[noivos]
Foi ao casamento, não era o noivo, não estava usando a fantasia, mas um paletó como todos os outros que assistiam dos bancos os dois mascarados no palco encenando o rito. Na festa quis uma menina, que não o quis, ficou triste, tá bem, vamos lá pra essa festa a fantasia, fazer o quê, ela não me quer, mas foi de paletó mesmo, e chegou na festa e viu uma outra menina toda de branco, grinalda, não era a noiva que tinha acabado de casar na festa em que estava, era a noiva da fantasia de seus sonhos. Em meio a tantos príncipes, fadas, aladdins, gregos e bruxas, ela era a única noiva, e ele, quando a viu, olhou para si mesmo e viu que estava tudo no plano, porque além das fadas e dos deuses mascarados, estava ele também com sua máscara de noivo não-planejada, a máscara que só é mascara porque ele estava entre outros mascarados, a máscara que ele vestira sem saber que era o passaporte para sua fantasia da noite, que fez dele o par perfeito para a noiva que vagava, sem buquê, entre os gregos, anjos, querubins, deuses e aladdins.
Pegou a mão da noiva e fez o pedido, não aquele para vida toda, afinal não trouxera os anéis e os convidados já andavam embriagados, mas o pedido de um beijo que pudesse durar a noite inteira, o beijo que se pede ao mesmo tempo em que se pede para tirar a máscara e, no caso deles não podia, porque era a máscara o passaporte para o altar, o palco onde se encenaria o sonho da noite.