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segunda-feira, 22 de agosto de 2005

Martha aqui

Não publico textos alheios aqui, mas esse me pegou.

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Maturidade
Martha Medeiros - O Globo
UMA AMIGA ME ESCREVE UM E-MAIL dizendo-se arruinada, andou fazendo umas besteiras e agora está curtindo uma deprê gigantesca, daquelas de não ter vontade de sair da cama, de se arrumar, de se depilar: “Vou virar uma mulher peluda, bem horrorosa, pra homem nenhum me querer, assim não me meto mais em fria!” Respondo com um e-mail divertido, e entre uma gracinha e outra dou a ela uns conselhos, uns toques de quem até parece que já passou por tudo e viu tudo. Ela, melhorzinha, responde, declarando-se chocada: “Você está nojenta de tão madura!”
Outra amiga me escreve dizendo estar danada da vida com um ex-namorado que, depois de seduzi-la por meses até fazê-la reavaliar uma reconciliação, agora deu pra se fazer de gostoso, não atender telefonemas. “Qual é a deste cara? Uma hora quer, outra hora não quer. Vou ficar louca!!!” Sugiro a ela que escolha um motivo mais sensato para ficar louca, ex-namorado que ainda mora com a mãe não compensa o chilique. E rimos. E lembramos da adolescência. E trocamos frases espertas. E ela: “De onde você tirou esta serenidade toda? Não vai me dizer que amadureceu? Putz, é contagioso?”
Por via das dúvidas, melhor não se aproximar, vá que pegue. De uma hora para outra fiquei assim, lúcida e diabolicamente tranqüila. Não que os problemas tenham sumido, mas deixaram de ser coisa de outro mundo. Se antes eu perdia o sono quando a grana encurtava, agora é o seguinte: vai dar. Vai pintar um trabalho extra. Olha que dia lindo lá fora. Dá-se um jeito. E à noite, durmo. Durmo como se estivesse num sarcófago, durmo feito a múmia de Tutankamon.
Quando eu pisava na bola com alguém — amiga, marido, mãe, empregada — mergulhava em culpa, considerava a relação perdida, até que me ocorreu uma frase milagrosa para solucionar impasses: “Me desculpe”. Funciona que é uma maravilha.
Marido, eu citei marido? Ele anda sobrecarregado de trabalho, cansado, precisando dar um tempo de tudo, quem não precisa? Pois um amigo dele que mora na Espanha o convidou para uma viagem de barco pelo Mediterrâneo, uns 15 dias. O que eu acho da idéia? Ora, acho sensacional, quisera eu. Vá! Vai lhe fazer um bem danado. Deixa que eu fico na retaguarda com as crianças, não ando mesmo ansiosa por viajar, e estou atarefada demais para sair. Vá você numa boa.
O pior é que não ando mesmo ansiosa por viajar, eu que antes não pensava noutra coisa, não fechava um ano sem pegar as malas e sumir por uns dias. Não ando, aliás, ansiosa por nada. Desde a hora em que acordo até a hora de ir dormir, a lista de providências a tomar é quilométrica, e dou conta de tudo, e se não dou, paciência. Não deu pra ir à academia hoje? Vou quando der. O cabelo está sem corte? Qualquer hora arrumo, o cabeleireiro não vai fugir. Estou com o trabalho atrasado? Sempre dei conta, não vai ser agora que vou estressar. Engordei? Engordei um quilinho. Não deve constar da lista dos pecados mortais. Na alma, que é o que importa, estou esquelética. Leve feito uma pétala.
Fazer o que com tanta maturidade? Chamar um médico, urgente. Isso não é normal.