[the inner sea]
Foi de vez que entrei no mar, desbravando sais dissolvidos, algas ainda vivas, outras já viúvas, mortas, e via meu velho barquinho ao longe, minha ilha flutuante, meu centro, meu pódio, meu trono. A cada braçada, a cada mergulho, mais distante ficava vertical e horizontalmente da terra firme, da terra que só terremotos desestabilizam. Entre o estável do chão que se pisa e o instável da fluida água e do barco, igualmente disperso, sobre ela, eu fiquei com o movediço, o móvel, o barco que flutua apesar de amarrado a mil pés por uma âncora robusta, e nele subi, eu mesmo etéreo e volúvel, em busca do ninar constante do mar e do ar que, davam-me dicas de sobrevivência meio a tempestades, quando a âncora sinaliza o deslize, anunciando momentos à deriva, sem rumo, sem nada adiante.