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quinta-feira, 12 de maio de 2005

Posse

Estirava-se sobre o meu leito como se já fosse a sua casa, tomava posse dos meus dias, das minhas horas, dos meus costumes só meus, dos meus seres imaginários de estimação, punha a minha música - os meus gostos tocavam e vibravam no ar pela sua vontade -, pisava o meu chão deixando marcas, perfume inventado não havia, mas havia o rastro daquele cheiro que lhe emanava como nuvem ao redor, sabia das minhas horas, de quando o estômago pedia comida, sabia das escadas que subiam até mim e que eu, desavisado, descera em busca de um nada qualquer, sabia dos meus arquivos, nos meus livros punha seus dedos ávidos, buscava nos meus escritos o que me delatava, criava hipóteses sobre mim, escrevia teses inteiras sobre as minhas origens. Pegava as minhas mãos e, quirólogo, decifrava-lhes os sulcos, punha as cartas na mesa e apontava-me os símbolos. No céu, buscava a constelação de gêmeos e cria, inocente, que era aquele o meu limite. Abocanhou com fome feroz a hora certa da minha fome. A minha inspiração era sua, os meus dedos se sujavam agora apenas com o mel que eu punha à sua boca. Entrelaçou-se em mim sem piedade, tomando-me num susto que de susto não tinha nada porque havia a espera. Entrevou-se sobre a minha ausência, ria da minha aproximação e quanto mais próximo eu, mais eu decifrava aquele sorriso. Sabia que viera de um sonho, sabia que a sua origem era uma viagem. Sua origem era exata, atordoante. Atordoante, repito, de tão exata. Sabia dos meus segredos, das minhas alucinações noturnas, das minhas visitas proibidas ao mundo dos que sonham. O que sabia de mim era o que eu permitia e o que eu tentava esconder ou decifrar em mim mesmo. O passo à frente era o seu passo. Os binóculos que viam o que eu não via eram seus. A miopia era minha. A escuridão, nossa, mas de nós era eu o que não via nada à frente. Não acostumavam meus olhos àquela noite.