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quarta-feira, 27 de julho de 2005

Bem

Eu estaria bem, sim, mesmo que se partisse em pedaços esse mundo que me dá um chão e um céu estrelado, estaria bem assim, como estou hoje, mesmo se me fugissem, por completo, as palavras que prezo tanto e que são a mais importante ligação minha com o mundo, eu estaria bem, mesmo se a inspiração me faltasse, se me faltasse, com mais freqüência, o chão que piso e às vezes me deito, e se mais vezes durante o dia eu tivesse que ouvir uma voz muda dizer o meu nome.

Estaria bem se perdesse um, dois dias de sol e praia cheia, se perdesse um céu estrelado e tivesse de viver dentro da escuridão de uma noite, estaria bem, mesmo se me chegassem notícias tuas com atrasos de um ano, mesmo se batessem à minha porta à meia-noite, tirando o meu sono, mesmo se meu coração disparasse com qualquer carro que buzinasse à minha frente. Sim, eu mesmo assim estaria bem.

Estaria bem e intacto, mesmo se não tivesse um dólar para comprar um sonho, um ar para dar um espirro, um dedo para apontar o caminho através das estrelas. Estaria bem, mesmo se me dissesses a mentira para a qual sou surdo, mesmo se desfizessem em pó as palavras lindas que ouço de ti, mesmo se meus monstros guardados por trás da cortina verde resolvessem gritar. Estaria bem, mesmo que não me ligasses ao meio-dia, mesmo se de tua voz viesse um sonoro e automático não, mesmo se tirassem da fotografia a paisagem, eu estaria bem. Eu estaria bem se não houvesse os risos, os riscos, os cheiros, os barulhos, os gestos, as crenças, as vontades e as saudades que me partem em dois a cada dois dias, eu estaria bem mesmo com o interrogatório e as mentiras, estaria bem na ausência do poder declarado, do poder acabrunhado, do poder de cima do muro, que não sabe se vai ou se vem.

Estaria bem sem ti, mesmo longe e suspenso no ar, mesmo me entregando na bandeja o mínimo do que tens, estaria bem, sim, bem porque sei de onde é que vem o fluxo desta paz inexorável, desmedida, de fonte pura e incessante. Tenho as chaves do cofre onde mora a fonte de onde jorra essa energia que sentes. Mesmo na falência de tudo, mesmo se tudo faltasse, mesmo se tudo que quase tive escorresse, num oceano, por entre estas brechas de sonho que ainda deixo ao acordar, mesmo perdido na floresta negra e entregue aos uivos dos pássaros, mesmo entregue ao fluxo dessa água que me leva para-onde-nem-sei, mesmo preso, que fosse, num mundo onde não se visse a cor azul, permanece aqui, grudada aos meus dedos frios e finos a chave que abre o coração de onde jorra esse brilho que sai dos meus olhos e cruza com os teus.

Tenho tanto, que dá para mim e pra ti.