[apesar, 2007]
Cansados, então, de tanto descaso,
fizeram a mala e,
ao invés de partir para longe, resolveram parir um novo dia.
(O velho que a mala continha foi solto no ar,
e o novo que o dia trazia tornou-se a andar.)
Sentados à beira do rio, viram ao longe o oceano que lhes ria e dizia:
“Em breve, aqui”.
O mar esperava, e eles, ali, reciclavam a esperança,
parindo um dia depois de outro dia,
vendo padecer ao seu lado a velha mala,
que de tão velha
mais nada continha.