Leve-me
(agarre-se forte no chão,
prenda a respiração,
depois entregue-se leve ao dia,
que é hora de se deixar levar pela poesia)
É de leve que se chega,
sopro roçando surdos ouvidos.
É de leve que penetra
Dó, ré, mi, fá, thi, lé, vi
É de leve que se ouve,
que se enxerga, que se vê.
Olhos: verve.
É do alto que vem
A lava
Que desce.
É de leve que se chega,
rastros mudos,
gafanhoto em caule verde.
É de leve que se sopra,
vento tímido.
É de leve que se sobe,
Passos lentos de pantufas:
Chão que brilha.
É de leve que se banha,
água rasa, pés molhados.
É de leve que se molha,
que se esvai,
que se entrega.
É nessa leva que se vão,
dias cheios,
noites cheias,
pés de cobre.
É de leve que se vive,
é de leve que se exprime,
sublime,
suave: redime.
É a leveza que me leva,
lava,
banha a alma que vaga, leve.
É de leve que se morre,
que se escorre,
morto, leve: releve.
É de pluma que se leva, leve, lebre, rápida, leve-me
É num sonho que te levo,
- Por favor: leve-me.
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Obrigado pela participação intensa na enquete. O quase-incêndio realmente ocorreu. Não foi imaginação minha, nem tão pouco o relato de uma noite ardente...
Namasté e felicidades, que hoje é quarta, dia de dormir de costela na costela, porque não sou de ferro!