[um reino que será]
Lá vai então ele de volta ao reino, onde as velhas pedras ainda estão no mesmo lugar, os tijolos ainda esperam as mãos que vão construir o castelo, a estação de trem, nunca inaugurada, espera a dama que virá no vagão de luxo, com seu vestido de princesa. Ele ainda vaga por terras desconhecidas em seu velho e potente cavalo branco, troca sempre o penacho para não perder o ar esbelto e vaga, vaga pelos arredores do seu reino ainda vazio, sem manetas, pernetas, súditos, nem rei. Há apenas a promessa de um reino, em cujo futuro sítio já corre um rio caudaloso e crescem árvores que um dia, como ele, serão centenárias. Ele está retornando, que mesmo sem nada, é lá a casa do príncipe, que ainda não mora, não vive, só respira o ar do seu reino, velho reino onde não moram traças nem habitam bolores, posto que é um reino apenas de passagem. Até que chegue o trem, por ordens expressas do príncipe, nada deverá ser construído no terreno vazio, que ainda não existe em nenhum mapa a não ser naquele que a princesa têm nas mãos sem saber que tocam as suas palmas as direções por onde devem ir seus passos na busca de seu próprio tesouro.