Ilha revisitada
Sempre soube que a Ilha de Itaparica era belíssima, veraneei lá durante alguns anos e tudo que tenho aqui na memória é a péssima recordação das filas imensas nas voltas aos domingos – ninguém merece passar a tarde da véspera de segunda ouvindo rádio AM e gritos de vendedores de rolete de cana na fila de Gameleira, que parece infindável. Deprimente.
Por essas e outras, a ilha está no meu imaginário como o inferno dos infernos, afinal de contas foram anos e anos de desespero, principalmente com relação ao deslocamento de ferry. É obvio que eu tenho muitas recordações excelentes, lindas. Eu veraneava em Cacha – Prego – que eu jurava que se escrevia ‘Caixa’ – e não me esqueço do bar de seu Ioiô, do mar azul e transparente que logo na beirinha já descia, na minha mente de criança, em precipícios imensos e cheios de tubarões, da areia dura da praia, dos passeios de manhã vendo os golfinhos. Não, eu seria injusto com a ilha se desprezasse esses momentos bons. Mas a verdade é que impressão ruim fica mais que impressão boa. E eu caio em mim descobrindo o quanto é incrível o fato de que a gente esquece com facilidade o bom. É que o mau é tirânico e acaba dominando.
Ainda hoje acho o sistema de ferry terrível, humilhante e desgastante, principalmente nos feriados. Ainda prefiro pegar a Linha Verde. No entanto, devo admitir que depois que virei fã de João Ubaldo Ribeiro, li ‘Viva o povo brasileiro’, e entrei naquele mundo que ele descreve tão bem, a ilha adquiriu um aspecto mítico para mim. Aqueles nomes dos lugares, os mesmos do livro, a história, que mesmo ficcional tem um quê de verdade nas entranhas... tudo isso tornou muito agradável esse meu retorno à ilha ontem. Obviamente não fui de ferry; aliás, se só houvesse esse meio de transporte para lá, essa partezinha do mundo não teria nunca mais o ar da minha graça. Fui de ‘lancha rápida’ que, de rápida mesmo, não tem nada – descobri que é apenas a distância entre o continente e a ilha que é mais curto que de ferry, pela localização do ponto de partida ainda em Salvador. São 40 breves minutos, você paga R$ 3,50 em feriados e um real a menos em dias úteis. Uma pechincha. E, por uma pechincha, você está no paraíso. Escolhi Barra Grande e, apesar de já conhecer, me aventurei a andar um pouco mais pela praia, descobrindo visuais incríveis. Não me perdôo por ter esquecido a minha câmera digital – mostro fotos em uma outra oportunidade – porque aquele lugar não perde para nenhuma praia das mais paradisíacas pré-tsunami. Sem falar da lua cheia... mas é melhor deixar pra lá, que lobo quando quer ficar quieto não pensa em lua cheia, e é melhor eu ficar aqui, quietinho, no meu canto.
Boa Páscoa com muitos ovinhos para todos!
Por essas e outras, a ilha está no meu imaginário como o inferno dos infernos, afinal de contas foram anos e anos de desespero, principalmente com relação ao deslocamento de ferry. É obvio que eu tenho muitas recordações excelentes, lindas. Eu veraneava em Cacha – Prego – que eu jurava que se escrevia ‘Caixa’ – e não me esqueço do bar de seu Ioiô, do mar azul e transparente que logo na beirinha já descia, na minha mente de criança, em precipícios imensos e cheios de tubarões, da areia dura da praia, dos passeios de manhã vendo os golfinhos. Não, eu seria injusto com a ilha se desprezasse esses momentos bons. Mas a verdade é que impressão ruim fica mais que impressão boa. E eu caio em mim descobrindo o quanto é incrível o fato de que a gente esquece com facilidade o bom. É que o mau é tirânico e acaba dominando.
Ainda hoje acho o sistema de ferry terrível, humilhante e desgastante, principalmente nos feriados. Ainda prefiro pegar a Linha Verde. No entanto, devo admitir que depois que virei fã de João Ubaldo Ribeiro, li ‘Viva o povo brasileiro’, e entrei naquele mundo que ele descreve tão bem, a ilha adquiriu um aspecto mítico para mim. Aqueles nomes dos lugares, os mesmos do livro, a história, que mesmo ficcional tem um quê de verdade nas entranhas... tudo isso tornou muito agradável esse meu retorno à ilha ontem. Obviamente não fui de ferry; aliás, se só houvesse esse meio de transporte para lá, essa partezinha do mundo não teria nunca mais o ar da minha graça. Fui de ‘lancha rápida’ que, de rápida mesmo, não tem nada – descobri que é apenas a distância entre o continente e a ilha que é mais curto que de ferry, pela localização do ponto de partida ainda em Salvador. São 40 breves minutos, você paga R$ 3,50 em feriados e um real a menos em dias úteis. Uma pechincha. E, por uma pechincha, você está no paraíso. Escolhi Barra Grande e, apesar de já conhecer, me aventurei a andar um pouco mais pela praia, descobrindo visuais incríveis. Não me perdôo por ter esquecido a minha câmera digital – mostro fotos em uma outra oportunidade – porque aquele lugar não perde para nenhuma praia das mais paradisíacas pré-tsunami. Sem falar da lua cheia... mas é melhor deixar pra lá, que lobo quando quer ficar quieto não pensa em lua cheia, e é melhor eu ficar aqui, quietinho, no meu canto.
Boa Páscoa com muitos ovinhos para todos!