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sexta-feira, 26 de agosto de 2005

"VOCÊ ESTÁ AQUI"

Deixar ir, deixar ser. Deixar-se ir, deixar-se ser. Abrir a porta, pôr o tapete vermelho e, com luxo, permitir que se vá, permitir-se ir. Sobre o tapete vermelho, com suavidade, com elegância, com luxo na alma. É preciso abrir os caminhos e desempoeirar a cortina, os móveis, a sala, trocar a roupa de cama, colocar tudo em um saco. A poeira, junto com tudo: ao lixo.

O que resta, é a semente do que se refaz, a nova árvore plantada, o cume futuro de uma viagem ao alto. É preciso chegar e sair com elegância, olhar no relógio e descobrir a hora exata, o momento depois do qual começam a se deteriorar visões sagradas de perfeição. É preciso rearrumar a casa, varrer nossos solos, descobrir as estrelas. É preciso olhar para dentro, desfazer-se de si mesmo e do superficial de si mesmo, acolher o vazio e o silêncio. Silenciar-se nele. Estar nele. Só e por si só. Só é uma benção, só é um momento de retorno. Só é fruto jogado na terra. No silêncio, descobre o seu pior cheiro e seu estado maior de putrefação, mas é vida preparando-se para perfurar de novo a casca em novo verde.
:::
Agora pelo menos eu seu onde estou. Não sei ainda, ou não lembro, de quem eu sou, mas onde estou fincando os meus pés eu sei bem. É como se ontem tivessem me entregado um mapa daqueles que se entregam a turistas, que dizem em letras garrafais, VOCÊ ESTÁ AQUI, e o turista, todo contente, acha que, finalmente, se encontrou. Sabe onde está, mas não sabe onde é este ‘onde’, nem tão pouco o que está ao redor de si. Ele tem de revirar o mapa várias vezes, sempre na proporção que exige a qualidade de sua inteligência espacial. Os desavisados acham que estão no mapa mesmo, outros sabem que, na realidade, ‘estar aqui’ pode significar muito pouco se não se sabe sair dali. Eu, pelo menos, sei que estou aqui – esse 'aqui' é referência exata para mim, agora – e sei que devo sair daqui e sei mais ou menos como: não há transportes, só mesmo meus próprios pés. E o fato de que só posso contar com eles torna a minha viagem mil vezes mais longa. Coisas de quem escolhe os próprios pés. Vai ser bom saber que cheguei lá com meus pés, mas não dispensarei possíveis caronas no caminho. Contanto que saibam me levar pelo menos na direção do lugar que eu sei que devo chegar.
Olho para o alto, para baixo (onde estão, fincados, meus pés), olho para a direita, esquerda, para trás e finalmente para a frente. Localizo-me como uma bússola. Tem um magneto em mim que aponta e diz a minha latitude, longitude, posição com relação a tudo. Se fecho os olhos, continuo sabendo onde estou, se ando, tenho de abrí-los, se páro, não importa, olhos abertos ou fechados, estou sempre ali, ou aqui, ou lá longe, lá longe de mim. É que muitas vezes para saber onde estou, tenho de, eu mesmo, subir ao alto e me ver, fincado, nas letras garrafais que dizem VOCÊ ESTÁ AQUI. É que só assim eu acredito que aquele ser inerte, parado, mesmerizado diante das doze letras garrafais sou mesmo eu.
Finalmente, eu, sabendo onde estou e para onde vou.