[janus fala]

Vamos dizer que elas apenas balbuciam velhos sons que Janus expulsa, a milímetros, a cada dia e a cada instante de que são feitos os dias. Janus procura entender o passado, mas o rejeita veementemente, vê o futuro, mas o rejeita igualmente, porque Janus tem sede de agora, de respiração. Janus não respira no passado, nem no futuro. Janus respira do passado e do futuro, porque Janus não quer falsos e velhos ares, não quer respirar o hálito das velhas tortas, mas o hálito que emana dessas bocas que lhe cruzam agora, nesse mesmo instante.
Para Janus, o segredo da transitoriedade é sabê-la inexistente. Quando a vida é somente agora, entende-se que nada passa, nada foi, nada será. Tudo é.