<body><script type="text/javascript"> function setAttributeOnload(object, attribute, val) { if(window.addEventListener) { window.addEventListener('load', function(){ object[attribute] = val; }, false); } else { window.attachEvent('onload', function(){ object[attribute] = val; }); } } </script> <div id="navbar-iframe-container"></div> <script type="text/javascript" src="https://apis.google.com/js/platform.js"></script> <script type="text/javascript"> gapi.load("gapi.iframes:gapi.iframes.style.bubble", function() { if (gapi.iframes && gapi.iframes.getContext) { gapi.iframes.getContext().openChild({ url: 'https://www.blogger.com/navbar.g?targetBlogID\x3d8639429\x26blogName\x3dDi%C3%A1rio+Evolutivo\x26publishMode\x3dPUBLISH_MODE_BLOGSPOT\x26navbarType\x3dTAN\x26layoutType\x3dCLASSIC\x26searchRoot\x3dhttps://evoluirefluir.blogspot.com/search\x26blogLocale\x3dpt_BR\x26v\x3d2\x26homepageUrl\x3dhttp://evoluirefluir.blogspot.com/\x26vt\x3d-7690663095198134269', where: document.getElementById("navbar-iframe-container"), id: "navbar-iframe" }); } }); </script>







quarta-feira, 5 de outubro de 2005

[a paixão segundo eu mesmo]




Fui vorazmente nela. Eu, ali, era o animal em busca da presa, e meus instintos diziam:

(o instinto fala perturbadora e imperceptivelmente)

mate, mas não coma, porque, definitivamente, não é de comer. Mas mate, mesmo que ela corra, mesmo que se encoste em cantos indevassáveis pelas quinas do tênis que agora está em suas mãos, mate-a. Mas não a coma, porque não é de comer. Ela, sim, pode te devorar pedaço por pedaço caso você vacile um segundo sequer. Portanto, lhe digo e repito: em um mínimo segundo, resolva a situação e mate-a. Repito: mate-a a sangue frio mesmo se necessário for. Apesar do medo que a faz correr, apesar de filha de Deus como você, ela, em um segundo, pode lhe dar o susto da sua vida. Reative-me - sou eu mesmo, o velho instinto primitivo que guarda há anos com toda força que você tem - e mate-a, irreparavelmente, para que ela não ouse mais retornar, não ouse mais te assustar em pesadelos ou em barulhos noturnos que só quem percebe é você mesmo, só quem crê é você mesmo. Eu não poderia fazer diferente disso: digo-te que mate, mate, mate, impiedosamente.
Vendo a barata morta ao chão, espedaçada, noto que era apenas uma velha, manca e caduca barata que tentou inutilmente correr, voar, encostar-se por entre as quinas enquanto ouvia o instinto que gritava - em palavras audíveis nessas horas somente às suas próprias vítimas -, e me subiram hormônios, me vi no tempo das cavernas, no tempo em que ainda se corria atrás da presa para destruí-la a pauladas e vi que no final das contas era apenas uma barata, uma velha barata que se perdera na escuridão da noite. Saíra para passear, talvez, no seu último ato instintivo.
E eu, de arma na mão, tremia, enojava-me, temia. E tudo por uma velha barata que agora nem sequer valia mais a pena, porque sua alma já subira aos céus ou descera aos infernos.

(eu e minhas baratas, meus instintos e minhas velhas recordações, eu e meu tênis sujo, velha arma para matar igualmente velhas baratas, eu e minha voz instintiva gritando aos meus ouvidos que é necessário, sim, exercitá-la, que não é só de sonhos em preto e branco que se vive, mas de sonhos com cores egóicas também, eu com minha velha criação de baratas mortas, velhas, despedaçadas, que já não dizem mais nada, não sentem mais nada, mas que aparecem, novas e surpreendentemente belas em sonhos antigos, eu com meu velho tênis na mão, tremendo, temendo, gritando nestas teclas pretas e velhas de idéias como as velhas e caducas baratas.)