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sexta-feira, 5 de agosto de 2005

Carta ao Parlamento

Ilustres Deputados e Senadores,
Minha esperança por este país vem desde a época em que eu ainda pensava em começar a engatinhar. Passou pelas Copas do Mundo e pela bandeira de um quilômetro que minha mãe costurava e ainda costura a cada quatro anos, passou por cada uma das eleições - as que eu votei e as que a idade não me deixou votar -, pelas aulas de OSPB, EMC, filhotinhas da ditadura, pelas horas e horas que passava tentando decorar os Estados e suas respectivas capitais, pela força que fazia para cantar o Hino Nacional embaixo de sol ou chuva às sete da manhã no Colégio São José, pelo amor e respeito que meus pais me ensinaram que eu devia ter aos Símbolos Nacionais. Meu amor e esperança pelo Brasil se aguçaram ainda mais quando eu saí daqui, aos 18 anos, para explorar, sozinho, o mundo, e voltei, seis meses depois, com mais saudade e amor do que nunca tive pela esquina onde eu nasci.
Meu amor por esse país me faz lembrar quase todos os dias a ditadura, que me ninou ainda no berço. Criança, ainda, eu nem sequer sabia o que era aquilo. Vivi meus primeiros onze anos em um país sem democracia, mas a minha infância fez tudo parecer lindo, pela distância-prêmio das coisas ruins que é concedida aos miúdos. Não vivi conscientemente o período da ditadura, mas aqueles dias, hoje, me marejam os olhos, nas lembranças das músicas cheias de dor e de ousadia e inteligência de Chico, ou nas imagens da época em que tudo que se queria era a liberdade. Não precisei ter vivido a ditadura para ter uma idéia da dor de viver em um país onde não se pode respirar. As minha raízes emocionais e racionais estão aqui, nesse chão que eu piso, que me deu e dá abrigo, e que vocês, daí de Brasília, dizem tomar conta.

Hoje, bem ou mal, respiramos ares mais livres, graças a alguns de vocês que acreditaram em um sonho, e graças a muitos cidadãos que morreram nos porões da ditadura. Nestes últimos meses, no entanto, nos sentimos tolhidos em outras coisas talvez tão ou mais importantes do que a liberdade. Muitos de vocês estão aí no Parlamento armando um circo de mentiras e tentam nos tolher, hoje, do direito de não sermos idiotas. Agem e nos tratam como se fôssemos um bando de criancinhas acreditando e se divertindo com as maluquices subaquáticas de Bob Esponja. Nos tratam não mais com mordaças, mas supõem que usamos, ainda, uma venda nos olhos. Quero que vocês saibam que não. Não somos mais criancinhas, nem tão pouco temos vendas nos olhos. Vocês podem ainda não ter notado, na burrice crônica dos que só conseguem ver os próprios umbigos e não levantam os olhos para ver, de cima, a própria sociedade para a qual formulam leis, que nós, brasileiros, mudamos. Não mudou apenas a esperança que aprendemos a ter, como povo sofrido que somos. Não mudou a cor da bandeira que rimos e choramos em cima, não mudou o respeito que temos por este chão que pisamos. Mudou, sim, a forma como olhamos para vocês. E, acreditem, isso muda tudo. Não aceitamos mais resultados pífios, não aceitamos mais acordões e afins. Queremos mudança. Não queremos pizzas. Fechamos as pizzarias, abolimos a massa do nosso cardápio.
Nunca estivemos com os olhos tão grudados nesses sorrisos falsos que ganharam votos, um dia, nos enganando, na pálpebra que sobe levemente na hora de contar uma mentira, no tom de voz que recua e insinua uma omissão, na memória que esquece, na boca que se fecha na hora que lhe é mais conveniente. Cansamos de suas conveniências, senhores. Estamos atentos, ilustríssimos deputados e senadores, nós somos aquela câmera de lente longa, direto nos seus olhos, e não queremos pizza desta vez. Porque, desta vez, há um ar novo, um quê de esperança-verdadeira. Não porque vocês mudaram, mas porque os tempos mudaram, nós mudamos, a vibração é outra e a reação às suas ações são muito mais visíveis e atuantes do que na época do radinho de pilha.
Estamos de olho. Do forno a gente quer ver sair é mais feijão na nossa mesa, mais lenha pronta para a nossa fogueira de esperanças e vontades. Não ousem a nos dar menos que isso. Nossos sentidos estão atentos.
Cordialmente,
Leandro Costa e os que abaixo comentam e assinam.