também, obviamente. E ainda digo que me senti elogiado.

- Veja você, cara colega: hoje ainda não conseguiu esboçar um sorriso. Talvez porque o ar-condicionado quebrou, talvez porque a porta da sala emperrou e fez um barulhinho a mais, talvez porque esqueceram de colocar no seu armário a xerox que você pediu para hoje. Infelizmente você colocou mais um tijolinho na casinha da sua infelicidade. Perdeu o dia, perdeu o bonde da vida. Mais uma vez. Eu, enquanto você resmunga, vou logo ajeitar o que tem de ser ajeitado. Meu dia passou em paz. E o seu?

Na realidade não disse nada disso. É que o meu tom às vezes não é o ideal, principalmente quando fico chocado. Não com o elogio, porque digo e repito: senti-me elogiado. Mas pela inversão total de valores, pela falta total de entendimento e aceitação do outro.

Por isso é que eu sempre achei que os melhores amigos não estão presentes nos nossos momentos de tristeza - esses, qualquer invejoso administra bem. Amigo que é amigo enche os olhos de alegria quando você está feliz (não é meu querido amigo Neto?). Amigo que é amigo suporta a sua felicidade, porque para ver o outro triste não precisa ser amigo, basta dar uma batidinha no ombro e fingir uma cara de tristeza.

(e nesses dias que irradio tanta luz - eu sei porque vejo sair dos meus poros como algo físico e real - dias em que nem o trabalho de mais de onze horas seguidas, de transtornantes deslocamentos, engarrafamentos e buzinas desesperadas me tiram do meu estado de felicidade aguda. Não há nada de novo em meu coração, não há uma esperança sequer a mais, não plantei um jardim diferente, não ando colhendo flores azuis. Mas a vida tem me oferecido flores belíssimas e canto de pássaros. Acho que talvez em retribuição ao acaso dessa felicidade. A vida tem dessas coisas, e eu acho que estabeleci um pacto discreto com ela. As cláusulas são secretas e por isso, lhes peço, não digam nada a ninguém.)