Lapidações
Existem dias estressantes. Dias em que todas as questões do mundo convergem na sua direção. Você se sente como um imã que atrai os problemas alheios e é posto, involuntariamente, na posição de ouvinte e/ou apaziguador. São tarefas que a vida nos dá. E a sensação nessas horas é que você é uma esponja, pronta para, mesmo sem querer, absorver tudo. E é nesses instantes que muitas vezes, fracos, amaldiçoamos a vida. Digo fracos, porque geralmente nos falta visão de lince, ou a que sabe ver o que não está lá, ao alcance de olhos menos sensíveis. É a vida nos dando a oportunidade de ajudar, ou é a vida nos colocando em situações desconfortáveis, como faria alguém que nos quer ver perdidos?
Eu fico com a primeira opção. Quem tem amigos tem problemas, quem tem amigos tem que ter ouvidos limpos e bem treinados e calma na voz e tranqüilidade no olhar. Todos nós, sem exceção, somos postos em situações como as que eu vivi hoje - que aliás não foi uma, mas três - foram três momentos que tive de ouvir um amigo em apuros, dar conselho, 'pensar-junto-com'. Não é fácil, nem sei se me saí bem - nessas horas muitas vezes me sinto como uma criança de 7 anos cujos pais deixaram um bebê de 1 aninho sob a sua custódia. A reação mais natural nessas horas é 'tomar as dores' do outro, resultando num inevitável acoplamento de energias. O problema deixa de ser do amigo e passa a ser seu. E tudo indica que isso não ajuda. Nessas horas, distanciar-se parece ser a melhor forma de ajudar. Só olhos de fora podem, muitas vezes, perceber de forma clara o que se passa. Entendendo o ocorrido, vendo os fatos em perspectiva, a atenção agora volta-se para o quanto se fala, ao quanto se ouve, ao cuidado com as palavras e com a ética, porque você pode estar atingindo uma das partes - e isso é extremamente delicado quando as duas partes lhes são igualmente caras. É difícil, vocês sabem. Mas depois que a gente de fato se distancia e o tempo passa, fica bastante claro o objetivo do confronto. A tal da pedra no seu caminho estava ali por uma razão. Ela não surgiu sem fundamentos, ela não foi atraída por nenhum motivo. Você a convocou para estar ali, e ela veio.
(Depois que os ânimos se acalmam, retomamos a pedra nas mãos e, sedentos por uma resposta da vida, abrimos a palma direita e, num olhar, examinamos o que ali está, ávidos pela visão de um diamante recém-lapidado.)
Eu fico com a primeira opção. Quem tem amigos tem problemas, quem tem amigos tem que ter ouvidos limpos e bem treinados e calma na voz e tranqüilidade no olhar. Todos nós, sem exceção, somos postos em situações como as que eu vivi hoje - que aliás não foi uma, mas três - foram três momentos que tive de ouvir um amigo em apuros, dar conselho, 'pensar-junto-com'. Não é fácil, nem sei se me saí bem - nessas horas muitas vezes me sinto como uma criança de 7 anos cujos pais deixaram um bebê de 1 aninho sob a sua custódia. A reação mais natural nessas horas é 'tomar as dores' do outro, resultando num inevitável acoplamento de energias. O problema deixa de ser do amigo e passa a ser seu. E tudo indica que isso não ajuda. Nessas horas, distanciar-se parece ser a melhor forma de ajudar. Só olhos de fora podem, muitas vezes, perceber de forma clara o que se passa. Entendendo o ocorrido, vendo os fatos em perspectiva, a atenção agora volta-se para o quanto se fala, ao quanto se ouve, ao cuidado com as palavras e com a ética, porque você pode estar atingindo uma das partes - e isso é extremamente delicado quando as duas partes lhes são igualmente caras. É difícil, vocês sabem. Mas depois que a gente de fato se distancia e o tempo passa, fica bastante claro o objetivo do confronto. A tal da pedra no seu caminho estava ali por uma razão. Ela não surgiu sem fundamentos, ela não foi atraída por nenhum motivo. Você a convocou para estar ali, e ela veio.
(Depois que os ânimos se acalmam, retomamos a pedra nas mãos e, sedentos por uma resposta da vida, abrimos a palma direita e, num olhar, examinamos o que ali está, ávidos pela visão de um diamante recém-lapidado.)