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segunda-feira, 15 de novembro de 2004

Original da Bahia

Estar na Bahia e passar uma tarde em Itapuã, e depois comer um acarajé em Cira, de sobremesa um bolinho de estudante, ver aquela bagunça deliciosa que é o lugar, depois tomar um suco de jaca mole, passar pelas ruas estreitas e mal-iluminadas do bairro e ver aquele monte de mulher requebrando ao som dos pagodes, os negros, os brancos, os turistas, todo mundo misturado. Quem mora aqui já acostumou, mas basta um olhar mais distanciado para notar a originalidade do cenário. Hoje passei mais uma tarde em Itapuã. E não é a primeira vez que falo desse lugar aqui. Poderia estar falando do Pelô, ou do Bomfim, estes lugares mágicos onde a baianidade está tão presente. Leia e vá imaginando a cena:

No ar um cheiro forte de dendê, sons se misturam, carros buzinando, entro na fila e peço um abará com camarão e um bolinho de estudante (iguaria feita de tapioca, coberta com açúcar e canela). Quem me despacha é uma senhora coberta de ouro. "Ela só usa ouro 18", me informa um amigo. É a própria Cira, a baiana-mito de Salvador - junto com Regina e Dinha. Quatro reais a minha conta. Recebo fichinhas de acrílico e entro na outra fila, onde estão pelo menos cinco assistentes de Cira, uma delas me lança um sorriso e grita. Pode vir, você é o próximo.

- Um abará com vatapá e camarão, freguesa. - faço o meu pedido.
- Podexá.

Enfia a faca num caldeirão com diâmetro de quase um metro, pega o bolinho amarelo com uma habilidade de malabarista, num gesto retira a folha de bananeira que cobre a iguaria. Parte ao meio. Uma colher cheia de vatapá recheia o espaço aberto entre as duas partes. Mais outra. Depois os camarões - enormes, secos e cobertos no dendê. Fecha tudo num embrulho de papel rosa.

- Tá aqui freguês. Próximo!


E mais uma cena no ritual de todos os dias da semana das baianas se repete. Já caiu no normal para pessoas que, como eu, não dispensam um acarajé ou um abará num final de tarde. Mas é uma cena linda. Linda porque é uma cena que só acontece aqui. Podem até tentar fazer acarajé em qualquer outro lugar do mundo, mas o original está aqui. Existem, por exemplo, réplicas da Torre Eiffel em Las Vegas, mas para ir à Torre Eiffel mesmo, só indo para Paris. E a Bahia é mágica por isso. Porque é original. Podem imitar o nosso carnaval, podem até convidar os mesmos cantores para o lugar que for, mas só vindo aqui para ver, por exemplo, Ivete, ou o Olodum, ou o Ilê, ou Daniela Mercury, no lugar onde tudo começou.

Sentei-me no barzinho, comi tudo, camarão por camarão. Enquanto eu comia, observava aquele cenário. A globalização está aí, a Internet está aí. Bush está aí. E Itapuã continua ali, intacta, ignorante do tempo, mergulhada em seu caos, em seus cheiros de marezia e dendê, distanciada dos avanços, dispersa, única nesse mundão de meu Deus.