<body><script type="text/javascript"> function setAttributeOnload(object, attribute, val) { if(window.addEventListener) { window.addEventListener('load', function(){ object[attribute] = val; }, false); } else { window.attachEvent('onload', function(){ object[attribute] = val; }); } } </script> <div id="navbar-iframe-container"></div> <script type="text/javascript" src="https://apis.google.com/js/platform.js"></script> <script type="text/javascript"> gapi.load("gapi.iframes:gapi.iframes.style.bubble", function() { if (gapi.iframes && gapi.iframes.getContext) { gapi.iframes.getContext().openChild({ url: 'https://draft.blogger.com/navbar.g?targetBlogID\x3d8639429\x26blogName\x3dDi%C3%A1rio+Evolutivo\x26publishMode\x3dPUBLISH_MODE_BLOGSPOT\x26navbarType\x3dTAN\x26layoutType\x3dCLASSIC\x26searchRoot\x3dhttps://evoluirefluir.blogspot.com/search\x26blogLocale\x3dpt_BR\x26v\x3d2\x26homepageUrl\x3dhttp://evoluirefluir.blogspot.com/\x26vt\x3d-7690663095198134269', where: document.getElementById("navbar-iframe-container"), id: "navbar-iframe" }); } }); </script>







segunda-feira, 8 de agosto de 2005

Árias e novos ares

Domingo no parque tem cheiro de carne queimando, galinha assada, maçã do amor, suor, verde de árvores antigas, cheiro de grama e de cocô de cachorro, cheiro de pipoca e de algodão-doce. Estes são os cheiros.

O que se vê? Domingo, no parque, vê-se muita gente: crianças jogando bola, garotos e garotas voltando à Idade Média e escondendo-se em labirintos e castelos, pais aflitos, casais de namorados gentilmente locados na grama, sob um lençol antigo, aos beijos e amassos, poodles de madames de lacinhos no cabelo, crianças ricas e felizes, crianças pobres e felizes, crianças ricas e infelizes, crianças pobres e infelizes. Raramente vêem-se gays no parque aos domingos – pelo menos em Salvador. Mas hoje estava cheio. E estava cheio por causa de uma das coisas que se ouvia.

Domingo, no parque, ouvem se muitas coisas: gritos de crianças alegres, uivos de cachorros famintos, ruído de dentes entrando na maçã do amor, de pipoqueiro gritando que a pipoca tá quentinha, eu quero um coco gelado, que dia lindo, que céu mais ainda, mas a Mata Atlântica ainda sobrevive aqui, eu nasci em Salvador mas nunca tinha estado aqui, e ouvia-se, também, um som diferente no ar. Na voz de Edson Cordeiro, ouviam-se árias de Mozart, Puccini, Vivaldi e outros. Sim, ontem no parque ouvia-se ópera, também. E o povo aplaudiu, e os gays estavam lá, no parque, às onze da manhã, para apreciar música erudita. É bem verdade que não por causa da música em si, mas por causa do cantor.

A verdade é que eu nunca tinha visto tantas tribos, tantos cheiros e tantas cores misturadas em um dia comum que não fosse carnaval. E foi muito bonito, apesar do calor infernal que fazia. Tinha gente trepando nos barrancos ao redor da arena e tinha gente, como eu, me arrepiando inteirinho com as árias. Inusitado, no mínimo, mas muito bom.

:::

Sexta teve Carne, sangrando nos dentes. Bailarinos e atores se jogando no chão, velas tocando corpos, uvas, homem com homem, mulher com mulher, cadeira de rodas, cunilíngua, nomes pesados, cenas pesadas, morte, tragédia. Platéia vermelha nas bochechas, mãos ardendo ao final. Nelson Rodrigues.


Quem não viu ainda, imperdível. “Carne em Verbo”, da minha amiga Rita Leone. Para os amantes de um bom texto, dança, direção e produção cuidadas, muito tapa na cara e instintos à flor da pele. Cabaré dos Novos (Teatro Vila Velha), sextas e sábados, às 19h. preço único: cinco reais.

:::

Assisti, mais duas vezes - só neste final de semana - , Kill Bill 2. Como é que um filme pode ser tão bom assim?

:::


(Cedi a ti muitos dias atrás. Agora invades meu sono tranqüilo, e me encolho no palmo que resta da cama para que possas estirar-se de corpo inteiro sobre o leito que tomastes, agora, como teu, e que te entrego, porque, para mim, nada quero que não sejam essas pernas longas, estes braços em cruz, este corpo inteiro jogado a esmo nos lençóis que eu mesmo troco e do qual só tenho direito a este palmo, onde me encolho e durmo, sabendo que tudo agora é maior vida.)