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quarta-feira, 22 de junho de 2005

"Olha pro céu, meu amor..."

Apesar de apaixonado pelo carnaval, principalmente aqui em Salvador, onde cresci, vendo a festa nas ruas e a explosão de alegria e originalidade, eu não posso negar que São João, no meu coração, bate mais forte. Bate mais forte pela sensação de tradição, pela sensação de estar de volta às raízes que eu tanto prezo: raízes do Brasil e principalmente do Nordeste e, em um grau menor, mas muito mais importante, da minha família. Se o Natal é a festa-mãe da família, para mim o São João é a festa-pai. Não que eu tenha de passá-lo ao lado de meus familiares, mas, para mim, São João, apesar de ser uma tradição, uma herança européia transformada e adaptada pelos nossos ancestrais escravos, tem um frescor renovado, tem minha avó à beira do fogão pedindo ao meu avó para fazer a única coisa que ele sabe fazer na cozinha para ajudar nos preparativos da festa: cortar os cordõezinhos para amarrar a pamonha – e, diga-se de passagem, eu me sinto muito, muito orgulhoso por saber não só cortar os cordões, mas também amarrar uma pamonha como ninguém. Minha avó materna me ensinou a amarrar pamonha, e pretendo ensinar essa "arte" para os meus descendentes.

São João para mim tem, além do cheiro de pamonha misturado com pólvora, esse cheiro de tradição, de aconchego, de coisa simples, da roça, da terra. Sou averso às grandes festas de São João. Para mim, festa boa é aquela em que juntam-se amigos ao redor de uma fogueira, ouve-se Gonzagão – sim , ele nunca sai de moda – e assam-se milhos na fogueira, numa noite fresca regada a licor caseiro. Não falta mais nada se tiver tudo isso. Não precisa usar calcinha preta ou cueca branca, tomar mastruz com leite, chamar Calipso, ou beber limão com mel, e muito menos acarajé com não-sei-o-que-mais-lá. Esses excessos têm 'estragado' a festa no decorrer dos anos, deixando nostálgicos, como eu, cada vez mais refugiados.

Recuso-me a ouvir forró em uma época que não seja São João. Fazer isso, para mim, é igual a cantar ‘Noite Feliz’ em abril, por exemplo. Não sei de onde veio essa idéia de tornar o forró um ritmo para o ano todo, como fizeram com a lambada, só para citar uma dessas febres que já passaram. Aliás, eu sei sim: o comércio falou mais alto. Hoje eu ouvia a Metrópole FM e um cara, indignado, dizia que bastou Gonzagão morrer para esculhambarem a festa... em parte ele tem razão sim, infelizmente...

Se um dia o Nordeste se contagiar totalmente por esse forró meloso e não restar mais nem um cantinho no pé da serra, fale comigo, porque lá em Minas ainda tem alguns lugarzinhos onde a festa é como no meu, no seu sonho: fogueira, bandeirola, quadrilha de roupa de chita com os passos mais antigos e batidos – quase um carnaval de Olinda de tão tradicional – frio, quentão e gente simples.
Por incrível que pareça, o melhor São João que já passei na minha vida não foi um São João, mas um São Pedro e foi em Minas e não na Bahia.

Para vocês, nordestinos que me lêem, desejo um São João, não do jeito que eu gosto, mas do seu jeito, com quem você gosta e como você gosta. Para você, das outras partes do país onde sexta nem é feriado, só me resta fazer o convite e, se não puder aceitá-lo, ficam meus pêsames.

E Viva São João!!!!!
(Ausento-me por esses dias, porque baiano e nordestino arretado que sou, jamais ficarei na capital da Bahia nesta data, quando reinam a fumaça e a solidão. Vou para uma outra capital, menor e por isso mesmo mais animada. Na realidade, pouco importa para onde eu vou, mas com quem eu vou. É isso.)
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Na foto, São João Batista, mostrando um balão no céu.