[rituais de verão 1: o poder da mão]

(Rubem Alves)
De cá você recebe e, quando recebe, se quer que dê tudo certinho, de acordo com os conformes, tem de respirar na hora certa, medir a força exata, a direção perfeita e mandar ver. Do outro lado, o que é mandado tem de ser recebido com perfeição, senão o que resta é correr em terreno acidentado para recomeçar tudo de novo. Quem está do lado oposto não é o seu oponente, é o seu parceiro. E você bate com força, para ouvir o sonoro e prazeroso ‘ploct’. De lá, você espera que a recepção seja perfeita e tudo continue. A seqüência de ‘plocts’ gera o prazer inenarrável da continuidade. O prosseguimento, e não a vitória individual sobre a derrota do outro, é o grande prazer aqui. E quando a seqüência de ‘plocts’ segue durante segundos que seja, e quando já se descobrem habilidades novas, como acertar a recepção do lado esquerdo – o lado menos óbvio - , voar bem alto e, mesmo num esforço tremendo – aquele tipo de esforço cuja conseqüência pode ser inútil – acertar o ângulo e força exatos, o prazer é redobrado.
O frescobol é, de fato, um jogo fascinante. E Rubem Alves já havia dito que é a metáfora perfeita do casamento. A continuidade depende da parceria. Vejam que, diferente de qualquer outro esporte, aqui não se marcam pontos nem há vencedores. Um exemplo perfeito de cooperação.
Vai umas raquetadas ai?