[já que não posso te levar]
E a vida segue. Apesar de não notarmos, ela segue, impassível, ávida pelo próximo instante. A vida segue, devorando os segundos, os minutos, os pedaços de nós que vamos deixando cair na estrada. Segue, distante de tudo. Segue, porque é de sua natureza seguir. Se pára, não é a mais a vida, é um esqueleto amorfo, é passado sucumbido às traças. E lá vai ela, derrubando árvores, construindo represas de um lado e jogando sementes do outro.
Abram, portanto, as porteiras, deixem-nas escancaradas, eu aconselho, porque a vida segue.
Basta olhar para o alto, naquelas horas em que você tem a leve impressão de que tudo parou, para ter a comprovação última do passar da vida: o sol já não está mais ali.
Abram, portanto, as porteiras, deixem-nas escancaradas, eu aconselho, porque a vida segue.
Basta olhar para o alto, naquelas horas em que você tem a leve impressão de que tudo parou, para ter a comprovação última do passar da vida: o sol já não está mais ali.