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quinta-feira, 28 de julho de 2005

Fafá, os gestos e os gritos

Não há como dizer que Fafá não é uma grande cantora, mas ela grita. E muito. Só não doem os ouvidos porque ela grita afinado, como convém a uma cantora com a sua história – trinta anos, comemorados com esse show em que homenageia a obra de Chico Buarque de Hollanda. Mas Fafá é alegria pura, simpatia, entrosamento político. Me lembro muito bem dela sentada em frente ao piano, chorando e cantando o Hino Nacional, meados dos anos 80, quando Tancredo Neves se foi e, com ele, – era esse o nosso medo - o sonho primeiro de uma democracia. Fafá sempre demonstrou essa alegria imensa, materializada na sua risada solta, gostosa de ouvir, mas ontem não acho que ela tenha conseguido encantar 100%. Pelo menos, não a amantes de Chico como nós (né, Buruco?). Ela mesma disse, no início ainda do espetáculo, que Chico era “simples e exato, o sonho de qualquer intérprete”. Fafá não é simples, nem exata. Ela é emoção aos gritos. Técnica, na maioria das vezes, é bem verdade, afinada, acho eu, com meu mero conhecimento de leigo, mas a música de Chico certamente não foi feita para ser interpretada, em alguns momentos, com tantos gestos óbvios (‘deixe em paz meu coração, que ele é um copo até aqui – gesto: mão direita na testa, formando um ângulo de 90º - de mágoa” ou “quando me cobiçou sem querer acertou na cabeça” – gesto: apontando para a cabeça com dedo indicador em riste), nem com tanta dança de salão – sim, ela deve ter tomado umas aulinhas, e não perdeu a chance de pô-las em prática ontem. Vamos concordar que ‘Gota D’Água’ não foi feita para ser dançada nem tão pouco interpretada aos passos de dança de salão, não é pessoal?

No mais, foi é divertido mesmo. Fui, sabendo o que me esperava – ou quase, admito. Ela é inegavelmente uma das nossas grandes cantoras e conseguiu, sim, me emocionar, principalmente quando cantou ‘Tanto Mar’ e ‘Angélica’, revivendo a Fafá politizada que ainda faz tanto sucesso no nosso imaginário. E fica uma idéia: quem sabe um show tipo “Fafá canta o Chico político” não fosse uma luva nas mãos dela?

(Cruzou-me os oceanos, cruzou-me os sentidos dormentes de sono, cruzou a perna, em peso quente, sobre mim, abriu-me a porta pela manhã deixando uma luz embriagante entrar pela proteção ínfima das minhas pálpebras, via a luz, sim, eu via. Banhando-se por completo, voltou com um beijo, outro sorriso e mais outro. Não sabia ainda se já estava acordado, se era tudo onirismo, lirismo dos sonhos, não sabia. Pôs a camisa das quintas-feiras, no punho os documentos importantes que lhe davam um nome e entrou na minha carruagem e partimos, afoitos para conhecer mais um dia.)