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quarta-feira, 14 de setembro de 2005

Primeira vez

Vastidão. Era isso o que via na minha frente. Não sabia ao certo o tom, o alcance da minha voz. Enquanto eram dois, três alunos, tudo bem. A coisa começou a ficar preta quando vieram outros, e mais outros, e em menos de meia hora eu já tinha quarenta pessoas à minha frente. Eu, no centro. Todas elas, ao redor, esperando que viesse algo de mim.

Quando ontem, às 18h25min, eu fechei atrás de mim a porta da sala dos professores na UNIFACS e abri, dois andares abaixo, a porta da sala dois e inalei as primeiras moléculas de oxigênio que emanavam dali, dei o primeiro passo para a vida nova que sonho há um tempo e que graças a essas forças divinas, graças à fé que sempre tive em mim mesmo e no mundo, se realizou muito antes do eu que imaginava.

No momento exato em que eu saí da sala dos professores, senti o primeiro frio na barriga. Eu, que estava me achando anestesiado por não sei lá o quê, eu, que ainda não tinha de fato caído na real, agora tremia por dentro e por fora. É que quando os anos passam e a experiência toma conta, as tremedeiras externas desaparecem um pouco com a técnica, mas as de dentro continuam, como um sinal de que você está ali, que você planejou, que você está inteiro. Só não tremem por dentro os que não estão nem aí com nada. Espero sempre tremer. Pelo menos nos dez primeiros minutos.

Tremi por exatos dez minutos, mas quase entrei num leve pânico quando vi o público inteiro à minha frente – minhas experiências anteriores sempre tinham sido em salas pequenas com, no máximo, 15 alunos. É claro que não dei nenhum vexame, correu tudo às mil maravilhas. “Está tudo aqui”, pensei comigo e me senti aliviado. O início do pânico e a leve vontade de desaparecer durou dois ou três segundos. O professor baixou e aí mandei ver.

Não precisei fazer muito para ter uma excelente resposta dos alunos. Infelizmente, a maioria dos professores universitários – com raríssimas e honrosas exceções – estão preocupados apenas em ensinar e esquecem que os alunos estão ali para aprender. A minha história como educador sempre foi voltada para quem está à minha frente e não para o que estava diante de mim – no caso um plano de aula. Sempre vieram antes os alunos, e isso fica claro no olhar que cada um recebeu durante o tempo que passamos juntos, o apoio individual, o saber o nome, o corpo-a-corpo acontecendo no andar inferior que as escolas insistem em instituir colocando o professor no tablado.

Eu mesmo me recusei a ficar lá. Aliás, eu não sei ficar lá, não faz parte de mim, não é o meu estilo, a minha praia. Me misturo mesmo, sento ao lado, rio junto. Com isso não estou ignorando as dificuldades da profissão, principalmente na área de ensino de inglês, missão dificílima de ser realizada diante de 40 alunos, mas existe a fé, sempre ela, e é por isso que eu acredito que dá pra fazer algo diferente e valioso. Do contrário, eu teria desistido ali mesmo, antes de entrar na sala dois e inalar a primeira molécula de O2 dessa minha nova etapa de vida.

(é nos momentos de maior perigo e ameaça que nos conectamos com a força que vem de dentro, e é aí que a concentração atinge picos máximos e a paisagem lá de fora deixa de existir, e só há diante de você o foco. Focados, inteiros e mais próximos do que nunca do Agora, travamos uma batalha entre iguais, a batalha do bem , a que faz nascer o novo: muitas vezes apenas um insight, um toque, uma lembrança, muitas também um mundo inteiro descortinado à sua frente.
A vida sempre exige o máximo de nós, pois sabe que temos essa inteireza inata. Nós que, esquecidos, paradoxalmente insistimos em reativar sem cessar lembranças fúteis, passados doentios, recordações empoeiradas, que travam o processo inteiro, nos fazendo retornar, dar passos rumo ao que passou. Mas o que passou nada cria, nada faz. É que estamos dentro do trem, ele está em movimento e não adianta sequer andarmos até o último vagão, porque o que passou não está mais lá.)