<body><script type="text/javascript"> function setAttributeOnload(object, attribute, val) { if(window.addEventListener) { window.addEventListener('load', function(){ object[attribute] = val; }, false); } else { window.attachEvent('onload', function(){ object[attribute] = val; }); } } </script> <div id="navbar-iframe-container"></div> <script type="text/javascript" src="https://apis.google.com/js/platform.js"></script> <script type="text/javascript"> gapi.load("gapi.iframes:gapi.iframes.style.bubble", function() { if (gapi.iframes && gapi.iframes.getContext) { gapi.iframes.getContext().openChild({ url: 'https://www.blogger.com/navbar.g?targetBlogID\x3d8639429\x26blogName\x3dDi%C3%A1rio+Evolutivo\x26publishMode\x3dPUBLISH_MODE_BLOGSPOT\x26navbarType\x3dTAN\x26layoutType\x3dCLASSIC\x26searchRoot\x3dhttps://evoluirefluir.blogspot.com/search\x26blogLocale\x3dpt_BR\x26v\x3d2\x26homepageUrl\x3dhttp://evoluirefluir.blogspot.com/\x26vt\x3d-7690663095198134269', where: document.getElementById("navbar-iframe-container"), id: "navbar-iframe" }); } }); </script>







terça-feira, 19 de julho de 2005

Contra a maré

Não quero ser coesivo nem coerente, não quero minhas frases nem meus ideais ligados por marcadores de discursos, conectores, referentes. Exófora, endófora, anáforas, catáforas: tô fora. Não quero que você me leia e aqui descubra-se, não quero o que está no manual da sintaxe, nem no da semântica, nem em nenhum dos manuais que existem. Não quero frases conectadas em busca de um script, não quero meu texto lido em goles curtos, mas em goles imensos, despaçados (quero o neologismo), despedaçados, não quero te dar um significado, quero o Aurélio como inimigo, não quero saber dos teóricos nem de suas práticas, ando cansado das citações entre aspas, das referências milimétricas, não quero que me referenciem nem me reverenciem, quero dar ao mundo a ausência da linguagem, da palavra, já que dizem que a linguagem surge somente quando nos entendemos mutuamente. Não sei quem disse isso, mas não dou a mínima, porque não quero referências, já disse.

Quero essa metalinguagem, quero o intertexto cruel, o texto que parte do todo e gera um nada incompreensível a muitos, quero essa imbricação sem ética, essa junção desesperada de coisas, quero texto de Clarice sem substratos últimos, sem it’s. Leminsky redundante, Cecília sem rimas etéricas, Hilst sem palavras de força, quero Pessoa, corajoso, aqui, sem heterônimos, Saramago em períodos curtos, Ubaldo sem Bahia, Nelson Rodrigues sem subúrbio, Graciliano sem o Nordeste, Amado sem o Candomblé, Lobato sem Emília. Quero ver essa troca, atrapalhar os teóricos, fazê-los reverem tratados. Ando cansado dos academicismos, cansado de mim mesmo tentando entender estas composições onde não há palavras leves como ‘amor’ e ‘luz’.

Quero não ter temas e começar minhas linhas sem o desespero do meu despreparo, da minha angústia. Quero construir o texto que vem de dentro e não o que sai dos livros e compêndios que me deram às mãos com prazos exíguos para serem devorados, o que quero devorar mesmo é o it de Clarice, a simplicidade de Leminsky, as rimas suaves de Cecília, os longos períodos de Saramago, a Bahia de Ubaldo, pisar na teoria, dar um tiro nas enciclopédias, compêndios, escritos de anos.