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quarta-feira, 1 de junho de 2005

Síndrome do Parisiense


- Vire à direita, agora à esquerda. Siga adiante. Agora por esse caminho. É mais seguro.

Acostumados que estamos com as sinalizações e placas no meio do caminho, indicando para onde devemos ou não devemos ir, perdemos a esperança da surpresa e optamos pelo mais certo, mais seguro, o concreto, o caminho onde não há pedras em falso ou cheias de limo. Esquecemos que uma cachoeira pode ser encontrada pelo barulho da água que jorra, que uma flor pode ser percebida de longe pelo cheiro que exala, que um olhar apaixonado pode ser sentido a cachoeiras de distância.

- Não preciso dos seus serviços, senhor. Gracias.

***

- Moço, o Ribeirão do Meio é pra lá ou pra cá? – perguntei ao rapaz, ainda dentro da cidade, apontando para a direita e para a esquerda.
- Quer um guia?
- Não preciso não. Pra que lado mesmo?
- Se não precisa de guia, meu amigo, então você mesmo se vira pra saber se é esquerda ou direita.

Estamos no centro de Lençóis, município da Chapada Diamantina, Bahia. E essa foi a primeira patada que levamos no local. A minha vontade foi de dizer a esse senhor que quem está precisando de um guia é ele. Um guia espiritual que lhe retire essa ganância do coração. Mas turista teimoso não é fácil. Descobrimos a direção certa e pé na estrada.
(...)

Andamos, andamos e andamos e chegamos, já em um lugar longe da cidade, em uma bifurcação, onde havia duas casas. Em uma delas, ninguém atendia – precisávamos nos certificar do caminho certo. Depois de quatro dias de aventura na Chapada, descer ou subir uma ladeira inutilmente é estressante. Vi um menino de mais ou menos dois anos em um velotrol, brincando no quintal de uma das casas.

- Ei menino! O Ribeirão do Meio é pra que lado? – admito que perdi a noção, querendo que ele soubesse a resposta.
- É pelo lado que a gente vai. – certíssimo o garoto. Não caberia indigná-lo.
- Seu pai tá aí?
- Tá no trabalho.
- E mamãe? Chama ela pra mim?

Educadíssimo e prestativo, o garoto foi chamar a mãe.

- Boa tarde, senhora... pra que lado fica o Ribeirão?
- Não vou te responder. Isso é um abuso.
- Como? A senhora não pode me dizer se é para lá ou para cá?
- Não.

E me deu as costas. Tive vontade de dizer a ela que não contamine o garotinho que tinha sido tão educado comigo - seria péssimo vê-lo crescer e se tornar um adulto como ela. Fiquei arrasado. Mas procurei entender a mulher: ela deve receber pelo menos umas dez visitas dessas por dia. Síndrome do parisiense, já ouviram falar? Turistofobia. Ou é isso, ou ela é mal-amada mesmo.

Mas como nada estraga um dia de luz e céu azul, encontramos o caminho e fomos felizes ralando a bunda no escorregador do Ribeirão.