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sexta-feira, 19 de agosto de 2005

O sumiço da faxineira

Minha faxineira escafedeu-se. Sumiu. Diante da incontestável verdade de que meu quarto estava relativamente sujo e de que eu não me sinto bem em lugares poluídos, eu tive que arregaçar as mangas e ajoelhar no chão para lavar banheiro, passar pano em móveis, encerar, lavar roupa. Minha faxineira, na verdade, me fez um favor. A faxina foi uma terapia – física e mental. A cada esfregada, uma limpeza de um ponto negro na mente, cada gota de sabão, uma gota que purifica a alma. Fiz a metáfora da limpeza valer. Lavava o chão, e com ele esfregava meus sentidos, ensaboava meus pensamentos, jogava um balde de água fria nos meus medos, espanava reentrâncias cheias de pó que ainda se encontrava escondido por entre meus pensamentos desde os dias da minha infância. Descobri, varrendo debaixo da cama, tesouros perdidos e que ainda tem valia e tesouros que já foram tesouros e que hoje valem menos que uma caixa de fósforos. Em posição fetal e olhando para embaixo dos móveis reencontrei espelhos que já não me refletiam mais ou, quebrados, refletiam apenas uma velha parte de mim.

A minha faxina teve seu ápice na hora em que eu me atirei de corpo inteiro na água que caía forte do chuveiro. A água caminhava sobre mim e eu era a casa. A janela, os meus olhos, a porta, a minha boca, as paredes, o meu tronco, o telhado, mais inacessível, a minha cabeça, meus braços e pernas, a escada. Eu, meu próprio faxineiro, eu, minha própria mãe limpando-me as dobras que em breve serão rugas com um pano úmido, suave. Suave como o toque da vida revista, desembaçada, desengordurada, refeita e entregue de novo à sua limpeza primeira. Intacta aos olhos de quem nunca antes a tinha tocado, mas apenas refeita aos meus e aos teus olhos, que compartilham comigo o segredo de que se hoje emana de mim este perfume de limpeza é porque apenas banhei minha alma, dando-lhe um aspecto novo, mas efêmero, como cheiro de rosa que sentimos quando, apressados, cruzamos um jardim em plena primavera.