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domingo, 23 de abril de 2006

[o projetado e o real]

O dia da defesa era, sem dúvida alguma, o dia que eu mais temia. Sabia que o processo da escrita seria difícil, como de fato foi – não apenas pela escrita em si, mas pela disciplina que escrever uma dissertação praticamente sozinho exige –, sabia que as leituras poderiam ser complicadas, as matérias poderiam exigir um tempo de dedicação que eu não tinha, mas realmente era a defesa que me assustava. Assim que soube da data, um mês antes, evitava pensar no assunto. Nisso eu já era mestre: planejo, detalhadamente, o dia que vou começar a me preocupar com alguma coisa. Até essa data, ignoro o problema com todas as minhas forças (risco calculado, que até hoje tem dado certo). Quando não dá mais pra fugir, encaro: e desta vez precisei de uma sessão inteira de terapia para ouvir que eu ‘tenho medo do meu saber’ e que não estaria, no dia 19, ‘me defendendo, mas defendendo uma idéia’ – que acabava não sendo mais nem muito minha, por já ter sido entregue ao mundo. Saí da sessão do dia 13 de abril muito mais confiante: que venha o dia 19. Chamei os anjos, os amparadores, pus minha coragem na frente e lá fui eu.

Os anjos estavam ali, eu sabia, pois eu respirava uma quietude no ambiente. Não era uma quietude proveniente do fato de que só havia uma única pessoa na platéia – pelo menos no plano físico. Era quietude astral mesmo, eram harpas tocando. E comecei a minha apresentação. O grande dia chegara afinal, e a imagem apreensiva que eu tantas vezes plasmei na minha tela mental – num misto de curiosidade e medo – afinal não tinha nada a ver com a imagem real, a que de fato se concretizou no dia D. Falei sem nervosismos, ouvi sem nervosismos, não teve aquele professor sacana que quer destruir seu trabalho, nem aquele que te quer passar a mão pela cabeça (igualmente um pesadelo). Houve professores extremamente capazes tanto emocional quanto tecnicamente, que fizeram críticas construtivas e elogios. Essa parte foi ótima, não posso negar. E ao final das críticas ainda ouvi um “você responde se quiser, são somente reflexões mesmo”. E estava finalizada a defesa. Neste ponto, já sabia que tinha sido aprovado. Ao final da defesa, você sente o clima da coisa. Agora era só aguardar o parecer.

Lá vêm então os três professores acompanhados pela secretária do Programa de Pós-Graduação em Letras. Papéis na mão, e eu fico pensando em como tive de lutar por aquele papel, dobrado duas vezes e enterrado em um envelope, carregado paradoxalmente com tanta leveza por Laís. “Mas o peso é outro”, pensei com meus nervosos botões. Houve ‘se levantar para ler o parecer’ – e nessas horas não dá pra não se sentir um réu – houve leitura formal da ata, houve as assinaturas, os aplausos, os beijos e os ‘muito obrigados’. Houve de tudo. Não faltou nada, confesso.

Agora, me surpreendo comigo mesmo pensando em doutorado quando, durante o difícil processo do mestrado, era tudo que abominava. E a vida pra mim tem sido assim: vencendo terríveis medos, projetados por mim mesmo, e depois ficando com gosto de ‘quero mais’ na boca. Vou, aos poucos, pensar nisso.
Ao final, fica uma satisfação de dever cumprido e uma leve alegria por se sentir ainda tão entusiasmado pelas posibilidades de aprendizagem que existem no caminho. Independentes de títulos, de bancas e de diplomas. Aqui, é do dia-a-dia mesmo de que falo.