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quinta-feira, 17 de fevereiro de 2005

Amadorismos


"Nem sempre ganhando, nem sempre perdendo, mas sempre aprendendo a jogar"

Fico estes dias pensando na galera do BBB - prometo que este não é mais um post sobre o programa - que diz que não joga nem vai jogar. Eu, no lugar deles, acho que ficaria do lado dos que não jogam ou pelo menos dizem isso.

Trazendo, mais uma vez, as valiosas lições e reflexões que surgem do programa mais meditativo da TV brasileira para a vida real - ou a vida eternamente monitorada pelas Câmeras Divinas - eu lembro dos dias mais ingênuos da minha vida em que eu dizia que não ia jogar também. Eu me negava a deixar de fazer algo que estava morrendo de vontade apenas para fazer 'joguinho'. Meus sins eram sempre de coração e meus nãos eram dados sem dificuldade alguma. Saíam de mim como um choro sai da boca de uma criança com fome ou de barriga cheia. Excessiva fidelidade às minhas vontades, essa a minha.

Hoje tentam me convencer a dizer sins e nãos com a mesma astúcia com que um jogador de xadrez decide a próxima jogada, o próximo movimento. Tenho tentado, mas sinceramente não sei até onde vai isso, não sei até onde esse jogo vai continuar rendendo frutos. Sou pouco estratégico. Sempre odiei os jogadores, porque sempre odiei ter de competir - fraqueza minha, eu sei. E acho que por amor não se compete. Por amor, ama-se. Amam-se os jogadores ou os amadores como eu. (E escrevendo 'amadores' de repente descubro que a etimologia da palavra tem um radical que chama a atenção e talvez seja a amarração que preciso pra fechar o meu pensamento: amar -> amador.)

[...]

É isso, amigos estrategistas, é isso, manual de conquistas, a ficha caiu: de peito estufado lhes digo que sou um amador sim, um bobo amador, infiel às regras, infiel às conjunções, infiel às estratégias. Ponho à mesa, ao invés de cartas, coração e palavras de carinho. Ao invés de peças de pedra sabão, ponho no tabuleiro dedos íntimos, toque, coragem de dizer que a vida continua, que te quero agora mesmo e aqui, e que o jogo acabou, game is over, não tenho dinheiro pra outra ficha, não tenho mais cartas na manga. Começa aqui o amadorismo dos velhos amantes, bons nisso desde muito antes que o mundo era mundo. Termina aqui o tempo em que possíveis-futuros-amantes, sentados frente à frente, só viam pedrinhas que, movidas, derrotariam o outro com um cheque-mate.

Determino, portanto, a partir de agora, o início de um novo tempo em que os amantes não mais fingirão a ausência ou presença do amor, em que a fruta mais desejada será também a mais abundante, em que ninguém que ame jamais terá de acordar sozinho no meio da noite apenas porque a regra 3454-2 do Jogo do Amor a fez dizer não a um convite para aquela noite. Inicia-se aqui uma era em que está declarado o fim das palavras 'opositor' e 'oponente' e todos seus sinônimos e afins, sendo que estas deverão ser imediatamente substituídas pela palavra 'amantes'. A partir deste momento, palavras de amor não serão mais poupadas, mas ditas, abundante e destemidamente, apenas com uma ressalva: só poderão ser ditas por quem realmente as sente, evitando o pior dos jogos, que é o Jogo do Desamor, também conhecido como o Jogo das Desilusões que faz sofrer os amadores como eu.

(sei que esse novo tempo, de leis tão frágeis legisladas nessa minha solidão de amador, faz pouco sentido aos humanos, como eu, que ainda se agarram tanto às suas superficialidades, que negam a fruta simplesmente porque ela é abundante, que se nauseiam de tudo que é muito presente e disponível. Sei disso, e como sei. Minhas legislações mais utópicas não são nada mais que desabafos de um coração norteado pela esperança que quer, ele mesmo, se libertar destas arestas, destas convenções que nos enjaulam. Mas um amador não desiste nunca de ter esperanças. Ele sabe bem que são das utopias mais improváveis que se descortinam novas paisagens.)

***

Agora, peço a vocês licença. Vou ligar para o meu amor apenas pra dizer o quanto é bom ouvir essa chuva caindo no telhado e saber que o frio a mim não chega, pois meu coração já está aquecido.