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quarta-feira, 22 de fevereiro de 2006

[dias de carne exposta]

Despiu-se inteira de si mesma. Sabia que os dias por vir seriam os dias de corpos desnudos e entrelaçados em gritarias de alegria, em desesperos indolores, em pulos mais altos que os pés podiam suportar no reencontro com o chão. Despiu-se do que havia nela, incrustado nessas longas horas que compõem os sisudos dias do ano. Despiu-se sem pudor, fechou com travas-de-chaves-perdidas as portas do armário e certificou-se de que usaria a fantasia guardada: a sua pele sem nada em cima. Eram seus seios, sua costas nuas, sua vagina coberta de pêlos – essa cobertura ela deixava, era de um cheiro que revelava a poucos, e por isso mesmo revelador em si mesmo -, tudo agora exposto, tudo agora em passos únicos e intensos com a sua mais real identidade, a que paradoxalmente escondia, mas que era a mais reveladora. Nesses seis dias que antecedem as cinzas, ela e os outros se desnudavam, se entrelaçavam, se tornavam corpos únicos, sob o olhar vibrante e invisível dessa coletânea sonora que toca indefinidamente como que por uma caixa de música, porém com amplificadores que regem a potência de uma alegria, e que obrigam, nela, uma nudez cada vez mais explícita.

Nesses dias de carne não falta, na alegria, o medo das cinzas.