[a antonio]

No Candomblé, a sala era quase do tamanho do meu quarto, ou de uma sala de aula do UEC, onde cabem 12 pessoas. Os filhos e filhas-de-santo – estas últimas com suas saias rodadas de diâmetros imensos – dançavam ao redor do fogo da vela e por milagre – só assim posso explicar – não se queimavam. No ritual católico, era uma casa de mais de 200 anos. Piso de madeira, pé direito altíssimo, altar (ver foto) decorado para o santo. Os presentes – como no candomblé, de todas idades – cantavam fervorosamente as canções e entoavam as rezas em fervor ao santo casamenteiro.
No terreiro, as oferendas eram atiradas na rua. No ritual de Antonio, elas eram disfarçadas numa comedeira sem fim ao final da festa. Nos dois espaços, a fé. Nos dois espaços, rituais imbricados, fé sincretizada, coração pedindo paz, proteção. Nos dois a minha certeza de que é a fé que nos move, de alguma maneira. Nos dois, um balanço final de que eu, por não pertencer a nenhuma religião, às vezes me perco na minha fé. Sei do lado bom disso tudo – a minha liberdade -, mas sei também que os rituais são um atalho para um contato mais profundo e contínuo com Deus. Seja qual for a religião, seja qual for o caminho.
(novas fotos no Lambe-lambe)