"VOCÊ ESTÁ AQUI"
Deixar ir, deixar ser. Deixar-se ir, deixar-se ser. Abrir a porta, pôr o tapete vermelho e, com luxo, permitir que se vá, permitir-se ir. Sobre o tapete vermelho, com suavidade, com elegância, com luxo na alma. É preciso abrir os caminhos e desempoeirar a cortina, os móveis, a sala, trocar a roupa de cama, colocar tudo em um saco. A poeira, junto com tudo: ao lixo.
O que resta, é a semente do que se refaz, a nova árvore plantada, o cume futuro de uma viagem ao alto. É preciso chegar e sair com elegância, olhar no relógio e descobrir a hora exata, o momento depois do qual começam a se deteriorar visões sagradas de perfeição. É preciso rearrumar a casa, varrer nossos solos, descobrir as estrelas. É preciso olhar para dentro, desfazer-se de si mesmo e do superficial de si mesmo, acolher o vazio e o silêncio. Silenciar-se nele. Estar nele. Só e por si só. Só é uma benção, só é um momento de retorno. Só é fruto jogado na terra. No silêncio, descobre o seu pior cheiro e seu estado maior de putrefação, mas é vida preparando-se para perfurar de novo a casca em novo verde.
O que resta, é a semente do que se refaz, a nova árvore plantada, o cume futuro de uma viagem ao alto. É preciso chegar e sair com elegância, olhar no relógio e descobrir a hora exata, o momento depois do qual começam a se deteriorar visões sagradas de perfeição. É preciso rearrumar a casa, varrer nossos solos, descobrir as estrelas. É preciso olhar para dentro, desfazer-se de si mesmo e do superficial de si mesmo, acolher o vazio e o silêncio. Silenciar-se nele. Estar nele. Só e por si só. Só é uma benção, só é um momento de retorno. Só é fruto jogado na terra. No silêncio, descobre o seu pior cheiro e seu estado maior de putrefação, mas é vida preparando-se para perfurar de novo a casca em novo verde.
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Olho para o alto, para baixo (onde estão, fincados, meus pés), olho para a direita, esquerda, para trás e finalmente para a frente. Localizo-me como uma bússola. Tem um magneto em mim que aponta e diz a minha latitude, longitude, posição com relação a tudo. Se fecho os olhos, continuo sabendo onde estou, se ando, tenho de abrí-los, se páro, não importa, olhos abertos ou fechados, estou sempre ali, ou aqui, ou lá longe, lá longe de mim. É que muitas vezes para saber onde estou, tenho de, eu mesmo, subir ao alto e me ver, fincado, nas letras garrafais que dizem VOCÊ ESTÁ AQUI. É que só assim eu acredito que aquele ser inerte, parado, mesmerizado diante das doze letras garrafais sou mesmo eu.
Finalmente, eu, sabendo onde estou e para onde vou.