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terça-feira, 6 de setembro de 2005

Dois pássaros na mão

Não quero ser uma pedra, mas poeira que se solta das mãos de quem decide espalhar-se pelo mundo. Não quero ser um balde de água que jorra tudo em instantes, mas chuva que cobre e inunda cidades inteiras por horas a fio. Não quero agir localmente, ser direto e preciso. Quero ser impreciso, global, abrangente. Não quero ser a agulha que fura e dói em um ponto específico, mas tiro de espingarda de sal grosso, que perfura um corpo inteiro. Quero ser céu estrelado que não se vê o fim, ipê florido que deixa o chão um tapete de cor, prédio de mil andares que se perde no alto. Quero ser esse mar que de cima acredita-se raso, mas que nem mil homens poderiam alcançar o fundo. Quero os leques abertos, não quero apenas uma carta, mas várias dispostas sobre a mesa, quero o oito deitado, o infinito rasgado por dez unhas imensas. Quero que venham problemas, enchentes, secas. Quero, com mil mãos, secar e abastecer continentes inteiros. Não quero um olho só, mas vários, um chão só não me basta, quero quilômetros inteiros para pisar. Quero estradas de asfalto, de barro, estradas intergaláticas e outros universos. Quero poder fechar um olho e ver que minha mão cobre o sol e a lua, inteiros. Quero os dois astros na minha palma, uma estrela em cada dedo, e os outros planetas inteiros na minha ascendência.

Sendo tanto, tendo tanto e vendo tudo, me abasteço por séculos a fio. Assim, se me deixas assim, como estou agora, cubro-me com um véu e renasço, distante, poderoso, refeito, em outras planícies, em outras paisagens, porque não cri em um sol apenas, não chorei por uma só lua, mas sempre fui abundante como as estrelas, que cobrem um tapete negro de luz cujo fim não se vê, nem se crê, mas percebe-se a presença infinita.

(O mundo é bão, Sebastião. Quando eu aumento o som assim, abro as janelas e de repente noto que minhas flores voltaram ao jardim, é porque a vida de repente conseguiu me acessar. As minhas instabilidades me servem às vezes para descobrir intensidades)