<body><script type="text/javascript"> function setAttributeOnload(object, attribute, val) { if(window.addEventListener) { window.addEventListener('load', function(){ object[attribute] = val; }, false); } else { window.attachEvent('onload', function(){ object[attribute] = val; }); } } </script> <div id="navbar-iframe-container"></div> <script type="text/javascript" src="https://apis.google.com/js/platform.js"></script> <script type="text/javascript"> gapi.load("gapi.iframes:gapi.iframes.style.bubble", function() { if (gapi.iframes && gapi.iframes.getContext) { gapi.iframes.getContext().openChild({ url: 'https://www.blogger.com/navbar.g?targetBlogID\x3d8639429\x26blogName\x3dDi%C3%A1rio+Evolutivo\x26publishMode\x3dPUBLISH_MODE_BLOGSPOT\x26navbarType\x3dTAN\x26layoutType\x3dCLASSIC\x26searchRoot\x3dhttps://evoluirefluir.blogspot.com/search\x26blogLocale\x3dpt_BR\x26v\x3d2\x26homepageUrl\x3dhttp://evoluirefluir.blogspot.com/\x26vt\x3d-7690663095198134269', where: document.getElementById("navbar-iframe-container"), id: "navbar-iframe" }); } }); </script>







domingo, 5 de março de 2006

[até que nada os separe]

E ao final da cerimônia o padre não consagrou a união até que a morte separasse os pombinhos.

- Sabem lá vocês o que é acordar de manhã e ter de beijar a boca de uma pessoa que não se ama mais quando ela sequer escovou os dentes ainda? “Até que a morte os separe” pode ser um crime contra a busca da felicidade quando o amor acaba. E pode ser, igualmente, uma grande calúnia quando nem a morte consegue separar dois seres que se amam de verdade. Por isso, por mais que esse meu discurso possa escandalizar os religiosos mais conservadores, não os unirei até que a morte os separe.

E por aí foi o discurso do moderno padre da Igreja Brasileira – cujo nome jamais saberei, posto que ele saiu praticamente correndo para o próximo casamento - que casou Rita e Danilo ontem à noite, na casa de Vinícius de Moraes, em Itapuã. A casa ainda tem ecos dos versos do poetinha no ar, ecos antigos de suas clássicas músicas que foram captadas sabiamente na atmosfera do local por uma bela negra que entoava suavemente que pra sempre vou te amar, por toda a minha vida vou te amar, a cada despedida vou te amar.

Vinícius devia estar cochichando aos ouvidos do padre as palavras que diziam, como quem de improviso faz uma poesia falada, da necessidade de sempre dizer eu te amo, de sempre chorar e amar em cada despedida, de sempre lembrar, chorando de novo, daquela hora em que a noiva entrou pelo portal de flores, desconcertadamente andou pela passarela improvisada por cima da grama, encontrou o noivo aos prantos e, de tanto amor, esquivou-se do beijo na hora que ainda não era a hora final, decisiva. Não vai sair da memória de Vinícius - que com certeza estava sentado ali logo à frente, copo de uísque nas mãos e divertindo-se ao cochichar para o padre as palavras tão inspiradas - o momento em que o noivo pegou nas mãos o microfone e disse em alto e bom tom que o que eu mais quero nesse mundo todo é essa mulher como minha esposa.

Não vai sair da memória de Vinícius a hora em que um rapaz apaixonado, sentado ali, logo na frente, pertinho do sorriso dos noivos, chorou uma lágrima ao ver a presença tão forte do seu amor em três palavrinhas que piscavam na tela do celular. Não vai sair da memória o cheiro de poesia que emanava de tudo aquilo, o cheiro da chama que já apagou por não ser eterna, mas que de alguma forma ainda infinitamente dura no ar que mistura poesia e maresia, numa rima perfeita, suspensa, na casa do poetinha.