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quinta-feira, 8 de fevereiro de 2007

[rituais de verão 4, ou de como furar o bolso do gringo]

Não tenho pena de gringo. Hoje, no Porto da Barra, vi quatro deles se aproximarem, já devidamente acompanhados de um barraqueiro esperto, que arranhava um portunhol bem estranho, cheio de estratégias lingüístico-golpistas, trazendo dois guarda-sóis dos maiores que tinha. Dada a cor e o tamanho dos gringos, ele achou um sombreiro apenas muito pouco. Boa chance de faturar, deve ter pensado.
- Com esse aqui dá até pra dormir. – falava pra os gringos naquele sotaque que parece resolver os problemas de compreensão. Ao mesmo tempo que falava, fazia aquele gestual em que a mão encosta a bochecha, reclinando suavemente a face e fechando por dois segundos os olhos. Eu entendi direitinho o gestual e a estratégia: conforto total, preço um pouquinho mais alto. Um outro barraqueiro que passava pareceu discordar:
-Aqui não é lugar de durmí...
Esse ai é mais esperto, afinal gringo que dorme nem come nem bebe. Aí, a conta só fica no sombreiro.
E o barraqueiro se esbaldou. A gringaiada consumiu que foi uma beleza. Cerveja e muita caipirinha a sete reais, batata frita a dez, tiras de filé a vinte, e por ai vai a conta dos gringos crescendo. Achou muito? Eu também. Mas quer saber? Não tô nem aí. Acabou-se o tempo que eu tinha peninha deles. Não defendo a desonestidade e exploração, mas pragmaticamente pensando, eles estão só ajudando a encher a barriga – espero! – de um brasileiro.
Um sombreiro a cinco reais, ou uma caipirinha a sete não é nada para essa galera que compra uma coca, lá no exterior, por cinco dólares ou cinco euros em uma boate. Se é pra ficar do lado de alguém, deixe-me ficar do lado do cara tentando ganhar a vida. Os gringos estão se distraindo. E, vamos concordar, em Miami o aluguel de uma cadeira de praia custa quinze dólares.

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Só não venha querer ME enrolar, aviso logo. A minha cor, altura, ou sei lá que diabos, me fazem passar por gringo às vezes. Já fiz cara de quem não tá entendendo nada e me deixei levar, até o ponto em que eu digo, em bom baianês, que não vai dar pra comprar não, amigo. Não pago um real na fitinha do Sr. do Bomfim, apesar de toda a minha devoção. É que fui criado na Cidade Baixa.

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Já Nancy, uma francesa que conheci no Buracão, é esperta: quatro meses de Salvador e ela já tá mais que ligada. No Buracão, um picolé – que não é Capelinha - custa 0,40. E ela pede os dez centavos de troco. Não, ela não é canguinha não. Ela é francesa. Ela é de um país onde as pessoas valorizam o dinheiro muito mais que nós. Além de francesa, ela arrasou no português, na matemática e na generosidade:
- Com esses dez centavos você inteira o picolé dele. Leo, você só precisa dar trinta. Quer de quê
?
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(Na foto: gringas recém-chegadas a Salvador celebram, no Porto da Barra, o preço da caipirinha)