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sexta-feira, 28 de janeiro de 2005

Sobre origens


E estou de volta à Cidade Baixa. Morei aqui a minha vida toda e agora retorno, numa temporada ao lado de mamãe e papai, para repor, entre outras coisas, as energias. E voltar a morar aqui é como voltar. Simplesmente voltar (esse verbo voltar que escrevo aqui não pede um complemento, simplesmente porque voltar para o lugar de onde viemos não é voltar no sentido que comumente usamos, simplesmente porque eu sempre estive aqui). O Leo que vocês conhecem - ou não - é o resultado disso tudo que é a Cidade Baixa. E é bom estar aqui. Como minha vida nos últimos anos se resumia a eventos longe de tudo isso a que solenemente chamo de Meu Berço, eu simplesmente estou refugiado por estas bandas. No meu esconderijo. Perto do mar da baía, perto da Igreja do Bonfim, do sorvete da Ribeira, da vida primitiva que ainda se vive por aqui.

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Aproveitando os eventos cidadebaixanos, hoje fui assistir a Murmúrios, em cartaz no Espaço Jequitaia, Calçada, de terça a quinta, zerooitocentos. A peça em si não me impressionou muito, já vi estive em espetáculos que me tocaram mais. Agradou os mais aficcionados, provavelmente. O fato de eu não ter gostado muito não diminui a peça em nada: trata-se de um espetáculo muito bem feito, uma cenografia fantástica, que remete a um mundo seco, insípido, tem atores bem sintonizados e, principalmente - e isso a gente vê nos olhos dos atores -, muita dedicação à causa. E que causa é o teatro. Bela e difícil, principalmente no Brasil, principalmente na Bahia. Mas eles fizeram bonito. Muito bonito. Não gostei talvez porque no momento que vivo, peças dificeis como esta me enfadam, me dão impaciência e sono. A culpa é minha mesmo, admito. Eu deveria ter ido assistir a uma comediazinha romântica qualquer ao invés de mergulhar num espetáculo como aquele. Se você gosta de teatro e mais ainda de ter a sua própria opinião sobre as coisas, vá lá. É de graça, é teatro baiano, é num lugar lindo. Eles voltam depois do carnaval.

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Por falar em Cidade Baixa, algum de vocês já comeu uma moqueca na Pedra Furada? Já andou na orla da Cidade Baixa? Já comeu pirão na Baixa do Bomfim? Já ficou admirando o céu da Ribeira em um fim de tarde? Já viu esse casarão ai da foto e teve vontade de levá-lo pra casa? Já andou pela Ribeira admirando as fachadas das casas antigas (tão mal preservadas)? Não? Então vocês estão precisando de uma dose de primitivismo na veia.

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(Meus olhos pesam, a cama e meus sonhos me esperam. Ela me atrai como luz atrai mosquitos depois da chuva. Mas temo a traição dos meus pensamentos, que podem lançar o fogo dos pesadelos sobre meus olhos cansados e sonolentos. Decido pela reza que antecede o sono e protege. Ultimamente não tenho sonhado tanto. E nem preciso, pois meus sonhos têm sido de olhos abertos. Pesados e abertos. Doloridos e largamente abertos, alargados, atentos aos movimentos do mundo. Movimentos especialmente de contração, de volta, de retorno. O mundo ultimamente tem voltado muito para mim. Ele tem retornado a mim, como credor que retorna pedindo dinheiro em débito. Tenho dado a ele o que posso, o que tenho e o que não tenho. Só não entrego meus sonhos, porque sem eles não produzo, não sou nada, nada posso, nada tenho. A vida credora meio que entende que sem meus sonhos não posso gerar a riqueza que a sustenta. Sem eles, meus débitos são impagáveis.

Apalpo o melhor travesseiro que tenho - porque para amaciar as quedas dos pesadelos, por precaução, tenho vários na cama -, seleciono os pensamentos com os quais pagarei minhas dívidas, rezo sutilmente para não estragar o silêncio da vida que volta a mim num resgate, e fecho serenamente os olhos, vendo aquela senhora aproximar-se serena. Ela vem para libertar-me, Ela vem, incorporada num manto de luz, não pedir nada - porque na realidade nada lhe devo - mas dar; é para isso que Ela vem. E estendo a mão para receber sua benção de Mãe de Luz. No seu olhar vejo que tudo que lhe devo é um breve e longo sorriso que, nos dentes brancos, façam brilhar a minha paz.)