[closer]

Fotografar coisas que geralmente passamos sem perceber é um exercício de sensibilidade. É um salto enorme: o que antes era pisado, ou ignorado, hoje é admirado, passa a ser objeto de encantamento, de busca, para enfim ser armazenado numa imagem que pode durar para sempre.
Lá em Rio de Contas, as pessoas não entendiam o que eu fazia a uma hora daquelas trepando, no bom sentido, por entre as margaridas, ou encostando tanto naqueles pés de mato. Custou um bom pacote de paciência ao meu amor, que teve de se recostar nas pedras, no meio das trilhas, para esperar que eu captasse mais uma imagem daquela florzinha minúscula. Em Conquista, eu fiz o teste: em uma volta no quarteirão, foram mais de 50 fotos. Fui numa Lan House – nesse mesmo quarteirão - descarregá-las e perguntei à dona do local se ela reconhecia onde haviam sido tiradas aquelas fotos. Ela não reconheceu.
Tenho aprendido o quanto andamos distraídos. De perto, realmente, Caetano, ninguém é normal. E ainda acrescento: somos quase ignorantes das nossas anormalidades.
(veja mais fotos no Lambe-lambe, ao lado)