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domingo, 18 de setembro de 2005

Aparentemente sem nexo


“A coruja de Minerva só desce quando cai o crepúsculo.”
David Olson


[um]

A sua dor durou menos do que aquele girassol que, há poucos dias, virava-se num ato de fé em direção ao sol.
Hoje, ainda num ato de fé, seca sozinho, como sempre foi, no caule, embaixo deste mesmo sol, preparando sementes que inevitavelmente cairão no solo e gerarão outros girassóis, igualmente amarelos, igualmente cheios de fé.

[dois]

Entregar um texto ao mundo: metaforizar eventos – reinventar o óbvio – refazer-se em palavras – fantasiar o tédio – vestir de roupas leves a rotina – chorar em códigos – mentir verdades – ser óbvio – fingir poesia – ativar perguntas – aguçar curiosidades – trocar papéis – conquistar amores – endeusar-se – expurgar lembranças – vingar-se – recolher-se – encriptar amores – fluir inconsciências e inconsistências – captar-se em desejos – tornar misterioso o óbvio – desenhar palavras – desdenhar palavras – invadir – subornar entendimentos – manipular – iludir – fazer chorar – criar personagens – mentir descaradamente – fingir-se meigo – treinar ser outro – esperar respostas – atirar-se no escuro – arriscar o silêncio – emudecer o outro ou fazê-lo gritar em defesa – vulnerabilizar-se – deixar dúvidas – duvidar – subjetivar – ecoar no outro – permitir outras verdades – reverberar – ser espelho – contruir novos sentidos – navegar – desfazer – reciclar o antigo – desfazer enganos – refazer verdades - sentir que o óbvio dura pouco e se pouco dura é por ser óbvio, que o que dura mesmo é o mistério, e é por ele que escrevo, é por ele que me inspiram os dias e, se estou sem ele, me enterro no escuro para me recriar.

[três]

Acabara de acordar de um sonho que, apesar de sonho, era a sua realidade. Andara de mãos dadas com seus dias mais reais no sonho do qual acabara de acordar. Apesar de acordada, a realidade, por vezes bruta, mas sempre necessária, continuava em frente aos seus olhos, em pé, estivessem eles abertos ou fechados.

O absurdo da vida é quando abrimos os olhos e vimos que os nossos maiores pesadelos ainda continuam nesse mundo de cá, onde os pés ardem ao tocar no chão e os olhos insistem em se proteger com finas pálpebras diante de tanta luz.
Eu, pessoalmente, prefiro sonhar doces realidades a sonhar ilusões que acabam quando o despertador toca e o sol entra, inexorável, no quarto. Desculpem-me os que vivem de sonhos apenas, mas é que eu sei o quão finas são as minhas pálpebras.

[quatro]

É de mim que parte a primeira faísca, o primeiro texto. É assim: essa faísca gera uma idéia, que gera um texto. Esse texto gera outras idéias que, juntas, formam outro texto, que chega aos meus olhos e gera mais outro texto.

Neste gerar contínuo, cobrimos o mundo de tapetes formados por essas idéias nossas. Da fagulha original, que foi um olhar meu um pouco mais sensível, surgiu esse diálogo que eu ainda travo com você aqui nestas linhas que escrevo vendo, ao longe, a fagulha original. Ela já anda longe, perdida, quase um segredo que paira, ávida por um novo dono.

Aqui, filhos teus, restam os fogos de artifícios que explodem soltos na atmosfera reinventando idéias, jogos de palavras e acordando com um beijo o que, antes nem sequer pensamento, dormia ébrio nessa relva que abrigamos no escuro de cada um de nós.

(façam a gentileza de chamar o bombeiro)

[cinco]

Foi com pesar que colhi as margaridas. Meu pai deu a ordem e minha mãe justificou:

- Duram apenas oito dias, se a levamos para casa, pelo menos nesse tempo enfeitarão os santos.

E eu fui ao jardim, com uma justificativa que considerei plausível, e cortei no talo as margaridas, as brancas margaridas, separando-as das outras flores que cresciam igualmente belas no canteiro. Elas não sorriram, nem choraram. Não disseram nada as belas margaridas, agora ex-habitantes do canteiro em flor.

As margaridas pagam, como nós, o preço de serem tão efêmeras, decobri.