Confesso, andei meio perdido e sem rumo, andei meio preso a estes pensamentos loucos, ou loucos cachorros doidos me mordendo à noite, mas venho e trago boas novas: à tua mesa, a minha liberdade. Sei que almejavas tanto me ver assim, leve, e então achei que seria mais que oportuno dar-te esse prazer imenso de ver meus olhos sorrirem, não por ti - me desculpe se ainda alimentas esse velho hábito - mas por mim mesmo. Sabes o quanto eu esperei por este dia, este dia em que eu entraria por esta porta minha mesmo e diria para o homem sério que mora lá dentro, instrospecto como só ele mesmo sabe ser, misterioso como lhe fizeram os anos de vida, incerto como o vento, mas firme como a árvore que nunca conseguiu, este mesmo vento, arrancar do chão e dizer em alto e bom tom, inclusive para você – agora tão longe, que pena – ouvir:
- Chegou a hora e a vez do descobrimento. Que venham as caravelas e os exploradores.
(desculpem-me os que me lêem, pela total e completa falta de compromisso meu com o entendimento alheio, mas às vezes me faço hermético assim para depois reler-me inteiro e descobrir o que escondo de mim mesmo nessas palavras que eu não saberia me dizer ao vivo. Se soubessem quantos destes textos tenho aqui guardados, compreenderiam e perdoariam esse meu breve deslize. Espero não afugentá-los com estas palavras sem nexo, mas ajudar a trazer à tona a coragem de desvendar os seus próprios mistérios, como eu tenho feito, em meio a percalços e grandes surpresas.)