[de boa intenção...]
A peça até que não é ruim. Tem uma boa intenção. Às vezes consegue até fazer rir. Tem um elenco mediano, salvo, no geral, por Eduardo Albuquerque. É apenas uma comédia feita nos moldes que já conhecemos - dos quais muitos de nós já estamos cansados - apenas para dar público e dinheiro. E é exatamente o público que comparece em massa para espetáculos como “Todo mundo tem problemas sexuais” que me preocupa. E o último esquete é o que mais me preocupa.
Para quem não assistiu, a peça é composta por seis esquetes, cada um retratando um ‘problema’ sexual. E a homossexualidade, encoberta pelo título de ‘preferências sexuais’, é um deles. O personagem principal é um rapaz que se auto-intitula “sério e formal”, usa uma camisa de gola rolê, e detesta ouvir palavrões. Conhece uma garota ‘liberal’ e, aos poucos, começa a desvendar, com ela, os caminhos do prazer anal. Isso mesmo: garota começa com os dedos e evolui a escovas de cabelos, etc. E assim se constrói a homossexualidade do rapaz, e assim ele começa a se identificar como homossexual e o público passa a enxergá-lo como tal. Vejam que a sexualidade dele não é construída (revelada?) a partir do que ele é, do que ele faz, do que ele sente. A sexualidade dele se constrói a partir do prazer sexual. Uma generalização perigosa, principalmente para um público que ignora, e por isso discrimina, os homossexuais e suas ‘preferências’. Perigoso, porque sabemos que a sexualidade não se constrói a partir da cama. A cama e o sexo não são os pontos de partida. A cama e o sexo são uma conseqüência dessa orientação. Isso acontece com o hetero, com o gay, com o ‘pervertido’. É óbvio que o personagem já possuía suas vontades, mas isso passa desapercebido pelo público que não pensa muito – mesmo porque essa faceta não é explorada. A superficialidade com que trata o tema só gera mais preconceitos, só reforça o antigo estereótipo, não acrescenta nada de novo, apenas reforça o que já está aí.
Não esperava que a peça desenvolvesse o tema com uma profundidade que, eu sei, não é possível num espetáculo como aquele. Esperava, talvez, um pouco mais de responsabilidade ao tratar um tema complexo como é a homossexualidade. Não poderia esperar outra coisa do teatro do século XXI, feito por pessoas que, eu sei, estão à frente do seu tempo, ou pelo menos mais bem conectados com o presente e o futuro do que o grande público. Dessa vez eu esperava mais. A peça pretende esclarecer, fazer refletir, mas, ao final, o que dá vontade é de distribuir folhetinhos na saída explicando a verdade dos fatos.
Para quem não assistiu, a peça é composta por seis esquetes, cada um retratando um ‘problema’ sexual. E a homossexualidade, encoberta pelo título de ‘preferências sexuais’, é um deles. O personagem principal é um rapaz que se auto-intitula “sério e formal”, usa uma camisa de gola rolê, e detesta ouvir palavrões. Conhece uma garota ‘liberal’ e, aos poucos, começa a desvendar, com ela, os caminhos do prazer anal. Isso mesmo: garota começa com os dedos e evolui a escovas de cabelos, etc. E assim se constrói a homossexualidade do rapaz, e assim ele começa a se identificar como homossexual e o público passa a enxergá-lo como tal. Vejam que a sexualidade dele não é construída (revelada?) a partir do que ele é, do que ele faz, do que ele sente. A sexualidade dele se constrói a partir do prazer sexual. Uma generalização perigosa, principalmente para um público que ignora, e por isso discrimina, os homossexuais e suas ‘preferências’. Perigoso, porque sabemos que a sexualidade não se constrói a partir da cama. A cama e o sexo não são os pontos de partida. A cama e o sexo são uma conseqüência dessa orientação. Isso acontece com o hetero, com o gay, com o ‘pervertido’. É óbvio que o personagem já possuía suas vontades, mas isso passa desapercebido pelo público que não pensa muito – mesmo porque essa faceta não é explorada. A superficialidade com que trata o tema só gera mais preconceitos, só reforça o antigo estereótipo, não acrescenta nada de novo, apenas reforça o que já está aí.
Não esperava que a peça desenvolvesse o tema com uma profundidade que, eu sei, não é possível num espetáculo como aquele. Esperava, talvez, um pouco mais de responsabilidade ao tratar um tema complexo como é a homossexualidade. Não poderia esperar outra coisa do teatro do século XXI, feito por pessoas que, eu sei, estão à frente do seu tempo, ou pelo menos mais bem conectados com o presente e o futuro do que o grande público. Dessa vez eu esperava mais. A peça pretende esclarecer, fazer refletir, mas, ao final, o que dá vontade é de distribuir folhetinhos na saída explicando a verdade dos fatos.